O falecimento do papa Francisco, anunciado oficialmente na segunda-feira, 21 de abril de 2025, reacendeu nas redes sociais uma série de especulações envolvendo interpretações de profecias escatológicas feitas pelo escritor e conferencista cristão Daniel Mastral a respeito do sucessor do papa.
Usuários voltaram a compartilhar trechos de uma entrevista concedida por Mastral em 2021, na qual ele previa que o sucessor do papa seria, segundo suas palavras, um “falso profeta” com papel central no cenário do fim dos tempos.
A entrevista em questão foi concedida ao podcast Inteligência Ltda, em 2021, três anos antes de sua morte. Na ocasião, Mastral fez referência ao capítulo 17 do livro de Apocalipse, texto bíblico que trata de uma visão profética envolvendo sete reis e uma mulher assentada sobre sete montes. Em sua interpretação, Roma representaria os sete montes, e a mulher seria símbolo de uma igreja corrompida.
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“Esse oitavo rei… tem uma pista. Diz que a mulher, ela está deitada sobre sete montes. Roma está sitiada sobre sete montes. A mulher [seria] a Igreja corrompida. A meretriz”, afirmou Mastral, fazendo alusão ao versículo 9 de Apocalipse 17.
Segundo ele, a contagem de papas deveria ser feita a partir do Tratado de Latrão, assinado em 11 de fevereiro de 1929, que reconheceu o Vaticano como Estado soberano. Com base nesse marco, Mastral considerava o sucessor de Francisco como o oitavo papa após o tratado, e também o papa de número 267 na história da Igreja.
“A partir do Tratado de Latrão começa uma contagem de papas”, explicou Mastral.
Ainda durante a entrevista, ele mencionou a soma dos dígitos do número 267 — dois, seis e sete — que totalizam 15, cuja soma posterior (1 + 5) resultaria em 6, número que Mastral associava simbolicamente ao “666”, conhecido no meio cristão como o número da besta, com base em Apocalipse 13:18.
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“Ele vai ser o falso profeta. Ele vai ser um membro da Igreja, que vai dar apoio ao anticristo, para trazer tudo o que ele falar como verdade, é importante ter o apoio da Igreja”, declarou.
A morte de Daniel Mastral
Daniel Mastral, cujo nome de batismo era Marcelo Ferreira, foi encontrado morto em agosto de 2024, em sua residência na região de Aldeia da Serra, em Barueri (SP). De acordo com informações divulgadas pela Polícia Civil de São Paulo (PCSP), vizinhos relataram ter ouvido um disparo momentos antes da chegada das autoridades. Ao chegarem, os agentes encontraram o corpo do escritor já sem vida, com um tiro na cabeça.
Segundo a apuração da PCSP, a principal linha de investigação apontou para suicídio, reforçada por um áudio enviado por Mastral a conhecidos momentos antes do ocorrido. O conteúdo da gravação não foi divulgado integralmente pelas autoridades.
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Daniel ganhou notoriedade no Brasil por sua obra Filho do Fogo, trilogia na qual relatava, em tom autobiográfico, sua suposta vivência em práticas ocultistas antes de se converter ao cristianismo evangélico. Ele dizia ter abandonado o satanismo ao se recusar a realizar um sacrifício humano, decisão que, segundo relatava, marcou o início de sua conversão.
Suas declarações sobre temas como espiritualidade, ocultismo, batalha espiritual e fim dos tempos sempre geraram ampla repercussão entre o público cristão, especialmente nas redes sociais e entre canais de conteúdo escatológico.
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Contexto bíblico e escatológico
O capítulo 17 de Apocalipse, citado por Mastral, é um dos trechos mais debatidos da escatologia cristã. Nele, o apóstolo João descreve uma visão simbólica envolvendo uma mulher vestida de púrpura, sentada sobre uma besta de sete cabeças, que muitos intérpretes associam a impérios e poderes religiosos ao longo da história. A imagem dos “sete montes” tem sido tradicionalmente associada à cidade de Roma por diversos comentaristas bíblicos.
No entanto, pastores e teólogos alertam que tais passagens devem ser interpretadas com cautela, considerando o caráter simbólico e profético do livro. Em declarações públicas, líderes evangélicos costumam reforçar a importância de não se construir doutrinas com base em interpretações individuais e isoladas, recomendando sempre o exame coletivo e pastoral das Escrituras (Atos 17:11).