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A Catedral de São Patrício, localizada no estado de Kachin, em Mianmar, foi destruída em um incêndio que, segundo relatos, teria sido provocado por soldados da junta militar nacionalista budista. O incidente ocorreu no contexto de ataques militares cada vez mais frequentes contra comunidades cristãs e locais religiosos em várias partes do país. A catedral, que representa um marco espiritual e cultural para os cristãos de Kachin, foi incendiada pouco antes das celebrações anuais do Dia de São Patrício, no último domingo. A informação foi confirmada pelo grupo de vigilância Christian Solidarity Worldwide, com sede no Reino Unido, e pela agência de notícias Fides, ligada ao Vaticano. O incêndio aconteceu por volta das 16h, na área de Banmaw, região de Kachin. Este ataque segue uma série de incidentes violentos contra a Igreja em Kachin, incluindo a destruição da residência do padre, dos escritórios diocesanos e de uma escola secundária em 26 de fevereiro. A junta militar, oficialmente chamada de Conselho de Administração Estatal, tem intensificado suas operações militares em áreas com grandes populações cristãs, como Kachin e Chin. Em fevereiro e março de 2025, outras igrejas também foram atacadas. Em 6 de fevereiro, a Igreja do Sagrado Coração, em Mindat, Estado de Chin, foi destruída por ataques aéreos. Em 3 de março, um ataque aéreo arrasou o centro pastoral da Igreja Católica de São Miguel, na Diocese de Banmaw, que abrange mais de 27.000 católicos. A Diocese de Banmaw, fundada em 2006 e liderada pelo Bispo Raymond Sumlut Gam, está situada em uma região montanhosa com uma população diversificada de mais de 407.000 pessoas. A área tem enfrentado crescente instabilidade desde o golpe militar de fevereiro de 2021, que desencadeou um conflito civil no país, conhecido oficialmente como Mianmar, mas também chamado de Birmânia. Os ataques militares, incluindo os aéreos, têm se concentrado em áreas civis e campos de deslocados internos, com especial foco em estados como Karen e Karenni, que abrigam muitas comunidades cristãs. Além de igrejas, mosteiros budistas e outros locais de culto também foram alvos, dentro de um padrão de retaliação contra comunidades acusadas de apoiar movimentos de resistência étnica. A escalada da violência coincide com a Operação 1027, lançada por grupos de resistência étnica, que visa combater o controle da junta militar. A operação resultou em invasões de centenas de bases militares da junta, um claro sinal da perda de controle da instituição sobre o território. De acordo com o grupo Humanitarian Aid Relief Trust, a operação gerou um lampejo de esperança para o movimento pró-democracia, mas provocou uma resposta brutal dos militares, que intensificaram seus esforços para suprimir a oposição. O estado de Shan tem sido palco de alguns dos confrontos mais pesados desde o golpe militar de 2021, segundo informações do The Christian Post. Embora a maioria da população de Mianmar seja birmanesa e budista, o país abriga diversas comunidades étnicas e religiosas, como as etnias Karen e Kachin, que têm grandes populações cristãs. Em Kachin, a maioria da população é cristã, e os militares veem essas regiões como alvos importantes em suas operações. A perseguição religiosa e étnica tem forçado muitas pessoas a fugir do país, buscando refúgio em países vizinhos, como Índia e Tailândia, ou em locais mais distantes, como os Estados Unidos e a Austrália. Muitos, no entanto, permanecem em campos de refugiados próximos à fronteira, enfrentando décadas de incerteza.

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