escatologia
O Terceiro Templo em Jerusalém
Estudo bíblico sobre a construção do Terceiro Templo em Jerusalém, Israel, suas dificuldades e as profecias bíblicas a respeito.
“Seja do Teu agrado, Eterno nosso Deus e Deus de nossos pais, que edifiques o Santuário [templo], brevemente em nossos dias, e nos faças participar da tua Lei. E lá servir-Te-emos com temor, como nos dias antigos e como nos anos passados.” (Sidur, livro de orações judaicas, p. 40.)
O povo judeu aguarda ansiosamente a construção do terceiro templo. O desejo e apoio a construção do santuário judaico no monte do templo tem aumentado entre os israelenses, sobretudo, entre os judeus ortodoxos.
Mas não é só entre os judeus que o apoio tem crescido, temos visto nos últimos anos um apoio massivo entre cristãos do mundo todo, de uma forma mais efetiva entre os evangélicos americanos. Com grandes somas em dinheiro para a confecção de todos os artefatos para o novo templo, como descritos rigorosamente no livro do Êxodo capítulos 25 a 40.
Em sua página oficial, o Instituto do Templo declara que: “desde sua criação em 2004 [site], tem se preocupado em trazer o assunto do Templo de volta à vanguarda do pensamento judaico, e promover a prática diária desse assunto”, não somente isso mas através de seu museu em Jerusalém todo equipado com belas pinturas ilustrativas que procuram retratar a época do templo.
Um livro se destaca: The Light of the Temple (A luz do templo) com a participação de diversos artistas e estudiosos, modernos e antigos, judeus e gentios, vindos de muitos países, incluindo Holanda, França, Inglaterra e Itália. O livro tem como propósito revelar todos os principais aspectos do templo e de seus serviços.
Chamam a atenção as vestes dos levitas, sacerdotes e do Sumo-Sacerdote com sua lâmina de ouro escrita: “Santidade ao Senhor” sobre a mitra; no entanto, nada é mais precioso que contemplar os utensílios do templo em tamanho real sobretudo a Arca da Aliança e a Menorá de ouro. Você ainda pode fazer um tour virtual no site do Instituto.
O Instituto do Templo criado em 1987 pelo rabino Yisrael Ariel está localizado no bairro judaico da cidade murada de Jerusalém perto do Muro das Lamentações (muro ocidental para os judeus). O trabalho do Instituto do Templo é: levar os judeus à “percepção de que o Templo é o centro da vida judaica e constitui uma conexão viva entre o povo de Israel e seu pai celestial” (Chaim Richman). Até mesmo a novilha vermelha de Números 19 necessária para santificar o templo já está pastando nos pastos verdejantes da Galiléia.
Vamos construir
Desde a destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C., a reconstrução do templo judaico não é só o desejo, é a oração como o dever de judeus conservadores, ortodoxos e nacionalistas. Várias tentativas foram feitas ao longo dos séculos, mas todas em vão.
O grande filósofo medieval Maimônides, em seu Código de Lei Judaica, argumentou que toda geração de judeus seria obrigada a reconstruí-lo se: o local do antigo templo fosse retomado; se um líder descendente de Davi pudesse ser encontrado e se os inimigos de Jerusalém fossem destruídos. O Instituto do Templo e outras organizações judaicas têm trabalhado para isso.
Entretanto, surge a pergunta: por que o povo judeu deveria reconstruir o templo? Para a realização de um sonho nacional do povo judeu; e porque seria o ponto de encontro para a herança religiosa e cultural da nação em termos práticos.
Com a independência de Israel (1948) e a conquista de Jerusalém (1967), o sonho de se reconstruir o templo judaico passou a ser vislumbrado por uma parcela de judeus entusiastas. Com a conquista de Jerusalém, o rabino Shlomo Goren, líder dos Fiéis do Monte do Templo, declarou:
“Tomamos a cidade de Deus. Estamos entrando na era messiânica para o povo judeu, e prometo ao mundo cristão que pelo que somos responsáveis, cuidaremos”; logo esse entusiasmo pela reconstrução do templo seria frustrado pelo governo de Israel.
As dificuldades para reconstruir
A grande decepção após a surpreendente vitória de Israel na guerra dos Seis Dias ocorreu no sábado, 17 de junho de 1967, quando o ministro da Defesa Moshe Dayan entrou na mesquita de Al-Aksa para uma reunião histórica. Num gesto de boa vontade, Dayan sentou-se no tapete de oração com cinco líderes do Conselho Muçulmano Supremo (Waqf) e devolveu o controle administrativo sobre o Monte do Templo ao Waqf (jordaniano).
Talvez com o real temor de que a modificação do status quo no Monte do Templo pudesse unir todos os países árabes e muçulmanos numa jihad para a libertação de Al-Quds, como é chamada Jerusalém pelos árabes.
Após essa decisão as orações dos judeus foram proibidas no Monte do Templo. Contudo o governo de Israel designou algumas áreas do Monte do Templo para explorar arqueologicamente. O topo do Monte do Templo, no entanto, local do Primeiro e Segundo Templos, foi entregue ao Waqf.
Atualmente, o Waqf permite aos turistas apenas um acesso muito limitado no Monte do Templo. Às vezes, apenas algumas horas por dia e, outras vezes, nenhum acesso. Quaisquer tentativas de judeus ou cristãos de orar, ler a Bíblia, cantar ou falar abertamente sobre sua fé são imediatamente reprimidas pelos guardas árabes.
Outra dificuldade encontrada pelos entusiastas do templo é a indiferença dos judeus seculares. O desafio agora é vencer o secularismo, que é predominante na liderança política em Israel, e presente entre parte da população, em especial os israelenses ateus.
Mais uma dificuldade, não menor, é definir onde reconstruir o templo de Salomão nos 140 mil metros quadrados do Monte do Templo. Ao lado do Domo da Rocha? O Dr. Asher Kaufman, de Israel, desenvolveu no final da década de 1970 uma teoria de que o templo estava no canto nordeste do Monte do Templo, formando uma linha reta de leste a oeste entre Monte das Oliveiras, a Porta Leste e o templo, seccionando precisamente pela metade a pequena cúpula no local do Santo dos Santos. Ele acredita que esse local seria o local natural mais alto no Monte do Templo onde o templo estaria (ICE E DEMY, 1999, p.52).
Essa posição ficou famosa entre alguns evangélicos americanos como uma solução que ultrapassaria os problemas políticos associados à reconstrução do templo. Alguns sugeriram que, se o local do Norte estiver correto, o templo poderia ser construído sem atrapalhar o domo da Rocha (ICE E DEMY, 1999, p.54).
Ou poderia ser exatamente no lugar do Domo da Rocha, local tradicionalmente defendido pela maior parte dos arqueólogos e dos ortodoxos. Dan Bahat diz claramente: “Afirmo com convicção que o templo estava exatamente onde o Domo da Rocha está hoje no monte do templo. Quero dizer explícita e claramente que acreditamos que a rocha sob o Domo é o local exato do Santo dos Santos. O templo estava exatamente no lugar onde o Domo está. A “Pedra Fundamental” é realmente aquela Rocha que abrangia o Santo dos Santos”.
Chaim Richman, do Instituto do Templo, diz: Temos uma tradição, que foi passada diretamente pelos nossos antepassados, de que a rocha, a pedra sob o Domo da Rocha, é a pedra fundamental (apud ICE E DEMY, 1999, p.55).
Como defesa para os que apoiam que o templo deve ser construído ao lado da chamada Mesquita de Omar (outro nome para o Domo da Rocha), temos o exemplo em Israel no qual judeus e muçulmanos conduzem suas orações lado a lado na caverna de Macpela, local dos túmulos dos patriarcas e matriarcas na cidade de Hebron.
Já para quem defende que é no lugar do Domo, para especialistas em mega construções a transferência do Domo da Rocha para outro lugar qualquer, no monte do templo ou em Meca, não seria impossível.
Só falta decidir o lugar do templo, e ter um acordo com o governo jordaniano e palestino quanto a construção e o uso do santuário no Monte do Templo.
Outra pergunta que surge é a seguinte: o templo pode existir antes do advento do Messias? Como escreveu Maimônides, em sua clássica Carta sobre Perseguição Religiosa, “Nenhum dos mandamentos da Torá depende da chegada do Messias”. O Talmude de Jerusalém também apoia essa ideia: “O [terceiro] Templo Sagrado será no futuro restabelecido antes do estabelecimento do Reino de Davi”. (Ma’aser Sheni, 29).
A escatologia judaica
Para a escatologia judaica, as profecias do futuro templo tornaram-se a bandeira e o arauto para os habitantes cansados da guerra e em busca da paz. Dentro desta visão considera-se Jerusalém como o centro espiritual e fonte de luz e inspiração para toda a humanidade, para tanto se apoiam no que declarou o profeta Ageu:
“A glória desta última casa será maior que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag.2:9).
Esta tem sido a interpretação rabínica e a expectativa profética dos judeus entusiastas do templo. E o tempo escatológico é agora, como declarou o Rabino Yisrael Ariel: “Que o Templo seja reconstruído rapidamente, em nossos dias!”.
Para os intérpretes judeus, os profetas contemplaram o fundamento do estado moderno de Israel e as vitórias milagrosas que Deus deu ao povo de Israel contra seus inimigos; a reunião do povo de Israel de todo o mundo na Terra Prometida; a libertação e consagração do Monte do Templo e a construção do Terceiro Templo.
O passo final visto pelos profetas é a vinda do rei de Israel, o Messias: “Jerusalém é a luz do mundo … e quem é a luz de Jerusalém? O Santo, bendito seja Ele” (Bereshit Rabbah 59.8).
A escatologia do Novo Testamento
A Escatologia do Novo Testamento sobre a possível construção de um terceiro templo judaico em Jerusalém está inferida em pelo menos três porções proféticas, sendo elas: Mateus 24:15-16; II Tessalonicenses 2:3-4 e Apocalipse 11:1-2; junta-se a elas a porção de Daniel 9:27; 11:31; 12:11.
Em Daniel 9:27, o profeta refere-se aos eventos finais da última semana da chamada “70 Semanas de Daniel” (Dn.9:24), em que o pronome “ele” diz respeito ao “príncipe que há de vir”, conhecido no Novo Testamento como o Anticristo (Antimessias): “e ele firmará aliança com muitos por uma semana”, uma referência ao povo judeu (Dn.9:24). Essa “semana” citada é uma semana de anos, em que “na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação”, afirmação que aponta para a existência de um templo em funcionamento em Jerusalém nos últimos dias.
A vinda desse príncipe, o pequeno chifre (Dn.7:8), trará profanação ao templo e perseguição violenta contra o povo judeu: “e sobre a asa das abominações virá o assolador”; enquanto a expressão: “e isso até à consumação” aponta para a volta vitoriosa do Messias (Dn.2:35,45); com o fim da septuagésima semana virá juízo sobre o assolador: “e o que está determinado será derramado sobre o assolador”.
Ainda em Daniel 11:31, para corroborar com a presença de um templo judaico reconstruído em Jerusalém, é dito que o Anticristo profanará o santuário e cessará o sacrifício contínuo, a partir desse tenebroso evento, começará a contar os últimos três anos e meio, ou mil duzentos e noventa dias (Dn.12:11).
A prova de que essa semana final ainda não se cumpriu na história está no fato de Cristo definitivamente relacionar esses importantes eventos com sua segunda vinda (Mt 24:6,15-16).
Para o comentarista Tim LaHaye:
“Em muitos aspectos, estes versículos se referem a Antíoco Epifânio, um dos mais perversos reis daquele período. É a respeito de seus exércitos que Daniel diz que “profanarão o santuário […] tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora” (11:31).
Esta é uma porção muito enigmática, pois Jesus se referiu a isto em Mateus 24:15, como algo ainda futuro. Por essa razão, muitos estudiosos de profecia creem que esta predição específica tem referência dupla. Antíoco, de fato, se encaixa na descrição desta profecia, pois ele, em seus dias, profanou o templo ao sacrificar uma porca e derramar seu sangue sobre o santo altar em 168 a.C. Mas um evento semelhante se dará durante o período da tribulação, quando o Anticristo profanar o templo e afirmar que é Deus. (LAHAYE, 2006, p.780).
Scofield diz que:
“Consequentemente, entre a 69ª e a 70ª deve ser colocado todo o período da Igreja, estabelecida no N.T., mas não revelada no A.T.. Segundo a interpretação dos Pais da Igreja, a última das 70 semanas se encontra no final desta era. Quando a septuagésima semana era mencionada durante os dois primeiros séculos e meio da era cristã, quase sempre era atribuída ao fim dos tempos. Segundo Irineu, o anticristo aparece no final desta era, na última semana, na verdade, ele afirma que o período da tirania do anticristo durará somente a metade da semana, ou seja, 3 anos e seis meses. Da mesma maneira, Hipólito declara que Daniel “indica a manifestação dos sete anos que terá lugar nos últimos tempos”” (apud SCOFIELD, 2009, p.778).
O apóstolo Paulo fala da manifestação do Anticristo como “o homem do pecado” e “o filho da perdição”, querendo ser adorado, para isto ele “se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2:3-4).
Por isso, o terceiro templo também é conhecido como o templo da Tribulação e o templo do Anticristo. Conforme João em Apocalipse, haverá um templo com altar e adoração construído pelos judeus ortodoxos para o período da Tribulação (Ap 11:1). Esse templo será profanado pelo anticristo e pisado pelos gentios:
“E deixa o átrio que está fora do templo, e não o meças; porque foi dado às nações, e pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses” (Ap.11:2).
O domínio do Anticristo não durará para sempre sobre o Monte do Templo pois ele será interrompido pelo advento do Messias, o qual o destruirá e finalmente estabelecerá o seu reino em Jerusalém e sobre toda a terra.
Como escreveu o poeta Uri Zvi Greenberg:
“Israel sem o Monte – não é Israel. Quem controla o Monte, controla a terra de Israel”.
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