opinião
Tudo como dantes no quartel de Abrantes
Presidencialismo de coalizão nunca ajudou o povo, mas sempre agradou os “donos do poder”.
Uma das necessárias habilidades do Imperador Dom Pedro II era a de prever eventos futuros e, como um sagaz enxadrista, antecipar-se a eles.
Embora o Imperador figurasse como Líder Máximo do país, era compelido a respeitar a opinião do Parlamento, sob pena de parecer um déspota. Nessa senda, à medida que as eleições para o Congresso se consolidavam à cada legislatura, a “dança das cadeiras” no Executivo acompanhava a melodia dessa velha valsa política.
Nesse cenário, havia dois grupos que se digladiavam pelo poder da época: conservadores e liberais. Dentre os conservadores estava o próprio Imperador.
Importante destacar que, no contexto da época, esses grupos não tinham seu viés ideológico nos costumes, mas tão somente quanto a aspectos econômicos, ou seja, eram conservadores e liberais com relação a assuntos econômicos.
Após uma série de medidas que travaram a economia protagonizadas pelos conservadores (crédito estatizado, juros altos, controle governamental dos bancos e administração centralizada), os liberais ganharam de forma avassaladora, em 1860, as eleições para o Congresso (Os Conservadores dominavam o Legislativo desde 1848), formando esmagadora maioria no Legislativo brasileiro.
Ora, como o compasso dessa sinfonia era cadenciado pela maioria dos parlamentares eleitos (ora Conservadores, ora Liberais), os Liberais logo se alegraram pela “certeza” de que iriam ocupar os Ministérios do Executivo e implantar sua política econômica de comércio e concorrência livres.
Coitadinhos deles! O que ninguém esperava era que, inobstante a repetição cartesiana dessa “formula” mágica do poder fosse uma realidade, o Imperador viesse a dar um “chapéu” nos Liberais, posando de próprio Liberal (é dessa habilidade que me referi no 1º parágrafo). Isso mesmo: ele fingiu atender aos Liberais ao tempo em que lhes dava uma rasteira.
Explico: Dom Pedro II, sem consultar o Legislativo, incumbiu o Marques de Caxias (futuro Duque de Caxias), então Conservador, mas sem estar ligado ao grupo dirigente do partido, a formar um gabinete ao seu modo.
O tiro “saiu pela culatra”. Os Congressistas de maioria Liberal, como nunca antes, decidiram que era necessário limitar os poderes do Imperador.
Ato contínuo, um “racha” acabou acontecendo no partido Conservador. Alguns Conservadores de “carteirinha”, misteriosamente, decidiram se intitular “moderados”, e não mais Conservadores. Que coisa, não?
Mas não para por aí não. Tudo tem uma razão…
Dom Pedro II, aproveitando a “oportunidade” que surgiu ou que foi “surgida” por ele, derrubou o antigo gabinete formado por Caxias e nomeou como Ministros justamente os noviços moderados.
O Imperador então convocou o Deputado Zacarias de Góes Vasconcelos para chefiar o gabinete. O que ele era? Por pura coincidência, era um antigo Conservador e agora novel “moderado”. Dom Pedro II só fez isso para dar uma satisfação aos Liberais, querendo passar a mensagem de que “não” estava nomeando Conservadores para os Ministérios, já que o Congresso era formado por maioria Liberal.
O problema é que o “moderado” Zacarias de Góes Vasconcelos quis nomear para a economia justamente um Liberal puro sangue: Sousa Franco, que já tinha sido Ministro da Fazenda e era amigo íntimo de um dos maiores desafetos do Imperador: o Barão de Mauá. O Imperador não gostou muito da ideia e logo vetou a indicação.
As coisas iriam ficar ainda mais animadas… Logo no segundo dia de Governo, Dom Pedro II criou uma celeuma sobre uma questão secundária votada no Congresso, apontando que se tratara, na verdade, de uma derrota do novo gabinete, o que ensejou a demissão de todos os Ministros, nomeados há apenas 2 dias. Tal gabinete ficou conhecido como “Gabinete dos Anjinhos” (sugestivo, não?).
Agora sim o Imperador move suas peças em direção ao “Xeque-Mate”. Dom Pedro II chamou o Sr. Marquês de Olinda, Conservador há 25 anos e “moderado” há apenas 1 semana para chefiar o novo gabinete de Ministros que deveria ser nomeado.
Desta forma, Dom Pedro II “calava” o discurso dos Liberais, já que não nomeara Conservadores declarados e, ao mesmo tempo, nomeava Conservadores de longa data, embora se declarassem moderados, mas com o coração mais Conservador do que nunca.
O sortudo Marquês de Olinda tratou logo de formar um Ministério com “velhos amigos de outrora”, todos Conservadores, quer dizer, “moderados”. Tal gabinete ficou conhecido como “Gabinete dos Velhos” (por que será?).
E é aí que surge o personagem do título deste artigo. Advinha quem foi nomeado para chefiar a economia como Ministro da Fazenda? Foi um tal de Marquês de Abrantes. É isso mesmo…
Como no fundo o que o Imperador queria era que nada mudasse com as novas mudanças, o velho Marquês de Abrantes, que deveria representar uma nova política econômica, não queria saber de nada novo, afinal, tudo deveria continuar como d’antes no quartel de Abrantes (sim, essa é a origem da frase).
Portanto, o novo não era tão novo, e o velho continuou no poder, mantendo tudo d’antes no quartel de Abrantes.
O que podemos aprender com isso tudo é que o Presidencialismo de Coalizão, que já ocorria desde os tempos imperiais, nunca trouxe qualquer benefício à nossa nação. Atender aos interesses puramente políticos, cujo fim era simplesmente agradar o Legislativo e os atuais “Donos do Poder” se mostrou como uma das mais violentas e nefastas receitas contra o Progresso do Brasil.
A última coisa em que se pensava era no interesse público, ou seja, em Ministros que eram especialistas em suas áreas e que serviriam aos interesses de todo o povo e ao Progresso do Brasil.
Ao que parece, os velhos paradigmas tão consolidados desde épocas longínquas (concretizados no Presidencialismo de Coalizão) vêm sendo recentemente quebrados, o que faz com que a esperança de dias melhores volte a arrefecer os nossos corações, afinal, é o Interesse Público e bem do povo brasileiro que devem prevalecer em nossa Democracia! Somente assim, seremos um país do tamanho que merecemos!
Que Deus abençoe nossa nação!
Referência: CALDEIRA, Jorge. Barão de Mauá: Empresário do Império. Companhia das Letras: São Paulo. 1995. 557 p.
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