estudos bíblicos
A degeneração da liderança sacerdotal
Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 4 do trimestre sobre “O Governo Divino em Mãos Humanas – Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel”.
II. A sentença do juízo de Deus
1. A experiência profética de Samuel
Enquanto o texto de 1Samuel, capítulo 2, descreve os pecados dos filhos de Eli, os escândalos públicos e a sentença dada pelo profeta anônimo, no meio disso o autor bíblico insere um versículo, como que uma nota de rodapé: “E o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do SENHOR e dos homens” (v. 26). Que belo contraste!
Samuel foi mesmo uma lâmpada que Deus acendeu em meio à escuridão espiritual que pairava sobre Israel. Se a liderança sacerdotal da casa de Eli se degenerava, o menino Samuel “crescia”; se a má fama dos filhos de Eli se disseminava por todo o povo, o menino Samuel ganhava o favor do Senhor e conquistava o respeito “dos homens” de Israel. Samuel ia na contramão da iniquidade predominante e por isso soube chegar ao centro da vontade de Deus, enquanto que a casa de Eli precipitou-se num abismo de imoralidade, degradação e condenação!
Foi ao menino Samuel que Deus concedeu a confirmação da derrocada da casa de Eli, como já havia anunciado antes pela boca do profeta anônimo. Quando os adultos fazem surdos os seus ouvidos para não ouvir o chamado do Senhor, Deus se revela às crianças. Mas quão terrível é, quando Deus usa a boca de uma criança para dar o veredicto de condenação aos adultos obstinados em seus erros! E como é vergonhoso para lideranças da Casa do Senhor que as crianças demonstrem maior sensibilidade à voz de Deus, mais pureza em suas obras e mais reverência pelas coisas santas do que aqueles que deveriam servir como mentores espirituais para elas! Oro para que o Senhor levante outros meninos como Samuel em nossos dias.
2. A sentença pronunciada
No terceiro capítulo de 1Samuel, vemos que a primeira revelação de Samuel veio com sabor amargo, pois tratava-se da sentença final e irremediável para a casa de Eli: “Porque eu já disse a ele [Eli] que julgarei a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque os seus filhos trouxeram maldição sobre si, e ele não os repreendeu. Portanto, jurei à casa de Eli que a sua iniquidade nunca será expiada, nem com sacrifício, nem com oferta de cereais” (vv. 13-14).
A revelação de Deus para Samuel não mais chamava Eli e seus filhos ao arrependimento; não tinha mais qualquer promessa de restauração condicional ao retorno à vontade de Deus; apenas uma sentença, um ultimato… a condenação! O sacerdócio seria retirado da família de Eli e ponto final. O limite, se assim podemos dizer, da longanimidade de Deus já havia sido alcançado e fazer a família de Eli sofrer o castigo de seus pecados era agora apenas uma questão de tempo e de etapas.
3. A desgraça da família de Eli
É inusitado perceber que a uma família sacerdotal marcada pela gula, o Senhor tenha dado a sentença de fome e mendicância, como está escrito: “E todo aquele que restar da sua casa virá a inclinar-se diante dele [do ungido de Deus que viria] para obter uma moeda de prata e um bocado de pão” (1Sm 2.36). Aqui está a predição de que os últimos descendentes de Eli, demovidos do sacerdócio, viriam a mendigar pão ao rei para não morrerem de fome. A miséria é não raro um terrível castigo de Deus para os que não sabem reconhece-lo Senhor de seus bens. Como declara Jesus: “Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome” (Lc 6.25).
Mas não só a destituição da família sacerdotal e a mendicância seriam castigos para os descendentes de Eli, também a própria morte dos seus filhos é prenunciada: “ambos morrerão no mesmo dia” (1Sm 2.34). Isso de fato logo aconteceu, quando os filisteus venceram Israel em sucessivas batalhas, tomaram a arca da aliança (que era um símbolo, mas não garantia, da presença de Deus!), e “os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, foram mortos” (3.11).
Como já não bastasse tamanha desgraça, o Senhor mostrou-se “terrível” para com a família de Eli: o próprio Eli, cego, velho e pesado, tomando conhecimento da morte dos filhos e do sequestro da arca da aliança, “caiu da cadeira para trás, junto ao portão da cidade, quebrou o pescoço e morreu” (4.12-18). Que triste fim para um homem de tão elevada posição espiritual sobre Israel!
Mas ainda tinha mais: a nora de Eli, e mulher de Fineias, estava grávida naquela ocasião. Sendo informada da morte do marido e do sogro e da tomada da arca pelos filisteus, veio a dará luz ao filho, em meio a dores terríveis que levaram-na a morte. Antes dos últimos suspiros, porém, em meio ao sofrimento do parto, ela deu ao filho o nome de Icabô, porque, como ela mesma disse, “Foi-se a glória de Israel” (Icabô em hebraico quer dizer justamente isso: não há glória).
Pai, filhos e nora, além de um número incalculável de israelitas que caíram diante dos filisteus… todos mortos em consequência da degeneração da liderança sacerdotal de Israel. Como o Senhor mesmo havia prenunciado: “honrarei aqueles que me honram, porém desprezarei os que me desprezam” (2.30). O Senhor fala, o Senhor cumpre; para bem, ou para mal, ele cumpre.
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