estudos bíblicos
A degeneração da liderança sacerdotal
Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 4 do trimestre sobre “O Governo Divino em Mãos Humanas – Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel”.
III. As consequências do pecado
1. O preço do pecado
A queda da família sacerdotal de Eli é um claro exemplo de que ninguém e nenhuma família, seja quem for, é tão grande e importante, que não possa sucumbir em razão do pecado deliberado contra Deus e da falta de disciplina espiritual. Nem pastor, nem pregador, nem teólogo, nem escritor, nem professor da EBD… Ninguém permanecerá de pé na presença de Deus se viver encurvado para a prática do pecado! Ainda que sua fama seja grande, será derrubada! Ainda que seu nome seja importante, será abatido! Ainda que tenha recebido de Deus proeminência no ministério, será arrancado e lançado fora se não produzir os “frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.8).
Tão forte e verdadeira é esta mensagem que até o apóstolo Paulo declara: “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1Co 9.27). O pecado realmente não compensa, pois sua presença irretratável nos desqualifica para o ministério e para a vida eterna! O gozo do pecado dura só um momento, legando-nos vergonha, desprezo e sofrimento. Como disse Salomão, são caminhos que a princípio parecem bons, mas seu fim é de morte. Que Deus nos guarde do vício no pecado! Que Deus liberte nossas almas de grilhões do engano, da malícia e da imoralidade! Que Deus nos prenda a Si com cordas de santidade e laços e fidelidade!
2. Os males da falta de repreensão
Dois provérbios de Salomão fazem todo sentido ao nosso estudo de hoje: “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe” (Pv 29.15), e “Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma” (Pv 29.17).
Claro que os filhos de Eli já não eram mais crianças, entretanto, como pai e líder sacerdotal sobre eles, cabia a Eli repreendê-los severamente, censurá-los e afastá-los do serviço santo em razão de seus atos pecaminosos e escandalosos. Veja a reforma espiritual que o rei Asa promoveu em Judá: até mesmo sua mãe, que outrora havia promovido idolatria e paganismo entre o povo do Senhor, veio a ser destituída de sua posição de “rainha-mãe”, para que não mais influenciasse Judá ao pecado (1Re 15.13). A própria mãe foi colocada sob disciplina por um rei fiel a Deus! Não poderia, antes, Eli ter feito o mesmo com seus filhos?
Faltou a Eli usar a “vara e a repreensão”, para livrar a sua alma e a alma de seus filhos da terrível punição divina. Se houvesse castigado os filhos, teria descanso em sua velhice e se deliciado em sua alma com a glória de Deus manifesta em Israel, inclusive protegendo o povo contra os ataques dos filisteus. A indisciplina, porém, foi como um abismo chamando outro abismo…
3. Pecados voluntários e deliberados não têm perdão
Na verdade, há perdão para pecados voluntários e deliberados. Se não fosse assim, “nenhuma carne se salvaria”, já que muitos dos pecados que cometemos, cometemos conscientemente. Mentimos, invejamos, odiamos, cobiçamos, tramamos contra pessoas, e não é sem iluminação do Espírito e sem convicção de pecado que fazemos isso, é deliberadamente mesmo! Todavia, como está escrito: “não pequeis, mas se pecardes, tendes um advogado…” (1Jo 2.1), e “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Há misericórdia de Deus para quem confessa e abandona o pecado, demonstrando um sincero desejo de não cometê-lo outra vez para não ofender ao Senhor (Pv 28.13).
Porém, como adverte a carta aos Hebreus, o pecado deliberado, isto é, consciente e proposital, pode fazer-se não mais acompanhar de expiação, se o transgressor persistir em ignorar a voz do Espírito que lhe chama ao arrependimento (Hb 10.26-29; 3.7,8). O pecado consciente e persistente causa endurecimento do coração contra a ação transformadora do Espírito Santo, e se o crente não tratar disso, pouco a pouco sua mente vai se fechando para a graça, sua mente vai ficando insensível para os apelos da pregação, seu coração vai se petrificando para o arrependimento e sua alma vai se precipitando no abismo, até que, após várias repreensões, seja destruído repentinamente e irremediavelmente! (Pv 29.1)
Que tristeza! Quando o pecado e a indisciplina persistem de modo irretratável, ainda mais na vida daqueles que conhecem a Deus e a sua Palavra e foram alçados à posições importantes de liderança na Casa do Senhor, não resta mais misericórdia senão juízo!
Conclusão
Não nos esqueçamos que a nós, povo do Senhor, Deus nos constituiu reino sacerdotal (1Pe 2.9; Ap 5.10). Logo, temos igual obrigação a que fora dada aos sacerdotes no Antigo Testamento: vivermos em santidade para que Deus seja exaltado em nós e através de nós! Zelemos pelo nome do Senhor e respondamos positivamente à sua graça que em nós opera. Sirvamos ao Senhor reverentemente para que os homens nos considerem ministros de Deus, embaixadores de Cristo, sal da terra e luz do mundo!
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