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estudos bíblicos

A mordomia da família

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 4 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.

em

II. A mordomia da família

1. Princípios que regem o casamento cristão

Em três versículos, proferidos por Jesus, podemos estabelecer os quatro princípios básicos de um casamento legitimado por Deus. Atente para os destaques:

“Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem (Mt 19.4-6)

O padrão divino para o casamento é aquele instituído no Éden, que foi ratificado por Jesus, e que tem essas quatro características:

1.1. Heterossexual: por três vezes o caráter heterossexual (isto é, entre cônjuges de sexos diferentes) é reafirmado nesse breve texto bíblico, conforme colocado por Jesus: a) “macho e fêmea”, b) “pai e mãe”, c) “homem e mulher”. Igrejas inclusivas que celebram casamentos gays ou dão sua benção para adoção de crianças por casais homossexuais caíram em apostasia, renunciaram ao Evangelho genuíno e se conformaram com o presente século ao invés de transformarem-se (Rm 12.2) e de salgarem o mundo preservando-o da corrupção espiritual e moral (Mt 5.13). Podem até dizer “Senhor! Senhor!”, mas não estão fazendo a vontade do Pai! (Mt 7.21)

1.2. Monogâmico: “o homem se unirá a sua mulher”. Na perspectiva de Cristo, cada marido deve estar ligado à sua própria esposa, não às “suas mulheres” nem às “outras mulheres”. A despeito de no passado e em culturas orientais homens chamados por Deus terem vivido a bigamia ou poligamia, o padrão divino instituído no Éden e reafirmado por Cristo (e por seus apóstolos) é o do casamento entre duas pessoas apenas, não três, nem quatro! Em Cristo, esgotou-se o tempo da tolerância para com a poligamia. O mandamento neotestamentário é claro como a luz do sol: “…cada um em particular, ame a sua própria mulher…” (Ef 5.33)

1.3. Monossomático: “serão dois numa só carne” (em grego, mono = um / soma = corpo). A conjunção carnal é reservada para o casamento legítimo entre um homem e uma mulher, para o desfruto do prazer e para a procriação. Fazer-se “um só corpo” com outra pessoa fora dessa relação, é cometer abominação aos olhos do Senhor (1Co 6.16). E negar injustificadamente ao cônjuge o devido direito sobre seu corpo, é também cometer pecado diante de Deus contra o cônjuge (1Co 7.3,5). Muitos casamentos estão em crise e outros estão abrindo as brechas para a traição e o divórcio, porque os cônjuges não estão se correspondendo no prazer sexual (o que é incrível, visto que quando namorados viviam inflamados!).

Quanto aos casais de namorados que publicam lindas fotos nas redes sociais com a legenda “o que Deus uniu não separe o homem”, gostaria de lembrar-lhes que a união a que este texto bíblico se refere é o casamento e não o namoro. É a união de dois corpos em uma só carne, o aspecto monossomático do casamento. Esta união ou conjunção carnal fora do casamento é prostituição; dentro do casamento, é benção.

1.4. Indissolúvel: “o que Deus ajuntou não o separe o homem”. O casamento não foi feito para se dissolver senão por meio da morte. Quem dera homens e mulheres fossem fiéis aos seus votos de fidelidade eterna “na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na fartura e na escassez, na saúde e na doença…”! Nem mesmo a escassez de amor deve motivar o fim do casamento, antes o compromisso de fidelidade firmado entre ambos deve exercitar o coração na busca do amor que se perdeu.

É óbvio que a paixão do namoro não será a mesma no casamento, pois como dizia C.S. Lewis, a paixão foi apenas a ignição que deu partida no motor do amor [2] – e é este amor que, amadurecido pelo tempo e pela vida a dois, deverá permanecer funcionando; e caso ele comece a falhar no percurso da vida, deverá passar por manutenção para que continue funcionando ao invés de ser descartado.

2. A prioridade da família

Algumas pessoas interpretam mal as palavras de Jesus quando disse “buscai primeiro o reino de Deus” (Mt 6.33), e acham que com isso Jesus está dizendo “buscai primeiro os cultos da igreja”; também interpretam mal as palavras do Senhor: “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26), e pensam que Jesus estaria dizendo que é pra renunciar a família ou trata-la como segundo plano e dar prioridade a igreja. Grande engano!

Estas interpretações equivocadas têm resultado em desentendimentos, descumprimento das responsabilidades maritais ou domésticas e até mesmo em brigas e separações. Priorizar o reino de Deus ou entronizar a Cristo em nossos corações não é o mesmo que priorizar as atividades da igreja, pois a igreja é parte do reino e não o todo! O reino de Deus também inclui nossas famílias salvas e bem cuidadas. Quanto a Cristo, ele pode e deve estar exaltado em nossos corações mesmo acima de nossos cônjuges ou filhos, mas de modo algum isso implicará em negligência para com a família, pois o esposo ou esposa que tem a Cristo como Senhor absoluto de seu coração o obedecerá, amando e cuidando de seu cônjuge (Ef 5.25; Tt 2.4); igualmente filhos obedientes a Deus demonstrarão esta obediência honrando seus pais (Ef 6.1-3).

O apóstolo Paulo, em pelo menos duas ocasiões, demonstra a seriedade com que se deve tratar as famílias. No primeiro caso, ele se dirige aos pais: “Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia. Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?” (1Tm 3.4,5); no segundo caso, o apóstolo dirige uma palavra aos filhos e netos: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel” (1Tm 5.4,8).

Observe no primeiro texto a estreita relação que Paulo estabelece entre família e igreja, sendo a boa mordomia daquela imprescindível para a administração desta. Quem não cuida de sua família está desautorizado para cuidar da igreja de Deus! Logo, a família tem primazia. No segundo texto, com muita veemência Paulo chega a dizer que o descuido com os membros da família, especialmente os necessitados (como avôs e avós), torna tal crente pior que o descrente!

Confrontados por estas palavras perguntemo-nos: que atenção temos dado aos nossos filhos? Ao menos temos tido prazer de brincar e passear com eles? E às reuniões escolares, temos comparecido para acompanhar o desenvolvimento das crianças? Estão nossos filhos matriculados na Escola Dominical? E quanto aos nossos pais, os temos visitado com frequência e tomado parte em suas aflições? Quando foi o último abraço ou beijo que demos em nossas mães? Temos socorrido nossos predecessores que se encontram em necessidade? Nossos pais sentem gosto ou desgosto ao se lembrarem de nós?

Podemos até nos julgar muito crentes, mas, segundo a Bíblia, se não cuidarmos de nossos familiares somos piores que os descrentes!

3. O relacionamento entre pais e filhos

Ao mesmo tempo em que pesa o dever sobre os filhos de obedecerem e honrarem seus pais (Cl 3.20), está sob os pais a responsabilidade de educarem seus filhos nos caminhos do Senhor e não os tratarem com amargura, levando-os à irritação (Cl 3.21).

A vara da correção deve estar nas mãos dos pais (Pv 23.13,14), mas o castigo, quando necessário, deve ser administrado na proporção do erro cometido, não de menos para o filho não julgar seus pais permissivos, nem de mais para os filhos não odiarem seus pais pela agressão sofrida. O amor deve ser o regulador da disciplina e da correção.

Pais devem ser modelos e inspiração para seus filhos, e filhos devem ser apoio para seus pais, somando com eles força para a proteção do lar contra os inimigos (Sl 127.3-5). Assim, os filhos devem desde cedo serem instruídos na espiritualidade cristã (Pv 22.6), treinados para a economia dos bens e participação no orçamento doméstico, além de educados para o respeito às leis e as pessoas. Disciplina e limites devem ser administrados pelos pais para que seus filhos lhes respeitem a autoridade e temam cometer erros. Salomão dizia que “a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe” (Pv 29.15).

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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