estudos bíblicos
A mordomia das finanças
Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 10 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.
Tendo falado sobre a mordomia do trabalho, agora dedicaremos atenção especial à mordomia das finanças, isto é, como devemos cuidar dos ganhos de nosso trabalho.
“Se o dinheiro é meu, faço dele o que bem quiser”, dizem alguns mais exaltados. Todavia, à luz da Palavra de Deus hoje veremos que não é bem assim, visto que no quesito dinheiro há o Dono e há o mordomo.
Quem somos nós de fato nessa questão?
I. Tudo o que temos vem de Deus
1. Deus é dono de tudo
“Minha é a prata e meu é o ouro, diz o Senhor” – estas palavras registradas pelo profeta Ageu (Ag 2.8) nos dão prova de que toda riqueza existente no mundo pertence ao Senhor, que “fez os céus e a terra” (Gn 1.1; Sl 121.2b). É importante compreender isso, visto que nenhum de nós pode julgar-se “dono do próprio dinheiro”, no sentido de achar que pode administrá-lo como bem quiser, mesmo que contrariando princípios cristãos.
Desde a primeira Lição deste trimestre temos aprendido que somos mordomos, isto é, administradores ou cuidadores dos bens materiais, físicos e espirituais que pertencem a Deus, que tudo criou. E já vimos também que nós, os mordomos, deveremos prestar contas de tudo ao Dono, como está escrito: “Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau” (Ec 12.14).
Assim, cabe aqui uma pergunta para nossa autoavaliação: como temos ganho e administrado nosso dinheiro?
2. O trato com o dinheiro
Há alguns erros terríveis que precisam serem corrigidos no trato com o dinheiro, dentre os quais destacamos dois: (1) venera-lo como se fosse um deus ou (2) usá-lo prodigamente sem nenhuma responsabilidade. Você pode pensar que somente pessoas descrentes cometem esses erros, mas lamentavelmente há muitos adoradores de Mamom por aí, entre os que se dizem cristãos, bem como há também “filhos pródigos” gastando levianamente todas as suas economias.
Algumas pessoas vivem uma ambição desenfreada por dinheiro, topando todo e qualquer “trabalho” para angariar mais e mais “grana”. Se transformaram em escravos de Mamom (termo grego para dinheiro – conf. Mt 6.24), e já não têm mais tempo para a família, para a igreja, para as devoções particulares e nem mesmo – veja só o absurdo – tempo e saúde para aproveitar o próprio dinheiro que ganha! Se os tais observassem bem, veriam que em cada nota de Real há uma pequena frase escrita: “Deus seja louvado!”. Esta frase deveria ser um lembrete para que Deus, o Senhor e Criador, seja sempre entronizado em nossas vidas, não o dinheiro de papel ou metal!
Quanto aos filhos pródigos (termo que significa “esbanjador, gastador, que distribui bens sem limites”), deveriam eles se lembrar que “a aparência deste mundo passa” (1Co 7.31), que o mal que sucede ao ímpio também sucede ao justo (Ec 9.2), e que, em razão das constantes adversidades da vida, deveriam eles tomarem o exemplo da formiga, que “armazena suas provisões no verão e na época da colheita ajunta o seu alimento” (Pv 6.8). O lema do pródigo é carpe diem, isto é, aproveite o dia, e assim nunca deixa para amanhã o que pode gastar hoje. Nessa onda, o pródigo dissipa todos os seus bens, amontoa dívidas impagáveis e coloca-se a si mesmo sob ameaças e aflições de espírito. Ao contrário disso, a mulher virtuosa é aquela que “sorri diante do futuro”, porque se precaveu em trabalhos e economias (Pv 31.25, ver contexto); e o homem de bem “deixa herança aos filhos de seus filhos” (Pv 13.22).
Mais uma pergunta para não perdermos o hábito de nos avaliarmos: estamos louvando a Deus com o nosso dinheiro, ou estamos louvando ao nosso dinheiro como um deus?
3. Cuidado com a falsa prosperidade
Ninguém discorda da importância do dinheiro para a manutenção de uma vida digna e sossegada; ninguém também usará de falsa modéstia para afirmar que não deseja uma vida financeira ao menos estabilizada e tranquila para toda sua família. Sim, o dinheiro é necessário para muitas coisas, embora não resolva tudo (por exemplo, salvar a um pecador da ira divina – Pv 11.4; Sf 1.18); e sim, todos queremos uma vida financeira estável, sem miséria ou mendicância (Pv 30.8).
Essa é a verdadeira prosperidade: desfrutar de uma vida tranquila e sossegada junto de nossa família (1Ts 4.11), tendo de Deus “o pão nosso de cada dia” (Mt 6.11), além de condições de poder repartir com os santos e socorrer os que vierem a ter necessidade (1Tm 6.18; Ef 4.28). Isso é ser abençoado!
Por outro lado, a falsa prosperidade é aquela advinda de lucros desonestos e de ganhos ilícitos (não raro fruto de crime e estelionato!). Há ainda a falsa prosperidade que, mesmo sendo fruto de trabalho legítimo e árduo, não é consagrada a Deus, senão aos “prazeres e deleites da carne” (Tg 4.3). Muitos, consciente ou inconscientemente, se aliançaram com satanás para receberem dele “todos os reinos do mundo e o seu esplendor” (Mt 4.8, NVI), e agora vivem esbanjando suas mansões, carros de luxo, joias preciosas, além vinhos caríssimos. Ignorantes da verdadeira riqueza que procede da benção de Deus, dizem para si mesmos: “estou prosperando!”, mas não sabem que diante de Deus são loucos! (Lc 12.16-20).
Ainda pior, há igrejas torcendo as Escrituras para promoverem a “Teologia da Prosperidade”, acostumando seus membros às ambições materiais e demonizando a pobreza, ao invés de instrui-los a viverem modestamente, confiando em Deus e não nas riquezas. Enquanto Jesus diz “não acumulem para vocês tesouros nessa terra” (não reprovando a riqueza em si, mas a ambição por ela), os teólogos da prosperidade dizem “acumulem sim tesouros nesta terra”; enquanto o apóstolo Paulo ensinou que devemos estar contentes “tendo o que comer e com que nos vestir” (1Tm 6.8), os vendilhões do templo ensinam “não se contente com esse seu carro popular, venha participar da fogueira santa de Israel, deposite a sua oferta e você receberá de Deus um carro importado”. A ganância que foi contundentemente reprovada por Cristo e pelos apóstolos (Lc 12.15; 1Tm 3.8; Tt 1.7,11; 1Pe 5.2; Jd 1.11) é hoje exaltada em muitos círculos pretensamente evangélicos!
Jamais nos esqueçamos do que nos ensinou o nosso Senhor: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade de seus bens” (Lc 12.15, NVI).
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