estudos bíblicos
Apocalipse e o papiro
Damos graças a Deus, que hoje podemos ter toda a Bíblia em mãos.
Tudo aquilo que conhecemos da história humana hoje, em especial as histórias da Bíblia, foram inicialmente passados de geração em geração através da escrita. Essa escrita foi evoluindo de modo exemplar até chegar nos dias de hoje.
A escrita nada mais é que o esforço do homem para poder se comunicar com seu semelhante principalmente quando esse está a quilômetros de distância e esse esforço iniciou com a pintura de gravuras em argila, pedras, cerâmicas, madeira, etc…
Com o passar do tempo foi descoberto a possibilidade de se registrar escritos em plantas, cascas e couros, até chegarmos no formato do famoso papel que conhecemos atualmente. O nome que era dado nos tempos dos apóstolos para um escrito enviado a outra pessoa era epístola, mas em nossos dias tais escritos ficou mais popularmente conhecido como carta.
Nossa busca por evolução e facilitação da escrita para uma melhor comunicação, nos levou a termos em nossos dias através do advento da internet o e-mail, messenger e WhatsApp e tantos outros aplicativos de interação e comunicação, onde podemos inclusive falar uns com os outros através de vídeos em tempo real.
Evoluímos muito e ainda estamos evoluindo nossas tecnologias não é mesmo? Porém, nos tempos dos apóstolos não era assim tão facilitado.
Na história da composição textual da Bíblia, as escrituras sagradas hebraicas e do Novo Testamento foram escritas em hebraico, aramaico e grego. Os materiais mais usados foram o papiro e o pergaminho, que na época eram bastantes populares.
A invenção do papiro é creditada aos egípcios, ele coexistiu com os pergaminhos.
Por volta do terceiro milênio a.C. no Egito, era usada uma planta aquática chamada cyperus papyrus! Ela tinha um caule em que era possível escrever e desenhar, mas para isso, era preciso cortá-la em várias tiras, que eram coladas umas nas outras, polidas e postas para secar. Após a secagem saía o papiro. Eram usadas várias folhas seqüenciadas para obras maiores, podendo ser considerada ancestral dos livros de hoje.
O pergaminho era usado pelos gregos, ele era feito de pele de carneiros e ovelhas, tratadas com cal e esticadas. Acredita-se que tenha surgido por volta do século 2 a.C. na cidade de Pérgamo, por isso da óbvia assimilação de seu nome com pergaminho! Assim com o papiro, ele não era barato nem rápido de ser produzido, mas tinha a vantagem de ser “mais sólido e mais flexível que o papiro e de permitir que o raspasse e o apagasse”.
O apóstolo Paulo se refere aos seus pergaminhos na epístola que enviou para seu discípulo Timóteo! Ele disse: “Quando você vier, traga a capa que deixei na casa de Carpo, em Trôade, e os meus livros, especialmente os pergaminhos.” (2 Timóteo 4:13 )
Segundo a maioria dos teólogos e historiadores, o tipo de material que o apóstolo Paulo usou em suas epístolas foi exatamente o pergaminho, devido a sua maior durabilidade e resistência! Já o apóstolo João, escreveu suas cartas, em especial o apocalipse usando o papiro como material.
Uma epístola escrita por alguém em um desses materiais, certamente era algo muito valioso e muito protegido por aquele que escreveu e por aquele que seria o mensageiro enviado para entregá-la.
Os mensageiros se deslocavam a pé, de cavalo, carroças ou de navio, principalmente quando os destinatários viviam em outra cidade ou outro país.
Uma epístola portanto, poderia levar semanas ou até meses para chegar até o local desejado, por isso, a responsabilidade do mensageiro manter de maneira intacta tais escritos era enorme.
Poderia o mensageiro apenas entregar a carta para o responsável que depois iria lê-la de modo individual ou coletivo, ou o próprio mensageiro ser designado não só de entregar, mas de ler e explicar os escritos do autor para quem foi digno de recebê-la.
Na época dos apóstolos Paulo e João, uma mesma carta, poderia ser lida por mais que uma comunidade, portanto, aqueles que ouviam, deveriam ouvir, buscar decorar o que conseguiam, ou quem tinha condições financeiras e material para tal façanha, fazer uma cópia a mão da carta que foi apresentada para a comunidade, mantendo essa cópia na cidade. Tanto Paulo como João, desejaram que suas cartas fossem lidas por mais que uma comunidade, pois sabiam que seus ensinos deveriam abençoar toda a igreja conhecida da época.
Na época dos apóstolos, não eram todos que podiam ter acesso e permissão para o manuseio e a leitura de uma epístola para a comunidade, mas somente aqueles que foram designados pelo autor da carta para assim fazê-lo! Por isso, era de estrema importância que, todos os irmãos que estariam ouvindo a leitura da carta, pudessem dar atenção total ao que estaria sendo lido, para conseguir entender e principalmente por em prática os ensinos ali obtidos!
O livro de Apocalipse também foi designado para ser lido por determinada pessoa em cada comunidade que foi enviada, por isso que o apóstolo João em sua saudação inicial no livro disse: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.”
(Apocalipse 1:3).
Repare nesse texto a ênfase do bem-aventurado o que lê, ou seja, o líder que foi designado é permitido para anunciar os escritos e bem a aventurado os que ouvem e guardam, ou seja, praticam o que neles está escrito.
Damos graças a Deus, que hoje podemos ter toda a Bíblia em mãos, seja ela em formato de livro, ou como um aplicativo em nosso smartphone. Damos graças a Deus pela internet que hoje nos dá acesso a estudos e explicações profundas de qualquer texto bíblico, sem que precisamos sair de casa ou esperar semanas e meses para que chegue até nós um importante ensino.
Se na época que o Apocalipse foi escrito, tais ensinos já foram recebidos e celebrados pelos irmãos, mesmo com todas as limitações que tecnológicas que eles tinham, ainda mais agora iremos celebrar, estudar e buscar entender ao máximo tudo o que Deus quis nos falar através desse poderoso livro apocalíptico, pois hoje nós mesmos podemos ser aqueles que leem, aqueles que ouvem e principalmente aqueles que guardam todas essas coisas.