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estudos bíblicos

Arrependimento e fé para salvação

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 9 do trimestre sobre “A obra da salvação”

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Mãos em oração. (Foto: Jenny Friedrichs / Pixabay)

III. O ARREPENDIMENTO E A FÉ SÃO AS RESPOSTAS DO HOMEM À SALVAÇÃO

  • O que ocorre primeiro: a fé ou o arrependimento?

Há uma relação indissociável entre a fé salvífica e o arrependimento genuíno. Todavia, é possível logicamente estabelecer uma relação de causa e efeito entre ambos. A fé salvífica produz o arrependimento, pois somente se arrependem de seus pecados aqueles que foram persuadidos pelo Espírito Santo de sua transgressão e da remissão pelo sangue de Cristo. Os líderes judeus, por exemplo, não se arrependiam de seus pecados porque não criam em Cristo como o Messias, o Salvador, o Filho de Deus (Jo 8.45; 6.44). Nenhum pecador se arrependerá genuinamente, a menos que creia naquele que é misericordioso e capaz de perdoar-lhe os pecados. Arrependimento que não se concretiza em um retorno para Cristo, é mero remorso, destituído daquela fé que “vence o mundo” (1Jo 5.4).

  • Ação de Deus e resposta do pecador

“Muitos são chamados, mas poucos escolhidos” – é assim que Jesus encerra sua parábola das bodas, narrada em Mateus 22.1-14. Este texto não está aí para dizer que Deus chama todos para salvação, mas arbitraria ou incondicionalmente escolhe apenas alguns para serem efetivamente salvos. Tal interpretação além de não levar em conta o propósito da parábola contada por Jesus, ainda comete agravo ao caráter de Deus, visto que lança hipocrisia ao chamado para salvação. Ou seja, seria Deus chamando para salvação aqueles que Ele não quer realmente salvar; seria Deus fazendo promessas de vida eterna àqueles que Ele não verdade não quer dar vida eterna. Com certeza não é isso que Jesus está nos dizendo nesta parábola, nem poderia ser! Como bem disse Jacó Armínio, “Quem quer que Deus chame, Ele o faz com sinceridade, com uma vontade desejosa de seu arrependimento e salvação” (5).

Na parábola das bodas, o chamado foi extensivo a todos, e todos realmente poderiam vir e eram muito esperados pelo anfitrião da casa (v. 9). Todavia, havia uma condição: que os que entrassem para a festa do casamento, tivessem se vestido adequadamente para aquele ambiente. Como os convidados eram pobres (v. 10), certamente o generoso rei providenciou vestes finas para todos eles. Mas que fazia ali um homem que não vestiu as vestes nupciais, destoando dos demais convidados? Ele quis participar da festa com suas próprias roupas, talvez sujas e fétidas, quando deveria vestir-se como os demais convidados. Assim, ele, tanto quanto os demais, era “chamado”; mas, visto que diferente dos demais não quis aceitar a condição do bom anfitrião, foi expulso da festa. Não porque o rei não quisesse a sua presença, mas porque o rei não podia admitir que ele estivesse presente com suas próprias vestes inadequadas, demonstrando assim arrogância e abuso da generosidade do rei. A lição espiritual é forte: o chamado é para todos, mas somente estarão contados entre os escolhidos aqueles que se submeterem às condições do rei, aqueles que vestirem as vestes de justiça de Cristo pela fé! Não importa se é judeu ou gentio, tem que passar pela “recepção do céu” que é o Calvário, e tomar as vestes de justiça de Cristo. Os que buscam justificar-se pelas obras, vagarão perdidos para sempre (Rm 9.31,32; Gl 2.16; Is 64.6); mas os que pela fé buscam a justiça de Cristo, demonstrando arrependimento e contrição em seus corações pelas ofensas cometidas contra Deus, estes sim “descerão justificados para casa” (Lc 18.13,14; Rm 9.30).

Deus chama, Deus prepara o banquete, Deus proporciona vestes limpas, ele até mesmo põe em risco os seus mensageiros, enviando-os ao mundo hostil para chamar os pecadores. Mas o que Deus não fará é responder pelo pecador ou força-lo a crer em Cristo, nem mudar irresistivelmente a disposição do seu coração para que ele tenha apenas uma alternativa, crer. Não! Deus pode até abrir o coração do pecador que é temente a Deus para que ali a mensagem do Evangelho seja semeada (At 16.14), mas caberá ao homem ou mulher responder finalmente e positivamente ao Evangelho de Cristo – decisão esta que somente o pecador pode tomar e livremente. O pecador é que precisa reconhecer seu pecado, suas culpas, sua indignidade e aceitar a provisão de Deus ao seu favor. “Você crê no Filho do homem?” – perguntou Jesus ao moço outrora cego, mas agora curado (Jo 9.35). Você, não Deus! Você crê? O homem precisa crer, e neste sentido Jesus insiste com os incrédulos: “mesmo que não creiam em mim, creiam nas obras, para que possam saber e entender que o Pai está em mim, e eu no Pai” (Jo 10.38).

É tão verdadeiro que Deus não coage o homem a responder e que o homem chamado pode recusar os termos do convite que o próprio Deus diz assim sobre Israel: “Estendi as mãos todo o dia a um povo rebelde” (Is 65.2) e ainda: “chamei, e não respondestes; falei, e não ouvistes” (Is 65.12).

  • Fé é uma experiência individual

Embora oremos pela salvação de todos os homens, visto que é a vontade de Deus que todos sejam salvos (1Tm 2.1-4) e que Cristo foi dado em resgate por todos (1Tm 2.6; Hb 2.9), é preciso deixarmos claro que a oração pela salvação não salvará necessariamente o pecador, nem a benevolência de Deus se aplicará incondicionalmente sobre pecadores para leva-los à salvação. Cada um dará conta de si a Deus! (Rm 14.12). Quando Paulo disse ao carcereiro “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e a tua casa” (At 16.31), ele não estava com isso dizendo que bastaria àquele pai de família crer para sua família ser automaticamente salva pela fé dele. Antes, a fé do carcereiro seria uma porta aberta para evangelização de sua família também, que precisaria ouvir o Evangelho e tomar a mesma decisão do carcereiro: crer no Senhor Jesus. Tão prova é que a família dele também precisaria tomar, cada um, sua decisão por Cristo, que o texto de Atos segue dizendo: “E pregaram a palavra de Deus, a ele e a todos os de sua casa” (At 16.32). Noutras palavras, não é que a minha fé em Cristo salvará todos os meus parentes, mas que todos os meus parentes serão salvos através da mesma fé em Cristo! Crês e serás salvo; depois, leve o Evangelho à sua família, faça-o com amor e persistência; sua família crendo, também ela será salva. No céu sempre há lugar para mais um pecador, tantos quantos vierem, haverá lugar para eles junto a Deus!

Em seu sermão O caminho bíblico da salvação, John Wesley diz que “a fé é uma evidência e convicção divina, não apenas de que ‘Deus está em Cristo, reconciliando o mundo para si mesmo’, mas também, que Cristo me amou, e deu a si mesmo por mim”. Quando o pecador é convencido pelo Espírito Santo deste amor de Deus, então ele agora deve, capacitado pela graça de Deus que é indispensável à fé, confiar sua alma nas mãos de Cristo, reconhecendo seus erros e culpas, pedindo a Deus sua misericórdia e dando livre consentimento de sua vontade para que a Trindade continue a operar a salvação, consumando-a finalmente.

CONCLUSÃO

A relação entre fé, arrependimento e salvação é muito bem estabelecida por Myer Pearlman, inclusive ressaltando a influência capacitador do Espírito Santo sem a qual é impossível haver fé salvífica e arrependimento genuíno:

Abandonar o pecado e buscar a Deus são as para a salvação, como também os preparativos para ela. Estritamente falando, não há mérito nem no arrependimento nem na fé, pois tudo quanto é necessário para a salvação já foi providenciado a favor do pecador que se arrepende. Pelo arrependimento, o pecador remove os obstáculos que o impedem de receber a dádiva; pela fé, ele a aceita. Mas, para isso, embora sejam obrigatórios o arrependimento e a fé, mandamentos de Deus, contamos com a influência do Espírito Santo, o Conselheiro” (6)

Aos que ainda não aceitaram a fé, dom de Deus, levemos com diligência e persistência a maravilhosa mensagem da cruz. E a nós que já fomos salvos por fé, evitemos o orgulho, pois é pela bondade de Deus que estamos de pé (Rm 11.20-22), antes perseveremos na fé, para que possamos confirmar a nossa eleição (2Pe 1.10), sabendo que “justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38).

Boa aula!

REFERÊNCIAS
(1) Dicionário Vine, 7. ed., CPAD, p. 415
(2) Dicionário de Teologia Bíblica, Vida, p. 597
(3) Myer Pearlman. Atos: e a igreja se fez missões, CPAD, p. 32
(4) Myer Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia, 3 ed., Vida, p. 226
(5) Jacó Armínio. As Obras de Armínio, vol. 3, CPAD, p. 312
(6) Myer Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia, 3. ed., Vida, p. 224

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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