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devocional

Como ver o que não se vê?

Sem uma mente renovada não podemos conhecer a vontade de Deus.

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Jovem com os óculos nas mãos (Nonsap Visuals / Unsplash)

A leitura do texto do apóstolo Paulo em II Coríntios 4:16-18 leva-nos a algumas reflexões que conduzem à ideia de que é a constante renovação interior do cristão que lhe permite compreender o sentido final das suas lutas, e também lhe confere a capacidade de ver o invisível.

Renovação interior: precisa-se! 

“Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia (v16).

O processo de envelhecimento físico nos seres humanos é normal e inevitável, mas porque precisamos de nos renovar interiormente? Porque a mente precisa de ser constantemente limpa devido à sujidade circunstancial, isto é, ao facto de vivermos neste mundo mas não lhe pertencermos.

É inevitável que fiquemos sujos a cada momento pelas poeiras dos caminhos deste mundo. Tal como um escravo em Israel lavava os pés das visitas nas casas das famílias abastadas, também necessitamos de nos lavar da sujidade do dia-a-dia.

Mas também necessitamos de actualização, ou seja, de renovar a nossa cabeça do ponto de vista estrutural, o nosso modo de pensar, a nossa cosmovisão:

“Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; E vos renoveis no espírito da vossa mente; E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade (Efésios 4:22-24).

Sem uma mente renovada não podemos andar em justiça e santidade, considerando as do ponto de vista divino. 

“E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou (Colossenses 3:10).

Sem uma mente renovada não podemos crescer no conhecimento de Deus. 

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus(Romanos 12:2).

Sem uma mente renovada não podemos conhecer a vontade de Deus.

A tribulação é momentânea… 

“(…) a nossa leve e momentânea tribulação” (17a).

Com Cristo a tribulação torna-se mais leve… e quando olhamos em perspectiva, mais tarde, vemos que ela foi passageira.

…mas o peso de glória é eterno 

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente(17b).

Duas versões de tradução da Bíblia em inglês dizem “um peso eterno de glória para lá de qualquer comparação”, e “um eterno peso de glória trabalha para nós”.

O termo original do grego traduzido por “produz” também pode entender-se como cumpre, realiza, cria, desenvolve, prepara, conquista.

Todos eles são verbos que ampliam a nossa compreensão dos ganhos que a tribulação momentânea provoca na vida do cristão com efeito eterno.

A traição do olhar

Somos atraiçoados tantas vezes pelo material. Por um olhar, por uma expressão de rosto, por um gesto, por um objecto. Basta pensarmos nas conhecidas ilusões de óptica ou no desempenho dos ilusionistas.

“Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (18).

Mas como se pode ver o que não se vê? Em “O Principezinho” Antoine de Saint-Exupéry diz a certa altura: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”

De facto, o verdadeiro, o que realmente importa é o espiritual e não o material. Então como poderemos ver aquilo que não se vê? O segredo é simples, ver com os olhos da fé:

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem(Hebreus 11:1).

Nasceu em Lisboa (1954), é casado, tem dois filhos e um neto. Doutorado em Psicologia, Especialista em Ética e em Ciência das Religiões, é director do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, em Lisboa, coordenador do Instituto de Cristianismo Contemporâneo e investigador.

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