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Conta-me uma História!

As histórias de antepassados às voltas com os dias e as noites da vida inspiram.

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Filho ouvindo história do pai
Filho ouvindo história do pai (Foto: Direitos Reservados/Deposiphotos)

Um filme recente com Tom Hanks, News of the World, coloca a órfã Johanna a pedir insistentemente: “Story, story”! Uma história… dos meus tempos de criança guardo vivo na lembrança os tempos de histórias. Era o meu Tio Prates com as suas aventuras de vida real; a minha prima Augusta com fábulas encantatórias e o meu pai com as histórias Bíblicas.

Parece-me (na verdade, estou certo!) que esse hábito saudável e lúcido de contar histórias se perdeu entre as famílias modernas, tão preocupadas que estão em dar o pronome certo ao seu rebento e em verificar se ele ou ela ou x ou xy ou xzy, está confortável com o corpo com que nasceu. Perdeu-se o hábito de conversar à mesa – todos estão com os olhos colados no smartphone que emburrece. Não se fala sobre as origens da família, e de seus avós e bisavós que passaram por momentos pitorescos, lutas, fracassos e conquistas. Prefere-se entregar a criança aos cuidados da “babá televisão”.

Falam os especialistas

Os especialistas afirmam categoricamente que “as famílias que contam histórias veem seus filhos terem mais sucesso na vida pessoal e profissional” (Robyn Fiyush, Universidade de Atlanta, EUA); e que “a história da família tem ligação direta com a autoestima das crianças e sua capacidade de enfMas há mais: ainda de acordo com os entendidos na matéria, nem sempre as melhores histórias são as que têm um final feliz.

As histórias de antepassados às voltas com os dias e as noites da vida inspiram, passam sabedoria e visão para que se possa sonhar, realizar e ter sucesso. As crianças que recebem este tipo de legado tendem a ter uma noção mais forte e saudável da sua identidade. Essa identidade liga-se naturalmente com a sua família mais próxima, mas também alcança os seus antepassados e gera uma maior autoconfiança para o futuro.

Fala a Bíblia

A nossa herança Judaico-Cristã (sim, é resolvidamente a melhor herança quer temos) está povoada de histórias. São histórias duma imensa família de fé que engravidou uma “nuvem de testemunhas” (Heb 12). Histórias de heróis como Paulo que fugiu num cesto a balançar duma muralha, e Moisés que foi achado num cesto a flutuar no rio. Histórias de anti-heróis como Sansão que matou um leão por amor, e David que matou leões para defender o seu rebanho, mas adulterou, conspirou e matou. Histórias de líderes com visão como Neemias e Josué. Histórias de filhos complicados como Absalão. Histórias de coxos como Mefibosete que ficou coxo por tentar fugir, e de Jacó que ficou coxo por lutar com Deus. Histórias de homens que relutaram em banhar-se no rio Jordão mesmo estando doentes, e de outros homens que choraram e penduraram as suas harpas nos caniços dos rios da Babilónia, enfrentando fornalhas ardentes. Mas aí encontraram Deus – o quarto homem – e aprenderam que Deus é “um fogo consumidor” que arde pelos seus filhos mesmo num arbusto do deserto. E, de forma sublime temos a História do Filho de Deus que contou tantas histórias e cuja vida era, é, e será para todo o sempre a História mais completa.

Fala a nossa história

Não é de agora que sabemos do poder das histórias na nossa vida. Não é agora que sabemos dos seus benefícios na vida de nossos filhos. Não é de agora que reconhecemos o poder dos relatos Bíblicos na identidade dos que são a “menina dos olhos de Deus”. Não é de agora que aprendemos a fazer das experiências Bíblicas a argamassa da nossa biografia pessoal. Em certo sentido, a história da grande Família de Deus é a nossa história. Falemos dessa História. Proclamemos essas histórias, nos desertos da vida, nos vales e do topo das montanhas.

A ciência emocional, social e psicológica dá força a um mandato solene e eterno que temos em Deuteronômio capítulo 6: “Estas histórias estarão no teu coração e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (paráfrase do autor).

Formou-se em Teologia na Inglaterra, exerceu trabalho pastoral durante 25 anos em Portugal e vive há 12 anos no Brasil onde ensina Inglês como segunda língua.

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