Descoberta de túmulos cristãos da era bizantina é feita sob escombros na Síria

Durante uma remoção de entulhos em Maarat al-Numan, cidade localizada na província de Idlib, no noroeste da Síria, um empreiteiro encontrou um antigo complexo de túmulos cristãos datados de mais de 1.500 anos. A descoberta ocorreu em maio e reacendeu o interesse sobre a herança arqueológica da região, historicamente marcada pela presença bizantina.

Segundo o diretor de antiguidades em Idlib, Hassan al-Ismail, o sítio foi identificado sob uma casa abandonada, destruída durante os anos de conflito armado. “Com base na presença da cruz e nas peças de cerâmica e vidro encontradas, este túmulo remonta à era bizantina”, declarou o especialista à imprensa local. Imagens registradas no local revelam sepulturas com inscrições cristãs, cruzes entalhadas e fragmentos ósseos distribuídos entre nichos escavados em pedra.

Al-Ismail afirmou ainda que Idlib abriga cerca de um terço dos monumentos históricos da Síria, com aproximadamente 800 sítios arqueológicos. “Antigamente, muitos turistas estrangeiros vinham a Maarat só para ver as ruínas”, completou. A cidade está situada a cerca de 80 quilômetros ao sul de Aleppo e foi palco de diversas ofensivas militares desde o início da guerra civil em 2011.

Entre os escombros da guerra

O túmulo foi revelado em uma área afetada pela destruição provocada por anos de conflito armado, principalmente após a retomada da cidade pelas forças do governo em 2020, sob a presidência de Bashar al-Assad. Segundo moradores, a ofensiva resultou em destruição generalizada de casas e saques em bairros residenciais.

Apesar do cenário de devastação, a revelação do complexo funerário trouxe à tona um legado histórico pouco conhecido da Síria cristã sob domínio bizantino. O contexto aponta para a presença organizada de comunidades cristãs na região durante os primeiros séculos da era cristã. Em várias passagens do Novo Testamento, como em Atos 11:26, há registros da presença de cristãos em Antioquia — cidade síria de grande relevância para o cristianismo primitivo.

Clamor por reconhecimento

Moradores da região expressaram à Associated Press a esperança de que a descoberta possa gerar reconhecimento oficial e impulsionar a economia local. Ghiath Sheikh Diab, residente de Maarat al-Numan, afirmou esperar que o governo do presidente Ahmed al-Sharaa estabeleça um plano de compensação para os proprietários dos terrenos onde os túmulos foram achados.

Outro morador, identificado apenas como Abed, afirmou que a descoberta pode ajudar a revitalizar o turismo local. Já Jaafar, que visitou o sítio ao lado do filho, declarou: “Precisamos cuidar das antiguidades, restaurá-las e devolvê-las ao que eram antes… e isso ajudará a recuperar o turismo e a economia”.

Nos tempos de paz, Maarat al-Numan atraía visitantes interessados nas ruínas da cidade antiga, incluindo igrejas, mosaicos e estruturas típicas do período bizantino. O local era referência para estudiosos e peregrinos cristãos interessados na presença histórica do cristianismo no Oriente Médio.

Outras descobertas recentes

Além da Síria, outros países do Oriente Médio e da Europa têm revelado achados arqueológicos relacionados ao Império Bizantino, que floresceu entre os séculos IV e XV d.C., tendo Constantinopla (atual Istambul) como capital. A região era considerada um ponto de convergência entre o Oriente e o Ocidente, sendo um centro vital para o cristianismo primitivo e medieval.

Em Israel, foi recentemente exibido ao público um mosaico cristão de 1.600 anos, também datado da era bizantina. Já no Reino Unido, arqueólogos identificaram um balde cerimonial de 1.500 anos, encontrado em um sítio histórico, como uma peça de origem sírio-bizantina, fabricada em Antioquia — cidade mencionada nas Escrituras e conhecida por ser o local onde “os discípulos foram, pela primeira vez, chamados cristãos” (Atos 11:26).

Legado cristão em ruínas

De acordo com a Fox News, a descoberta em Maarat al-Numan é mais um episódio que evidencia como tesouros históricos da fé cristã continuam a emergir. A revelação do complexo de túmulos recorda a presença cristã na Síria e oferece uma oportunidade para que as autoridades locais, nacionais e internacionais considerem ações de preservação e estudo.