opinião
Deus Antigo e Novo Testamento (Parte 2: Deus de justiça e ira)
A humanidade deve se comportar da maneira prescrita por Deus para viver de forma saudável e pacífica.
Em primeiro lugar, justiça deve ser definida corretamente. É importante entender que a justiça só existe (ontologicamente) porque o amor existe, e ambos estão diretamente interligados. De acordo com o dicionário Oxford, justiça é “a administração da lei ou autoridade para mantê-la.”[1] A lei, universalmente falando, existe por uma razão fundamental: preservar os relacionamentos. Todas as leis universais morais dadas por Deus através de Moisés, que evidentemente não foram “descobertas” naquela época mas apenas reveladas ao povo através da forma escrita, visam proteger as relações verticais (com o próximo) e horizontais (com Deus).
C. S. Lewis disse algo interessante sobre a lei universal divina: “Parece, de fato, como se ambas as partes tivessem em mente algum tipo de Lei ou Regra de fair play ou comportamentos decentes ou moralidade ou seja lá como você quiser chamá-lo, sobre a qual eles realmente concordam […] todos os seres humanos, todos sobre a terra, possuem esta curiosa ideia de que eles deveriam se comportar de uma certa maneira, e não podem realmente se livrar disso”.[2] O segundo capítulo da carta de Paulo aos Romanos fala exatamente dessa Lei Moral Universal que está dentro da consciência de todo indivíduo, tornando a transgressão dessa lei algo indesculpável e passível de punição. Justiça é, portanto, a justa punição do agente ativo que está transgredindo tais leis, prejudicando e machucando as pessoas ao seu redor, impedindo-as de continuar vivendo em harmonia em seus relacionamentos. O cerne da questão é: para que relacionamentos baseados em amor possam existir e continuar existindo, a justiça deve necessariamente existir. A humanidade deve se comportar da maneira prescrita por Deus para viver de forma saudável e pacífica – é um bem para própria humanidade/sociedade o comportar-se em conformidade com a vontade de Deus.
A ira, que não é diretamente um atributo divino, é um componente inerente/contingente da justiça de Deus. Todos os que amam têm senso de justiça e ficam furiosos quando os padrões perfeitos de amor são denegridos. Assim, amor, justiça e ira, estão interligados de uma forma lógica e inseparável. Só se ira [adequadamente] quem tem senso de justiça; só preza pela justiça quem tem amor pela verdade, por aquilo que é bom e correto. Obviamente alguém pode irar-se por outras razões, mas a ira natural que corresponde ao caráter de Deus é aquela que nasce em virtude de uma indignação causada por injustiça objetiva. Em outras palavras, somente com uma correta visão de Deus, do seu amor e da sua graça (vide artigo anterior) a justiça é devidamente compreendida, e a ira torna-se uma reação natural. Cabe “abrir um parênteses” para explicar que a ira é comum para quem busca a justiça, mas não deve ser ‘expressada de uma maneira destrutiva. “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Efésios 4:26). Jesus claramente irou-se ao entrar no templo e ver cambistas negociando ilicitamente (vide Mt 21:12), mas não destruiu permanentemente nenhuma mercadoria ou maltratou fisicamente algum ser humano. O controle da ira é uma virtude do espírito. Contudo, a ira de Deus pode, e irá expressar-se de forma destrutiva contra aqueles que insistem em rebelar-se contra tudo que é objetivamente bom, o que já foi expressado através de pessoas com senso de justiça (vide Números 25:6-13; Atos 5:1-11).
Habitualmente, contudo, os cristãos apontam para o Antigo Testamento como um lugar onde Deus exerceu de forma abundante sua justiça de uma maneira decisiva sobre a humanidade. Contudo, como disse Charlie Campbell, o Antigo Testamento “contém mais histórias do julgamento de Deus contra os pecadores do que o Novo Testamento. Tenha em mente, porém, que o Antigo Testamento cobre cerca de quatro mil anos de história, e o Novo Testamento cobre menos de cem anos.” [3] Assim como o amor e a graça, a justiça de Deus é percebida não somente no Antigo Testamento mas em todas as escrituras. Como algumas pessoas morreram no passado por transgredirem os padrões que preservam os relacionamentos, sem arrependimento após constantes avisos, pessoas estão morrendo no presente momento. O que mudou não foi o amor de Deus e sua consequente justiça, mas a sua graciosa paciência e misericórdia, que lhe permite reter ou tardar o julgamento, com a esperança que todos cheguem ao conhecimento da salvação (1 Tim 2:4). Jan Hoek descreve que “a justiça de Deus não é prejudicada pela sua paciência. Se ele executasse agora a sua justiça, esta perfeição da paciência, que faz parte da sua bondade, nunca teria uma oportunidade de ser descoberta. Uma perfeição não deve obscurecer a outra. A misericórdia tem um céu e a justiça um inferno para se exibir para a eternidade, mas a longanimidade de Deus tem apenas uma terra de curta duração como compasso do seu agir.” [4] Deus leva a sério o pecado no Novo Testamento da mesma forma que demonstrado no Antigo, pois o pecado não parou de ser um problema e Deus não deixou de ser santo. Sem a graça encontrada em Cristo, através da fé, nada muda neste cenário. Um exemplo vívido é encontrado na epístola de Judas, e para deixar claro faço uma breve análise desta passagem em particular.
Há praticamente um consenso entre os estudiosos de que Judas era o meio-irmão de Jesus. O autor se apresenta como irmão de Tiago (versículo 1), que também era meio-irmão de Jesus e líder da Igreja em Jerusalém. Em Marcos 6:3 e Mateus 13:55, Judas é mencionado como um dos irmãos de Jesus. Portanto, ele é alguém que passou boa parte de sua vida com o próprio Deus. A carta foi escrita em algum lugar entre 65-80 AD, que coincide no que teria sido o limite da vida de Judas.[5] A epístola de Judas é uma das mais curtas da Bíblia (461 palavras). A mensagem de Judas poderia ser resumida como uma “luta pela fé”. Seus ensinamentos, de alguma forma ligados a segunda epístola de Pedro, reforça a ideia de uma responsabilidade ativa dos fiéis, destacando as consequências de rejeitar Deus através de exemplos vivos – sua punição justa de falsos cristãos. Judas apresenta exemplos de pessoas que lutaram contra a fé e como os cristãos devem lutar pela fé. Pawson dá uma boa visão geral dos temas principais e da estrutura da carta de Judas: “Judas gosta muito de três […] Você é chamado, amado, guardado – aí está o primeiro sermão. Segundo sermão: que você seja cheio de misericórdia, paz e amor. Aqui está o próximo trio. Ele disse: vou lembrá-lo de três coisas que Deus fez uma vez e você as conhece perfeitamente bem. Estou apenas lembrando você sobre elas.”[7]
Judas está reforçando a condição real dos cristão na nova aliança. No entanto, ele achou de extrema importância dar um alerta sobre a perseverança, utilizando exemplos bem conhecidos do passado. Coincidentemente ou não, Judas descreve isso em duas seções de também três exemplos. O primeiro consiste nos israelitas que deixaram o Egito; Anjos que deixaram sua posição; e Sodoma e Gomorra, que se entregavam à imoralidade e aos desejos não naturais. Todos eles são, de acordo com Judas, exemplos de punição eterna. Ao falar de indivíduos que antes conheceram a Deus, mas o rejeitaram, ele menciona Caim, Balaão e Corá. Curiosamente, o autor usa o nome de Jesus ao se referir àquele que salvou os israelitas da terra do Egito (versículo 5). Isso ajuda a fazer a ligação entre o Antigo e o Novo Testamento de forma clara – ele está se referindo ao mesmo Deus. Depois de destacar a periculosidade de rejeitar a Deus, Judas chama a igreja para a perseverança, que envolve fé, oração, amor e misericórdia (versos 20-21). O que é particularmente relevante para este artigo é a justiça exercida por Deus no passado sobre aqueles que o rejeitaram, e como isso é um exemplo para o tempo presente, mesmo sob a nova aliança. “Aqui está algo que vai chocar você, mas você precisa ouvir: os cristãos precisam temer o castigo de Deus […] porque você está sendo salvo não significa que você está [definitivamente] seguro. Existem perigos para os cristãos sobre os quais precisamos ser informados, e a carta de Judas é sobre eles.”[7]
Evidentemente, Pawson está mencionando a maneira como Deus trata os cristãos como um pai amado. A punição de Deus para um cristão, um dos filhos de Deus, é com a esperança de trazê-los ou mantê-los no caminho em que devem andar (ver Hebreus 12: 5-7) . Os cristãos tendem a sofrer mais no presente, já que Deus os ama demais para deixá-los abandonados. Ao conectar o amor à justiça, o autor colocou bem ao dizer: “Deus te ama demais para deixá-lo do lado de fora. É tolice pensar que o amor nunca pune. Essa é uma visão sentimental do amor que muitos pais hoje têm. ‘Poupe a vara e estrague a criança’ não é uma velha mentira, é a verdade bíblica.” [8] Uma rejeição a Deus de forma deliberada, no entanto, pode ter consequências eternas. “Se você tem a ideia ‘Agora estou salvo, Deus nunca iria me punir’, é melhor pensar de novo […] Mesmo aqueles que tinham sido trazidos do Egito sob o sangue do cordeiro e cruzaram o mar vermelho pensaram que estavam seguros. Mas Deus tratou com eles.” [9] O autor está chamando a atenção dos cristãos que pensam que ativamente ou deliberadamente podem rejeitar os mandamentos de Deus, que consistem na fé e no amor, vivendo uma vida imoral, porque certa vez, de alguma forma, “aceitaram” o plano de salvação de Deus. Esse é evidentemente o primeiro passo. Todavia, o autor relembra que os israelitas estavam sob o sangue do cordeiro e foram batizados no mar vermelho (veja 1 Cor 10), mas sua fé [confiança] deveria ter permanecido até chegarem à Terra Prometida. Deus realmente não vai salvar os incrédulos, pois isso é uma decisão pessoal, mas seja porque não creram em um primeiro momento, ou porque deixaram de crer noutro momento da vida.
A justiça e a ira de Deus são, portanto, logicamente aplicáveis sob as condições do Novo Testamento, e não poderia ser diferente. Pawson deixa isso claro ao afirmar: “Pode um descrente chegar ao ponto de parar de acreditar em Jesus? O fato de isso ser usado por Judas [a analogia da descrença de Israel perante os gigantes da terra] (e por Paulo) como um exemplo para os cristãos significa que os cristãos podem falhar no caminho. Caso contrário, não há sentido em traçar o paralelo. Um temor saudável de Deus diz: vou continuar acreditando até o fim. O conceito de fé nas escrituras não é um passo que o leva lá, é uma vida que o leva até lá.”[10] Algumas pessoas gostam de dizer: “O Deus do Novo Testamento nunca enviaria ninguém para o inferno. Talvez o Deus do Antigo Testamento.” Pessoas “que traçam essa falsa dicotomia e traçam um contraste muito acentuado não podem aceitar todo o Novo Testamento […] Do início ao fim, temos o mesmo Deus em toda a Bíblia”.[11] O que aconteceu no passado com os não crentes acontecerá no presente e novamente no futuro. A justiça de Deus não mudou.
Quem mudou, então, Deus ou a humanidade?
O primeiro problema é que muitos cristãos e a maioria dos descrentes não entendem o que amor, graça e justiça significam. Espero que as descrições dadas até aqui possam ajudar. As pessoas tendem a ver as coisas através das lentes do pós-modernismo e do hedonismo. Como disse Geisler e Turek, “Nossa cultura pós-moderna fez muito sobre a ideia de verdade. Ela ensina que a verdade e a moralidade são relativas, que não existe verdade absoluta ”.[12] Não é de admirar que os conceitos modernos dessas palavras não sejam verdadeiras, distorcendo todo o quadro da realidade existente. Vale ressaltar que o pós-modernismo não é um fenômeno novo. O relativismo, na verdade, começou na mente de uma serpente astuta há milhares de anos. Desde então, a visão da humanidade de Deus foi tremendamente influenciada por ele. Se tudo é relativo e pode, consequentemente, mudar, Deus também pode mudar. A sua palavra, dizem alguns, podem ter significados diferentes e até mesmo a sua natureza é suscetível a mudanças. O relativismo é, contudo, simplesmente incapaz de descrever qualquer coisa relevante sobre aquele que é a própria verdade absoluta – Deus não muda.
Para além disso, se a vida gira em torno de conceitos vazios de “felicidade” e prazer, o sofrimento nunca será justificável. Essa mentalidade de “conto de fadas” rejeita o conceito correto de justiça e ira. De forma acurada, a felicidade e o prazer exigem por si só que o mal seja devidamente punido. No entanto, como esse prazer hedonista não é baseado no amor, por ser egoísta, toda visão realista de punição e justiça é distorcida. Mesmo para os cristãos, a “graça” tornou-se uma licença legal para a libertinagem. “Amar” é aceitar tudo, mesmo “verdades” conflitantes. A justiça é praticamente proibida em tese e ação, pois todos são livres para fazer o que quiserem, como quiserem, quando quiserem. A mentalidade atual está tão prejudicada que não consegue compreender adequadamente Deus e o seu eterno amor. Ao avaliar as aparentes mudanças de comportamento de Deus entre o Antigo e no Novo Testamento, o problema claramente não está em Deus, mas nas lentes distorcidas através das quais o ser humano enxerga a realidade. Só Jesus pode restaurar a visão de um indivíduo – cegada pelo deus deste mundo (2 Cor 4:4) – e fazê-lo, por intermédio do Espirito Santo, compreender a verdade acerca de quem Deus é.
Veredito lógico: Deus não muda – e nunca irá mudar
Falando logicamente, Deus não pode mudar simplesmente pelo fato dele ser Deus. “Pois eu, o Senhor, não mudo” (Malaquias 3: 6). Ao definir Deus, quaisquer mudanças são logicamente impossíveis. Deus é eterno. Hoek expressa bem ao dizer, “Deus é o grande ‘EU SOU’. Ele é o único Ser no verdadeiro sentido da palavra – a raiz de todos os seres, eterna e imutavelmente iguais. A eternidade é própria de Deus, e não comunicável’ – é dificilmente compreensível e ainda mais difícil de expressar.” [13] Racionalmente, é impossível inferir que Deus poderia mudar entre as duas alianças que determinou. Isso fica claro quando pensamos sobre quem Deus é, o eterno, o “limitador ilimitado – o Criador não criado – de todas as coisas […] o Ser infinito e autoexistente que criou este vasto e belo universo do nada, e que sustenta todas as coisas juntas até o dia de hoje.” [14] No entanto, há para os seres humanos uma limitação inerente que o permita compreender completamente quem Deus é. Precisamos da revelação de Deus, e por isso tomamos as Escrituras como base. Como Tomás de Aquino concluiu, “nós o conhecemos mais plenamente conforme muitos e mais excelentes de seus efeitos nos são demonstrados, e conforme atribuímos a ele algumas coisas conhecidas por revelação divina.”[15]
Assim sendo, observando cuidadosamente os atributos e as ações de Deus ao longo da história, bem como a forma como estes mesmos atributos estão trabalhando dentro de nós mesmos (de forma análoga), a imutabilidade de Deus fica clara. Na verdade, “nossa preocupação com a justiça é motivada pela preocupação de Deus pelas pessoas e pelo mundo […] A preocupação incondicional de Deus pela justiça não é um antropomorfismo […] Pelo contrário, a preocupação do homem pela justiça é um teomorfismo.” [16] Se a visão de um cristão é adequadamente restaurada e seus sentidos foram vivificados pelo poder divino de Deus, Seu amor, justiça e ira são adequadamente compreendidos por meio de nossas próprias experiências. Mesmo um ser humano, com todos os seus defeitos morais, dificilmente mudaria a mente a respeito de atrocidades cometidas contra seus entes queridos. Como poderia então Deus, que é um perfeito e eterno ser, mudar seus pensamentos acerca dos seres que ele mesmo criou? Quer seja o Antigo ou o Novo Testamento, a natureza e os pensamentos de Deus são os mesmos . “É precisamente por causa da fé que a natureza fundamental de Deus é ‘amor infinito e ilimitado’ que considero […] que o amor, a justiça e a ira são modos do pathos divino. Portanto, nenhuma concepção de Deus é adequada sem incluir cada um deles. ”[17]
Portanto, Deus não muda porque ele não pode mudar. “O Filho de Deus é Deus. Nem os escritos do Antigo Testamento silenciam sobre isso; chamou Cristo Deus. ”[18] Jesus é a representação exata do ser de Deus (Hebreus 1:3), a imagem do Deus invisível (Col 1:15). João, o apóstolo, inspirado pelo Espírito Santo escreveu: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez”(João 1:1-3). Ele é o Alfa e o Ômega, “que era, quem é e que há de vir, o Todo-Poderoso” (Apocalipse 1: 8). Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13: 8), o único que tem a imortalidade (1 Timóteo 6:16).
Concluindo – Uma Visão Conciliatória
A ação de Deus no Antigo Testamento só fará sentido quando avaliada pelas lentes corretas. Para que isso ocorra, a condição caída da humanidade e seu estado espiritual miserável precisam ser devidamente reconhecidos. Ao insistir em colocar a humanidade no centro do universo, alegando ter o direito absoluto de viver, apesar da sua desobediência e mal contínuo, ações de Deus vão parecer em conflito entre o Antigo e no Novo Testamento. Infelizmente, como Deus não parou de ser bom, a humanidade não parou de ser má. O que quer que as pessoas no Antigo Testamento tenham feito para merecer punição imediata, as pessoas de hoje em dia estão fazendo igual ou pior. Rejeitar a graça de Deus é aceitar sua justa justiça. “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31). Nada mudou na atitude de Deus, que sempre buscou salvar o seu povo [principalmente de si mesmos]. “O Novo Testamento fala de um tempo em que o julgamento de Deus virá sobre toda a terra nos últimos dias (Mateus 24:21, 2 Pedro 3: 7; Apocalipse 6-18). Além disso, o Novo Testamento fala claramente sobre uma época em que pecadores impenitentes e não perdoados comparecerão a Deus para serem julgados por seus pecados (Apocalipse 20:12-15).”[19]
Depois de ter um pensamento realista sobre a condição real do ser humano, é fundamental empenhar-se intelectualmente em compreender os conceitos de amor, graça e justiça, bem como os motivos que levaram Deus a intervir ativamente na história. É improvável que uma pessoa ainda acredite que Deus mudou depois de conceber esses conceitos verdadeiros. “O amor que não despreza o malfeitor, e que não penaliza o malfeitor, é imoral e desprezível”. [20] A graça e a justiça de Deus o motivaram a agir no passado e continuar agindo no presente. Para a humanidade, o privilégio de escolha foi dado. A salvação é, como era, disponível para aqueles que reconhecem que o mal é um problema – um problema que matou pessoas no passado e ainda mata no presente. Somente por meio do arrependimento e aceitação da graça e do perdão de Deus alguém será capaz de compreender todas as suas ações ao longo da história, não encontrando conflitos entre as narrativas encontradas no Antigo e no Novo Testamento. Em resumo, Deus é sempre bom e as pessoas sempre foram, desde a queda, más. Separado de Deus, não há solução. As pessoas podem ainda estar respirando, mas sua condição espiritual não é diferente daqueles que morreram no passado sob a santa justiça de Deus. O amor incondicional de Deus o obriga a executar a justiça, mas sua graça cobre as transgressões daqueles que se arrependem e aceitam o plano de Deus para salvá-los. “A justiça de Deus exige que o pecado seja punido, mas seu amor o obriga a salvar pecadores.”[21] No final, há apenas dois tipos de pessoas: Aqueles que vêm diante de Deus para apresentar os seus pecados em suas mãos, condenados, e aqueles que vêm diante de Deus apontando para a cruz, apresentando seus pecados nos ombros de Jesus. Lá, naquele rude madeiro, amor, justiça, e graça fluíram juntos para o bem da humanidade.
____________________________
[1] Oxford Dictionaries, s.v. “justice” accessed October 1, 2017, https://en.oxforddictionaries.com/definition/justice.Traduzido livremente.
[2] C. S. Lewis, Mere Christianity (New York: HarperCollins, 2001), 11; 13. Traduzido livremente.
[3] Charlie H. Campbell, One-Minute Answers to Skeptics. (Eugene, Oregon: Harvest House Publishers, 2010), 41. Traduzido livremente.
[4] Jan Hoek, “God Nearby and God Far Away – Stephen Charnock on Divine Attributes,” In Die Skriflig 48, no. 1 (2014): 4. Traduzido livremente.
[5] Trompf, Garry W. “The Epistle of Jude, Irenaeus, and the Gospel of Judas.” Biblica 91, no. 4 (2010): 556. Traduzido livremente.
[6] David Pawson, A commentary on Jude (Kennington, Ashford: Anchor Recordings, 2012), 31. Traduzido livremente.
[7] Pawson, A commentary on Jude, 33. Traduzido livremente.
[8] Ibid., 34.
[9] Ibid., 35.
[10] Pawson, A commentary on Jude, 35. Traduzido livremente.
[11] Pawson, David, A commentary on Hebrews (Kennington, Ashford: Anchor Recordings, 2014) 45. Traduzido livremente.
[12] Norman Geisler and Frank Turek, I Don’t Have Enough Faith to Be an Atheist (Wheaton, Illinois: Crossway books, 2004), 8. Traduzido livremente.
[13] Hoek, “God Nearby and God Far Away,” 2. Traduzido livremente.
[14] Geisler and Turek, I Don’t Have Enough Faith to Be an Atheist, 109. Traduzido livremente.
[15] Thomas Aquinas, cited in Andrew Hofer, “Who is God in the Old Testament? Retrieving Aquinas after Rahner’s Answer.” International Journal of Systematic Theology 14, no. 4 (2002): 449. Traduzido livremente.
[16] Burrow, Rufus Jr. “The Love, Justice, and Wrath of God.” Encounter 59, no. 31 (998): 405-406. Traduzido livremente.
[17] Ibid., 407. Traduzido livremente.
[18] Andrew Hofer, “Who is God in the Old Testament?, 455. Traduzido livremente.
[19] Campbell, One-Minute Answers to Skeptics, 42. Traduzido livremente.
[20] Burrow “The Love, Justice, and Wrath of God,” 403. Traduzido livremente.
[21] Ravi Zacharias and Norman Geisler, Who made God? And Answers to Over 100 Other Tough Questions of Faith (Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 2003), 31. Traduzido livremente.
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