estudos bíblicos
Devemos fazer “ofertas de sacrifício”?
A bênção de Deus não está à venda!
Primeiro vamos analisar o termo dentro do contexto neopentecostal brasileiro, onde a tal oferta de sacrifício significa doar mais dinheiro do que você pode, ou seja, você faz um sacrifício naquele mês, como se estivesse fazendo um voto com Deus.
Ou então, você faz esse voto mensalmente e adquire um carnê de alguma campanha que está sendo realizada numa igreja.
Existe também aquela “oferta de sacrifício” onde você dá tudo o que tem, como a viúva de Sarepta que só tinha um punhado de farinha num jarro e um pouco de azeite numa botija. Ela fez um pequeno bolo para o profeta Elias, sacrificando tudo o que ela tinha, conforme as instruções dele. Essa história está no livro de 1 Reis 17.8-18.
Tem também outra história de uma viúva pobre que deu duas moedinhas de cobre na caixa de oferta e Jesus a elogiou, porque ela havia ofertado tudo o que tinha, enquanto os ricos estavam ofertando do que sobrava (Lucas 21.1-4)
Muitos, hoje em dia, estão usando essas passagens isoladamente para pedir aos fiéis que “façam a oferta de sacrifício”, seja na sua igreja ou na sua própria vida. Então, precisamos analisar com bastante carinho qual é a intenção dessa oferta.
Primeiro, da parte de quem pede. Essa pessoa está visando algum benefício próprio?
Segundo, da parte de quem dá a oferta. Qual é a real intenção do ofertante? Ajudar na obra de Deus ou receber algum milagre? Se houver essa intenção de negociar com Deus, então não tem nada de bíblico nisso aí.
Agora vamos analisar dentro do contexto bíblico. A Bíblia nos convida para “sermos um sacrifício vivo”. Veja:
“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.1-2)
Aqui o sacrifício é o nosso culto racional. Ou seja, nós adoramos a Deus conscientemente, sabendo que necessitamos ser transformados, renovando a nossa mente. Ou seja, a cada dia nos esforçamos para sermos pessoas melhores, abandonando os velhos pecados, como por exemplo, a mentira, a injustiça, a inveja, o adultério, a fofoca, o trambique, o jeitinho brasileiro, e por aí vai. O sacrifício aqui se baseia na luta entre a carne e o espírito. Nós abandonamos os nossos desejos mundanos para sermos purificados por Deus.
Agora vamos analisar o que significa o “sacrifício” no Antigo Testamento. Numa certa ocasião, Saul fez um sacrifício a Deus e foi reprovado. Veja o que o profeta Samuel disse a ele:
“Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros.” (1 Samuel 15.22)
Naquela época os animais eram sacrificados por causa da lei, da Antiga Aliança. Nos textos bíblicos vamos encontrar vários termos relacionados: holocausto, sacrifício pelo pecado, pela culpa, sacrifício de gratidão, de comunhão, da lua nova, da Páscoa, oferta de cereais, de vinho, ofertas queimadas, sacrifício pacífico, etc.
Há vários tipos de sacrifício. Mas, como já sabemos através da Bíblia, o caminho da expiação é o sangue de um inocente sendo derramado para libertar um pecador. Isso por que a justiça exige uma pena, ou seja, existe sempre uma consequência para o pecado e para a desobediência. Então, antes de Jesus ser sacrificado pelo pecado de todos, o sacrifício de animais era feito para anunciar a vinda Dele (como um simbolismo) e para mostrar que o relacionamento do ser humano com Deus precisava ser restaurado. Veja o que a Palavra diz sobre isso:
“De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão (ou remissão de pecados).” (Hebreus 9.22)
Quer dizer que “o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, de modo que sirvamos ao Deus vivo!” (Hebreus 9.14)
“Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que ele morreu como resgate pelas transgressões cometidas sob a primeira aliança.” (Hebreus 9.15)
Quer dizer que já vivemos no tempo da Nova Aliança. Então, logo concluímos que não precisamos mais fazer sacrifícios, nem derramar o sangue inocente de animais. Mas e a oferta de sacrifício que é o tema do nosso estudo de hoje?
Muitos dizem que se não sacrificarmos, não conseguiremos o nosso milagre. Agora, estamos aqui falando de “sacrifício em dinheiro” ou “algo de valor”. Mas seria correto fazer um sacrifício esperando um retorno? Isso não seria uma negociação com Deus? Ou uma forma de manipular as coisas? Com certeza!
A bênção de Deus não está à venda. Se quisermos fazer algum sacrifício, podemos fazer desde que ele seja feito com amor e por uma boa causa. Não espere receber nada em troca. Mas saiba que Deus contempla os justos e os puros de coração. Ele sempre abençoa na medida da nossa necessidade e, às vezes, Ele nos dá muito mais o que pedimos.
“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro. Então vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração.” (Jeremias 29.11-13)
“Já fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo desamparado nem seus filhos mendigando o pão.” (Salmos 37.25)
“Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.” (Mateus 5.7-8)
Lembre-se sempre disso: nós já temos muito mais do que merecemos. Nós fomos resgatados por Cristo e justificados por Ele. O maior sacrifício já foi feito quando Jesus morreu na cruz em nosso lugar. Esse é o foco do Evangelho! Não se trata de dinheiro, mas de algo que não tem preço, o amor!
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)
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