opinião
Direitos ou ataques velados?
Briga de interesses sim, por direitos nem tanto
Hoje o que se vê nas grandes mídias e redes sociais são a discussões acerca de economia, política, esportes, mas, sem dúvida, uma das que mais têm elevado os ânimos, são as que dizem respeito à sexualidade e religião. Em cada percepção há uma sentença e, para se falar desse assunto, necessário se faz falar de respeito ao próximo.
Salaverry (2013), escreveu a seguinte frase: “Seu direito termina onde começa o meu.” Este é um pensamento comum que permeia a boa convivência em sociedade. Podes não gostar do modus vivendi de alguém ou algum grupo, mas isso não te investe do poder de condená-lo. Se for solicitada opinião, podes dizer o que agrada ou não em sua linha de conduta ou ideias, mas não atacá-lo.
O que se percebe em todo esse movimento e discussão sobre gênero, expressão da sexualidade, ideologia LGBT e religião, é mais uma briga de interesses do que luta por direitos. Há uma frase atribuída a Napoleão Bonaparte (1769-1821) que diz: “todo homem luta com mais bravura pelos seus interesses do que pelos seus direitos!” Reflete bem os interesses pessoais ou de classes que faz com que indivíduos esbravejem e beirem as vias de fato com a desculpa de defesa de seus direitos.
A luta por direitos não fere pessoas nem direitos adquiridos. A fala de John Stuart Mill deixa claro que uma luta por direitos é uma luta justa: “no harm to others”, isto é, “não causar nenhum dano (material e/ou moral) para o outro. Dano material diz respeito à violação e/ou destruição do patrimônio e/ou da integridade física do outro. Danos morais é toda e qualquer atitude capaz de afetar gravemente a integridade moral do outro.
Diversidade significa tolerância
Prega-se em todos os meios o respeito à diversidade. No entanto, nessa diversidade não há espaço para a fé cristã. Esta sofre preconceito e é, para alguns, uma doença. O cristianismo tem sido visto nos meios acadêmicos e outros afins como uma filosofia de vida ultrapassada. Seus praticantes, taxados de “povinho pouco inteligente e retrógrado”. Faço minhas as palavras de Pondé, filósofo brasileiro contemporâneo: “conheço cristãos muito inteligentes!” A fé de uma pessoa não aniquila sua capacidade racional. Isto parece ser difícil de ser compreendido?
A conquista de direitos de uma classe não implica na desconstrução da imagem e valores de outra, ainda mais de uma cultura que influenciou, enormemente, o ocidente, como o fez cristianismo. Alguém pode logo destacar: estás esquecendo as aberrações cometidas em nome da fé e dos que atacam pessoas de maneira irresponsável? Respondo com a seguinte ilustração do filósofo brasileiro Mário Guerreiro retirada do livro O Espírito da Liberdade, de Erich Fromm (1966) que relata um caso das diferentes visões de dois rabinos: “Quando um pagão procurou Shammai e lhe pediu que explicasse toda a Torah enquanto ficava de pé sobre uma perna, Shammai o expulsou.
Quando o pagão fez a Hillel o mesmo pedido, recebeu a resposta: A essência da Torah é o mandamento não fazer ao próximo o que não desejamos que o próximo nos faça”. Como frisa Guerreiro, o primeiro rabino, por sentir dificuldade em refletir a respeito do conteúdo que professava e ensinava, tomou o pedido do pagão como um insulto, ao passo que o segundo, talvez por compreender o propósito oculto na pergunta, ou por ter domínio pleno do saber que sustentava sua fé e prática, portou-se com sabedoria expondo o teor basilar da fé que ensinava. Deste modo, os erros de alguns grupos dentro do cristianismo, não inutiliza o valor de seus princípios, assim como o ativismo preconceituoso e agressivo de alguns ativistas LGBTs não representa aqueles que querem ser respeitados e ter o direito de viver a vida plena e responsavelmente, sem desconstruir princípios milenares que nunca fizeram mal às sociedades ao longo dos séculos.
Defesa da fé ao longo da história
O mesmo vale para alguns grupos dentro do cristianismo. Devemos sim, defender nossos princípios e valores quando atacados, a exemplo dos heróis (mártires) que se levantaram no berço do cristianismo nascente para defendê-lo dos ataques do poder político da época sob a acusação de, entre outras, incitar o ódio (te parece familiar a acusação?) nos tempos dos imperadores Nero (67 d.C.) e Domiciano (81 d.C.), entre outros. Se levantaram contra ataques de ideias que visavam elevar-se em detrimento das já estabelecidas ideias cristãs estabelecidas sobre as doutrinas dos apóstolos, como, por exemplo, as do Agnosticismo – que dizia ser impossível conhecer a Deus, e a do Gnosticismo – movimento sincretista filosófico-religioso que se diziam donos do conhecimento verdadeiro. Homens e mulheres que não negociaram sua fé e nem seus valores.
O exercício dos direitos implica em responsabilidade e respeito
A defesa dos valores bíblico-cristãos começa quando a fronteira do respeito e dos direitos é rompida e fica sob ameaça de ser desconstruídos. Contudo, a defesa destes valores não implica em desrespeito aos direitos do próximo de escolher seu modo de viver. Ensinar princípios e normas que incluem o proceder, o agir, o viver, inclusive sobre o que não fazer, deve se dar em ambientes ou espaços destinados a ensinamentos dessa natureza e, não devem ser censurados, pois, são garantidos pela constituição.
O indivíduo não deve ser forçado a ouvi-los e, muito menos, a se sujeitar-se, caso não queira. Por essa razão, os conteúdos destes ensinamentos não podem ser retirados de seu contexto e ser usados para atacar a fé cristã, tendo em vista que não há obrigatoriedade em aplicá-los no modus vivendi do ouvinte, além do ensino ser realizado em ambiente designado.
Vale destacar que o ensino dos princípios e valores bíblico cristãos, deve ser respeitoso e não desafiador e ofensivo, como pode ser visto em muitas ocasiões. O que deve predominar é o respeito e o amor ao próximo.
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