Trump segue exemplo de Israel para se defender com ‘Domo Dourado’

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no dia 20 de maio, na Casa Branca, um projeto batizado de “Domo Dourado” (Golden Dome), um ambicioso sistema de defesa aérea em camadas, estimado em US$ 175 bilhões, que busca inspiração direta na bem-sucedida tecnologia antimísseis israelense.

O plano prevê a instalação de interceptadores inclusive no espaço, e, segundo Trump, será capaz de “interceptar mísseis mesmo que sejam lançados do outro lado do mundo”: “O Domo Dourado será totalmente operacional até o final do meu mandato, no início de 2029”, afirmou o presidente durante o anúncio no Salão Oval.

A proposta representaria a primeira vez em que os Estados Unidos colocariam armas de interceptação em órbita. No entanto, segundo um funcionário do governo norte-americano familiarizado com o projeto, o prazo poderá ser estendido devido à complexidade da implementação.

Modelo israelense

O anúncio da Casa Branca remete diretamente ao modelo israelense, considerado referência mundial em defesa contra ameaças aéreas. Israel passou a desenvolver seu sistema em camadas com apoio dos Estados Unidos a partir de meados dos anos 1990, como resposta às ameaças crescentes vindas do Irã, do Líbano e da Faixa de Gaza.

O sistema entrou em evidência internacional após o ataque do grupo Hamas em 7 de outubro de 2023. Desde então, os diversos escudos antimísseis israelenses passaram a atuar de forma coordenada para neutralizar projéteis disparados tanto pelo Hamas quanto pelo Hezbollah e pelos houthis do Iêmen, com apoio iraniano.

Embora autoridades israelenses reconheçam que não há garantia de proteção absoluta, a avaliação é que o sistema tem impedido “grandes danos e inúmeras mortes”.

A estrutura de defesa inclui os seguintes componentes:

Arrow (Flecha)

Desenvolvido em parceria com os Estados Unidos, é projetado para interceptar mísseis de longo alcance fora da atmosfera terrestre. Em 2023, foi utilizado com sucesso para derrubar mísseis lançados por rebeldes houthis no Iêmen e pelo próprio Irã, em ocasiões distintas.

David’s Sling (Funda de Davi)

Também fruto de cooperação com os EUA, o sistema visa interceptar mísseis de médio alcance. Tem sido usado em confrontos com o Hezbollah, grupo militante libanês. A última operação conhecida ocorreu durante os embates no segundo semestre de 2023, encerrados com um cessar-fogo.

Iron Dome (Domo de Ferro)

É o componente mais conhecido e operacional desde o início da década de 2010. Focado em foguetes de curto alcance, foi ativado milhares de vezes, especialmente contra disparos do Hamas e do Hezbollah. Israel informa que a taxa de sucesso do sistema ultrapassa os 90%.

Iron Beam (Raio de Ferro)

Ainda em fase de desenvolvimento, utiliza tecnologia a laser e promete transformar o custo da defesa antimíssil. Enquanto uma interceptação do Domo de Ferro custa cerca de US$ 50 mil, o Iron Beam poderá funcionar com apenas alguns dólares por disparo, conforme divulgaram autoridades israelenses. Contudo, o sistema ainda não está em uso operacional.

Influência nos EUA

O anúncio do presidente Trump marca uma mudança significativa na estratégia de defesa dos EUA, que até agora concentrava seus sistemas antimísseis principalmente em bases terrestres, como as instaladas no Alasca, na Califórnia e no leste europeu. O Domo Dourado acrescentaria uma nova camada de defesa ao incluir interceptadores espaciais, em um esforço para enfrentar ameaças de mísseis intercontinentais, inclusive os provenientes da Ásia.

A inspiração no modelo israelense indica uma tentativa de adaptação ao cenário de múltiplas ameaças e ataques simultâneos, uma realidade enfrentada por Israel em diversas frentes. No entanto, especialistas alertam para os desafios tecnológicos, financeiros e diplomáticos do projeto americano.

A implementação de armamentos no espaço é regulada por tratados internacionais, como o Tratado do Espaço Exterior de 1967, que proíbe o uso de armas nucleares e outros tipos de armamento de destruição em massa fora da Terra. Não há, porém, uma proibição clara sobre interceptadores convencionais, o que abre margem para interpretações.

O Domo Dourado representa uma tentativa de adaptação dos Estados Unidos às novas ameaças globais, inspirado no modelo israelense de defesa aérea em camadas. Enquanto o projeto avança em meio a desafios técnicos e geopolíticos, o precedente de Israel mostra que a combinação de vigilância, dissuasão e resposta rápida pode evitar catástrofes e salvar vidas.

A Bíblia menciona, por exemplo, a vigilância constante como parte da prudência diante de tempos difíceis: “Se o sentinela vir que a espada vem e não tocar a trombeta […] o sangue será requerido do sentinela” (Ezequiel 33:6).