opinião
Erros eclesiásticos: supervalorização das experiências espirituais
Enquanto certos líderes e certas igrejas continuarem a priorizar as experiências em prejuízo do ensino sólido e sistemático da Bíblia, continuarão desviando-se dos propósitos de Deus para a sua Igreja.

Dando prosseguimento à série Erros Eclesiásticos, neste escrito iremos abordar o erro de se valorar exageradamente as experiências espirituais que, geralmente, quando mal compreendidas, acabam sufocando a ênfase no estudo sadio da Bíblia. Consequentemente, essa cosmovisão distorcida tem levado muitos cristãos a comprometerem a caminhada da fé.
Quem nunca ouviu falar de alguém que tem ou teve muitas experiências com Deus? Certamente você já deve ter ouvido ou conhece alguém assim. Mas será que essa forma de vida espiritual é garantia de que essa pessoa é madura e capaz o suficiente para discernir espiritualmente tudo à sua volta? Certamente é algo a se pensar.
Há alguns anos conheci um irmão que vivia uma vida desregrada antes de confessar Jesus como o seu Salvador. Tempos depois de sua conversão, ele me confessou como ocorreu seu “sim” para Deus. Contou-me que, numa certa noite, viu claramente um ser angelical na sala de sua casa; e que esse ser falava com ele. Após esta grandiosa experiência, esse irmão deixou sua vida de pecado e abraçou sua nova crença. Mas o que me intrigou foi ver que esse mesmo irmão, tempos mais tarde, havia esfriado na fé, como se aquele conhecimento prático não lhe “segurasse” na Casa do Senhor. Como naquele tempo eu também dava certa ênfase ao calejo experiencial com Deus, veio-me ao coração a seguinte pergunta: “Como pode alguém que experimentou tão grande revelação da parte de Deus arrefecer espiritualmente?”.
Assim como eu pensava outrora, em nosso meio há vários líderes e inúmeras igrejas que estimulam os seus fiéis a buscarem experiências com Deus. De fato, esse estímulo não é de todo ruim, pois podemos ver, nas Escrituras, várias pessoas experimentando maravilhas, milagres, vendo aparições de seres e acontecimentos incomuns. Por exemplo, podemos citar o juiz Sansão, que feriu mil homens com apenas uma queixada de jumento; e que, depois do milagroso feito, orou a Deus e este fez sair água cristalina de uma rocha ou caverna que havia em Leí (Juízes 15.14-20). Todavia, apesar de ter vivenciado esses e outros milagres, Sansão foi um israelita descompromissado com a Lei do Senhor – basta lermos sua história para percebermos isso (Juízes 13-16). Ou seja, as experiências extraordinárias de Sansão não lhe fizeram ser um homem de Deus.
Os dois exemplos acima que acabamos de dar nos servem de reflexão. E levam-nos a chegar à conclusão de que ninguém pode sobreviver espiritualmente só de experiências com Deus. Para honrarmos a verdade, temos que atentar para o que disse Pedro: “antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3.18). O apóstolo cita a “graça”, que envolve as experiências com Deus, e o “conhecimento”, que, por sua vez, está relacionamento ao estudo das Escrituras. Graça e conhecimento devem andar juntos.
Em algumas igrejas essa salutar combinação não tem acontecido, pois nestas a ênfase nos milagres chega a ser ridícula. Inclusive algumas delas, com o fito de atrair os desavisados e aumentar a clientela, criam o famigerado “Culto dos Milagres” ou “Culto do Poder de Deus”, no qual há todo tipo de apelo carismático em detrimento do ensino sistemático da Palavra do Senhor.
Nós não descremos em milagres, mas entendemos que precisamos encontrar equilíbrio para a nossa vida cristã, pois o próprio Jesus desenvolveu o seu ministério de forma tríplice: ensino, pregação e cura (Mateus 4.23). Em Marcos 16.17, o Mestre disse que os sinais milagrosos acompanhariam “aqueles que creem”. Observemos que Jesus não ensina os seus discípulos a priorizarem os milagres ou experiências; pelo contrário, manda que eles, primeiro, preguem o evangelho, isto é, que tenham compromisso com a mensagem cristã.
Tendo em vista também a prioridade da conservação e transmissão do conteúdo bíblico, em sua carta aos Gálatas, Paulo repreendeu aqueles irmãos pelo fato de que estavam querendo abandonar o único e verdadeiro evangelho. Aqueles crentes estavam sendo influenciados por falsos ensinadores. Por este motivo, Paulo afirmou o seguinte: “ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu pregue a vocês um evangelho diferente daquele que temos pregado, que esse seja anátema [ou amaldiçoado]” (Gálatas 1.8, grifo nosso). Perceba que o apóstolo conjectura ao falar da pessoa de um anjo, que é um ser celestial. O que o doutor dos gentios quis dizer com isso? Que os gálatas tivessem cuidado com experiências espirituais que não estivessem de acordo com as Escrituras, porque aquelas poderiam desviá-los do foco escriturístico.
Como dito anteriormente, enquanto certos líderes e certas igrejas continuarem a priorizar as experiências em prejuízo do ensino sólido e sistemático da Bíblia, continuarão desviando-se dos propósitos de Deus para a sua Igreja. Nem só de experiências o cristão viverá, “mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mateus 4.4).

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