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“Está o Senhor no meio de nós, ou não?”

Precisamos guardar firme a confiança nEle, aquela fé que tínhamos lá no início.

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Fé em Deus (Foto: Reprodução/Deposiphotos)

Essa pergunta foi feita pelos israelitas que saíram do Egito através da condução de Moisés servo de Deus pelo deserto, encontramos o registro dessa passagem em Êxodo 17.7. Esta porção da palavra de Deus tem muito a nos ensinar nos dias de hoje.

O livro do Êxodo relata uma parte da jornada do povo de Israel no deserto, no contexto em que estamos a abordar, o povo encontrava-se sedento após acamparem-se em Refidim, o texto sagrado nos informa: “e não havia ali água para o povo beber” (Ex 17.1b). Essa é uma informação importante, que nos leva a pensar sobre a situação vivenciada pelo povo naquele momento, a ausência de água naquele local mexeu com o emocional do povo e a incredulidade acompanhada da murmuração passou a dominá-los por completo.

É também importante observar que desde que Deus enviou Moisés para libertar o povo das mãos de Faraó, ele operou grandes sinais no Egito, e em todos esses sinais o povo de Israel viu o poder de Deus e que ele estava trabalhando ao seu favor com o intuito de libertá-los. Após o sinal portentoso da abertura do mar Vermelho e a vitória sobre Faraó e seus exércitos, o povo presenciou e desfrutou mais da provisão de Deus, podemos ver na sequência dos fatos que: as águas de Mara se tornaram potáveis; Deus enviou-lhes codornizes para que comessem carne e também passou a fornecer-lhes o maná que caia do céu para os alimentarem todos os dias, no sexto dia eles colhiam em dobro para que pudessem guardar o dia sétimo. Deus estava cuidando do seu povo nos mínimos detalhes, porém as murmurações e as reclamações já estavam a dominar-lhes os corações, a ponto de Moisés clamar ao SENHOR Deus dizendo: “Que farei a este povo? Só lhe resta apedrejar-me.” (Ex 17.4b).

A bíblia diz que eles provocaram a Deus dizendo: “Está o SENHOR no meio de nós, ou não?” (Ex 17.7b). Essa pergunta não soa apenas duvidosa, ela na verdade é desrespeitadora e ingrata, pois em Êxodo 13.21-22 lemos o seguinte: “O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite.”

Embora pudessem desfrutar da presença diuturna de Deus eles estavam a questionar se ele estava de fato no meio deles. Fica claro aqui que pelo fato de não terem as suas vontades atendidas no momento, na maneira e do modo como eles queriam, o povo se lançou a murmurar e a ofender ao SENHOR. A bíblia diz que aquele lugar passou a se chamar Massá que significa “provação” e Meribá que significa “contenda”, pois nesse lugar o povo rebelando-se contra Deus provocou a sua ira.

No livro de Números encontramos narrado o momento que o Senhor Deus dá o veredito final de que aquela geração de israelitas não entraria na Terra Prometida (Nm 14.21-23,29-30), esse fato se deu logo depois do regresso dos doze espias, quando dez deles trouxeram um relatório desfavorável em relação a possuir a Terra, bem como contaminaram o coração de todo arraial fazendo assim o povo temer em ir em direção a Terra da Promessa, a partir daí eles murmuraram intensamente desejando inclusive voltar ao Egito e intentaram apedrejar Josué e Calebe que foram os dois espias que trouxeram o relatório favorável, a estes dois homens fiéis, Deus lhes permitiu a entrada na Terra (Nm 14.1-4,10,30). Ainda no livro de Números no capítulo 20 encontramos uma vez mais uma referência a Meribá onde o povo mais uma vez contende com o Senhor por causa de água.

O salmista no Salmo 95 e o autor da Epístola aos Hebreus fazem uma advertência muito forte usando esse episódio como referência, essa palavra chega até nós Igreja de Jesus, com uma mensagem impactante nos levando a uma séria reflexão sobre a importância de não cairmos na incredulidade:

“Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos. Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos. Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação.” (Hb 3.7-15)

Massá e Meribá se converteram em símbolos de falta de fé. A jornada do povo de Israel no deserto tipifica a jornada da igreja neste mundo caminhando rumo a Canaã Celestial, os israelitas daquela geração perderam a entrada na Terra Prometida justamente por causa da sua incredulidade e murmuração demonstrando claramente que os seus corações estavam longe do Senhor. Deus disse acerca deles: “Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos (v.10)”. A advertência é muito clara para nós hoje, se assim agirmos perderemos a entrada no seu descanso, ou seja, a vida eterna com Cristo Jesus nosso Senhor. Às vezes estamos como aquela geração de israelitas, duvidando da presença de Deus e do seu cuidado, quando enfrentamos os nossos problemas que podem ser os mais variados possíveis: uma grande dificuldade financeira, uma doença, um sério problema no casamento, ou até mesmo a perca de alguém que amamos muito, tudo isso e muitas outras coisas vêm para roubar a nossa alegria e tirar de nós a certeza de que Deus está conosco, mas é justamente nessa hora que a nossa fé nas doces promessas de Jesus Cristo e a certeza da salvação que ele operou em nós, nos fazendo habitação do seu Espírito, vão fazer toda a diferença. “Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos (v.14)”.

Precisamos guardar firme a confiança nele, aquela fé que tínhamos lá no início quando confessamos a ele como único e suficiente Salvador da nossa vida, se assim o fizermos, a dúvida a murmuração e a incredulidade não encontrarão espaço para fazer ninho em nossos corações.

Conclusão:

Em Hebreus 4.9 encontramos a afirmação de que: resta um “repouso” ou um “descanso” para o povo de Deus. Querido irmão essa afirmação precisa arder em nossos corações, nossas almas precisam anelar por essa promessa. Embora não haja mérito nenhum em nós, Deus Pai preparou essa morada eterna para o seu povo por meio do sacrifício vicário do Deus Filho. Aleluia! Que não venhamos a titubear por nada nesse mundo e vivamos a certeza que independente dos problemas e dificuldades: O Senhor está no meio de nós!

Pastor da Assembleia de Deus, filiado a CEADER e a CGADB, Bacharel em Teologia pela FACETEN e Professor no Seminário Teológico da AD do Mutuá, em São Gonçalo/RJ.

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