arqueologia bíblica
Veja o que estatuetas achadas em Israel revelam sobre os primeiros cristãos

Tel Malhata, Israel — Arqueólogos israelenses e alemães anunciaram a descoberta de estatuetas raras de osso e ébano em três túmulos cristãos do século VI ou VII d.C., localizados no antigo assentamento de Tel Malhata, no nordeste do deserto de Negev, próximo à base aérea de Nevatim. Os achados, considerados sem precedentes na região, reforçam a possibilidade de que os indivíduos sepultados fossem de origem africana, convertidos ao cristianismo durante a era bizantina.
As escavações foram conduzidas pela Autoridade de Antiguidades de Israel em parceria com a Universidade de Colônia, e os resultados foram publicados na revista arqueológica ‘Atiqot. As estatuetas de ébano — representando um homem e uma mulher com traços faciais africanos marcantes — são, segundo os pesquisadores, as primeiras desse tipo já identificadas em Israel, Jordânia ou regiões adjacentes.
“Parece que as estatuetas representavam ancestrais e não divindades. Se for o caso, é possível que os falecidos fossem de origem ‘etíope’ e que eles ou seus ancestrais tenham se convertido ao cristianismo e se mudado para o Neguev”, registrou o relatório oficial.
A hipótese de migração é sustentada por fontes históricas que apontam a presença de africanos, especialmente etíopes, em várias regiões do mundo greco-romano. Em Blacks in Antiquity (1970), o historiador Frank Snowden observou que etíopes habitavam áreas do Império Romano e Bizantino, o que amplia a plausibilidade de sua presença em Tel Malhata.
O arqueólogo Noé D. Michael, membro da equipe de escavação, destacou a singularidade do achado: “Até onde sabemos, nenhuma estatueta desse tipo foi identificada em Israel, na Jordânia e em nossa região”, afirmou em entrevista ao The Times of Israel. Segundo ele, os pingentes de ébano, esculpidos com traços africanos e furos para pendurar ao pescoço, não têm paralelos no Levante.
As estatuetas foram localizadas em três túmulos do tipo cista, revestidos com pedra, tipicamente utilizados em sepultamentos cristãos. Os corpos pertenciam a duas mulheres — uma entre 20 e 30 anos, e outra entre 18 e 21 — e uma criança de 6 a 8 anos. Os sepultamentos incluíam jarros de alabastro, pulseiras de bronze, recipientes de vidro e joias, além das cinco estatuetas, sendo três de osso e duas de ébano.
De acordo com a revista Smithsonian, a presença de estatuetas semelhantes nos túmulos da mulher mais velha e da criança sugere um possível vínculo materno. No entanto, tentativas de extrair DNA dos ossos para confirmar o parentesco não foram bem-sucedidas.
A Universidade de Tel Aviv identificou o ébano como Diospyros ebenum, uma espécie nativa do sul da Índia e do Sri Lanka. Isso reforça a tese de que os objetos chegaram à região por meio das rotas comerciais que cruzavam Tel Malhata. O assentamento, estabelecido desde a Idade do Bronze Médio, situava-se na confluência de duas importantes rotas comerciais: uma entre o Mar Vermelho e a Judeia, e outra ligando o Mediterrâneo à Arábia.
A expansão do cristianismo na região é datada do século VI, período do reinado do imperador Justino I (518–527), quando o cristianismo se espalhou por rotas de peregrinação e comércio, alcançando comunidades africanas. Nesse contexto, os arqueólogos sugerem que as estatuetas podem refletir práticas de memória ancestral e identidade cultural preservadas após a conversão.
“As estatuetas podem ter sido itens pessoais, representando a continuidade de tradições anteriores ao cristianismo”, indicou o relatório. Embora os sepultamentos apresentem características cristãs, os objetos sugerem uma transição cultural em curso entre as práticas ancestrais e a nova fé.
A equipe também observou um padrão de gênero nos objetos funerários encontrados nos 155 túmulos escavados: a maioria das mulheres foi sepultada com joias, vasos e estatuetas, enquanto os homens raramente foram enterrados com bens — exceção feita a dois indivíduos idosos e possivelmente de classe elevada.
Ainda que a origem exata dos sepultados permaneça incerta por falta de evidências genéticas, os pesquisadores consideram plausível que os túmulos revelem uma presença etíope cristã primitiva em território israelense. A combinação entre iconografia africana, ritos funerários cristãos e rotas comerciais ativas na época sustenta essa conclusão.
A Bíblia registra o testemunho de fé de um etíope convertido logo nos primeiros anos da igreja. Em Atos 8.26-39, o evangelista Filipe batiza um eunuco etíope, oficial da rainha Candace, após este ler o profeta Isaías e crer que Jesus era o Messias. A conversão desse viajante é considerada, por estudiosos cristãos, o primeiro registro missionário nas terras da África Subsaariana.
Assim, a descoberta em Tel Malhata pode lançar nova luz sobre a história da presença cristã africana nas primeiras comunidades do Oriente Médio, apontando para uma fé que transcendeu fronteiras étnicas, culturais e geográficas desde os primeiros séculos da igreja.

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