Jesus – Sumo sacerdote de uma ordem superior

Lições práticas deste estudo

Agora, porque o autor de Hebreus estabelece este estudo tipológico envolvendo Melquisedeque e Jesus, nos capítulos 5 a 7 de sua carta? Por um mero exercício intelectual? Para sobejar teologia, sem finalidade prática? Certamente que não. Mais que ortodoxo (crença correta), o autor pretende levar seus leitores à ortopatia (sentimento correto) e à ortopraxia (práticas corretas). Vejamos:

• Tomar Cristo como um antítipo de Melquisedeque atende ao propósito do autor, que é provar a superioridade de Cristo acima da religião judaica à qual os cristãos estavam tentados a retornar.
• Tomar Cristo como um antítipo de Melquisedeque, especialmente recorrendo ao texto de Salmos 110.4 atende ao propósito do autor que é demonstrar que Cristo não é mero homem, mas também “Senhor” e Deus, digno de ser adorado.
• Tomar Cristo como um antítipo de Melquisedeque é advertir os crentes judeus quanto ao fato de que que não faz sentido voltarem à religião judaica, já que aquela antiga aliança e seus cultos com suas formalidades cumpriram seu papel apontando para aquele que é perfeito, cujo sacrifício é único e eficaz para salvação de todos quantos a ele se achegarem e que Cristo é Sumo Sacerdote, feito fiador de um melhor concerto (Hb 7.22,25). Cristo estabeleceu de fato e verdade uma “nova ordem”, removendo a antiga ordem sacerdotal levítica!

Em Cristo temos a supremacia de tudo, a realidade do que era apenas sombra nos dias dos patriarcas e profetas!

Temos a água mudada em vinho, temos o véu rasgado, temos o último cordeiro, não mais dos judeus, mas de Deus, e que tira o pecado do mundo! Em Cristo temos não um sacerdote pecador que precisa fazer expiação por sua própria culpa regularmente, mas um sumo sacerdote “perfeito para sempre” (Hb 7.28)!

Enquanto os judeus sentem-se tentados à voltar atrás, o autor de Hebreus com euforia fala de Cristo: “É de um sumo sacerdote como este que precisávamos: santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima dos céus” (Hb 7.26, NVI).

Conclusão

Jesus é tudo o que precisamos! Jesus é tudo o que temos. A antiga aliança cessou, e os que quiserem voltar a ela nem a encontrarão, nem encontrarão expiação para sua culpa.

Ficarão a vagar sem qualquer luz! Como seria impossível aos servos de Caná da Galiléia reverterem o milagre de Cristo na transformação da água em vinho, assim seria impossível aos crentes judeus reverterem a Graça em Lei e costurarem o véu que o Pai, de alto a baixo, já havia rasgado! (Mc 15.38)

Solus Christus!

Sola Gratia!

REFERÊNCIAS

• Esdras Bentho. Hermenêutica fácil e descomplicada: como interpretar a Bíblia de maneira prática e eficaz, CPAD pp. 226,7
• Ada Habershon. Manual de tipologia bíblica: como reconhecer e interpretar símbolos, tipos e alegorias das Escrituras Sagradas, Vida, p. 10
• Tipo é aquilo que representa, por uma correspondência de características, algo ou alguém que virá após. Antítipo é exatamente o cumprimento do tipo, ou seja, é aquilo ou aquele que foi tipificado, prefigurado, representado antes no tipo. Por isso diz-se que Melquisedeque é um tipo e que Cristo é o antítipo. Todo tipo tem seu antítipo, e vice-versa. Os tipos se encontram no Antigo Testamento, os antítipos estão no Novo Testamento.
• Esdras Bentho. Op. cit., pp. 232-235
• José Gonçalves. A supremacia de Cristo: fé, esperança e ânimo na carta aos Hebreus, CPAD, p. 69

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