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Líderes evangélicos sequestrados na Colômbia são encontrados mortos

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Líderes evangélicos sequestrados na Colômbia são encontrados mortos

As autoridades da Colômbia confirmaram, nesta semana, a identificação dos corpos de oito cristãos evangélicos desaparecidos desde abril. Os corpos estavam enterrados em uma vala comum na selva de Guaviare, região marcada pela atuação de grupos armados ilegais. As vítimas pertenciam à Alianza de Colombia e à Igreja Cuadrangular e haviam sido sequestradas sob falsos pretextos por dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

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O sequestro ocorreu no município de Calamar, quando os líderes evangélicos foram convocados por integrantes da Frente Armando Ríos, facção dissidente das FARC, liderada por Iván Mordisco. De acordo com a Procuradoria-Geral da Colômbia, os cristãos foram acusados, sem fundamentos, de suposta ligação com o grupo rival ELN (Exército de Libertação Nacional) e posteriormente executados.

Em comunicado, a Procuradoria esclareceu que “não há qualquer vínculo entre as vítimas e grupos armados ilegais” e que os oito eram líderes comunitários engajados em ações humanitárias. A descoberta dos corpos foi possível após uma missão humanitária realizada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que recebeu informações de grupos armados sobre possíveis locais de enterro clandestino. As autoridades, munidas dessas informações, identificaram a vala comum e realizaram os exames de reconhecimento.

A notícia provocou forte comoção entre os cristãos na Colômbia. Em nota oficial, a Confederação Evangélica da Colômbia (CEDECOL) expressou “profunda consternação, indignação e repúdio ao vil assassinato de oito líderes cristãos”. Igrejas de diferentes denominações têm realizado cultos e momentos de oração em memória das vítimas, pedindo consolo para os familiares e justiça diante do ocorrido.

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Clima de medo

O assassinato dos líderes evangélicos expôs novamente a vulnerabilidade das comunidades cristãs em áreas de conflito. Moradores de Calamar relataram à imprensa local que vivem sob o rígido controle da Frente Armando Ríos. Um pastor ouvido pela revista Semana afirmou que os cultos precisam ser realizados mais cedo, pois a circulação de pessoas é proibida após as 18h. “Após as seis da tarde, ninguém pode sair. Os cultos precisam acontecer mais cedo. Somos obrigados a cumprir, porque nossas vidas estão em risco”, declarou.

Diante da crescente violência, diversos moradores decidiram abandonar a região, temendo por sua segurança. A presença de facções armadas e o domínio sobre comunidades inteiras têm dificultado o trabalho missionário e as ações de assistência social promovidas por igrejas locais.

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Perseguição religiosa

A Colômbia tem uma população cristã expressiva, com forte presença evangélica, especialmente em regiões urbanas. No entanto, zonas rurais e áreas de floresta seguem sendo territórios de risco para os cristãos. Segundo o relatório anual da organização Portas Abertas, grupos guerrilheiros, frequentemente ligados ao narcotráfico, “tornaram-se mais poderosos e controlam mais territórios”.

A entidade alerta que “esses grupos frequentemente atacam cristãos, especialmente se os percebem como opositores aos negócios dos cartéis e gangues”. Pastores, evangelistas e líderes comunitários são alvos preferenciais. “Líderes cristãos estão particularmente em risco: são vistos como uma ameaça devido à sua capacidade de influenciar os jovens, recrutados pelas gangues e que constituem grande parte das fileiras dos grupos guerrilheiros”, afirma a organização, segundo informações do Evangelical Focus.

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A perseguição religiosa nesses territórios não ocorre de forma institucionalizada, mas está vinculada ao contexto de conflito armado e controle social exercido por facções ilegais. Igrejas que desenvolvem atividades com jovens, famílias e projetos de recuperação de dependentes químicos, por exemplo, são vistas como barreiras à expansão das redes criminosas.

Resposta evangélica

Além da nota da CEDECOL, outras lideranças evangélicas manifestaram solidariedade às famílias e reafirmaram o compromisso de seguir atuando em regiões vulneráveis, mesmo diante dos riscos. “Sabemos que o Senhor é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”, declarou um líder batista da região, fazendo referência ao Salmo 46:1.

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Líderes locais pedem apoio do governo e da comunidade internacional para garantir proteção às igrejas que atuam em áreas de conflito. Também cobram medidas mais efetivas para combater o avanço de facções criminosas que impõem regimes de medo em zonas rurais.

A identificação dos corpos foi concluída por peritos forenses da Procuradoria-Geral e do Instituto Nacional de Medicina Legal. Os restos mortais deverão ser entregues às famílias nos próximos dias para cerimônias fúnebres. A expectativa é de que as investigações prossigam para identificar todos os envolvidos e garantir a responsabilização criminal dos autores.

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As FARC foram oficialmente desmobilizadas em 2016, após o Acordo de Paz assinado com o governo colombiano. No entanto, diversos grupos dissidentes rejeitaram os termos do acordo e mantiveram-se armados, disputando o controle de territórios estratégicos para o tráfico de drogas e a mineração ilegal. O departamento de Guaviare, onde os corpos foram encontrados, está entre as áreas mais afetadas por esses grupos.

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