sociedade
Médica de MG cria primeiro serviço de aborto por telemedicina
Profissional de saúde recorreu a recursos para ajudar na interrupção da gravidez.
O aborto no Brasil é permitido em apenas três casos: estupro, anencefalia e risco de vida da mãe, mas com a pandemia, uma ginecologista e obstetra chamada Helena Paro criou uma alternativa para ajudar mulheres.
A médica trabalha no Hospital das Clínicas de Uberlândia, e logo no início da pandemia, em março de 2020, a legalidade do aborto não foi considerada um serviço essencial, então decidiu buscar uma alternativa para continuar as consultas sem atender presencialmente.
O plano de Helena foi elaborar um projeto que pudesse fazer as interrupções de gravidez à distância, como fizeram no Reino Unido e nos Estados Unidos durante a quarentena.
A telemedicina no Brasil só foi aprovada por uma lei em abril de 2020, em maio a ginecologista apresentou a sua proposta, mas com as desconfianças do projeto só foi possível aprová-lo em agosto.
O serviço é oferecido pelo Núcleo de Atenção Integral a Vítimas de Agressão Sexual (Nuavidas), que faz parte da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Como funciona o serviço de aborto a distância
Um grupo de jurídicos do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero Anis montam um protocolo para seguir a risca a legislação brasileira em relação ao aborto e saúde durante a pandemia, contou Helena.
A primeira consulta da paciente é presencial, além das médicas ela passa por psicólogos e assistentes sociais. Ela recebe três doses de um medicamento para indução da remoção da criança, recebendo todas as informações quanto aos efeitos colaterais e forma de uso.
A equipe médica fica disponível para atender as pacientes 24 horas em caso de emergência ou dúvidas, usando o WhatsApp para mandar orientações verbais e por escrito. Uma nova consulta remota é marcada depois da ingestão da medicação.
A ginecologista garantiu que o procedimento só é feito se tiver de acordo com as hipóteses legais da lei brasileira, e afirma que recebe muitos agradecimentos por parte das mulheres que atende, segundo reportou o UOL.
“O que faço hoje me dá a sensação de que estou cumprindo meu papel de médica por estar ao lado das mulheres, evitando que elas morram e as vendo renascer”, disse.
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