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Milei inaugura igreja e critica a esquerda em discurso

O presidente da Argentina, Javier Milei, participou no último fim de semana da inauguração do Portal del Cielo, novo templo da Iglesia Cristiana Internacional, na província de Chaco. Com capacidade para mais de 10 mil pessoas, o auditório é agora considerado o maior templo evangélico do país.
A inauguração integrou a programação do Congresso Mundial da Invasão do Amor de Deus, evento de dois dias promovido pela denominação, que reuniu líderes religiosos de diferentes partes do mundo. O pastor Jorge Ledesma, fundador da igreja, declarou que a construção foi iniciada com base em uma “profecia espiritual” recebida há 17 anos, e levou uma década para ser concluída, utilizando recursos próprios. Atualmente, a instituição afirma ter cerca de 50 mil membros e presença ativa em 66 países.
Para garantir a segurança do evento, foi mobilizado um contingente de ao menos 120 agentes policiais. Os ingressos variavam de 30 mil pesos argentinos até 100 mil dólares, com as áreas VIP rapidamente esgotadas. A presença do presidente elevou ainda mais a expectativa do público, que lotou o local nos dois dias de programação.
Tom político
Durante a cerimônia, Javier Milei fez um discurso fortemente marcado por críticas a ideologias de esquerda e à intervenção estatal. “Os valores judaico-cristãos são fonte de progresso”, declarou o presidente. Em seguida, afirmou que os “antivalores da esquerda levam à miséria, à pobreza e ao subdesenvolvimento”.
Ao longo de sua fala, Milei mencionou episódios das Escrituras, incluindo a tentação de Jesus no deserto (Mateus 4:8-10), como forma de criticar o papel do Estado. “Esse é o Estado”, afirmou, ao comparar a oferta de reinos feita por Satanás a Jesus com a atuação de governos que, segundo ele, tentam ocupar o lugar de Deus.
“O primeiro alvo da esquerda costuma ser a fé”, disse o presidente. “Eles tentam substituir o Deus dos céus pelo deus Estado, usado por invejosos e ressentidos para se apropriarem do fruto do trabalho das pessoas de bem.”
Segundo Milei, sua visão política está enraizada nos valores da tradição judaico-cristã. “As eleições de 2023 foram, na verdade, uma reconciliação do povo argentino com os princípios da liberdade e uma rejeição ao falso deus representado pelo Estado.”
Ele também classificou a ideologia de esquerda como um “vírus que contamina a mente das pessoas”, enchendo-as de “ódio e ressentimento”. E questionou: “Desde quando um pecado capital passou a ser tratado como virtude? Eles não vão nos destruir — nós conhecemos as Sagradas Escrituras”.
Sobre o conceito de justiça, afirmou que, na visão da esquerda, ela se resume à redistribuição de recursos. “Mas isso não é justiça de verdade”, disse. “Para beneficiar alguns, é necessário retirar de outros. Aprendemos isso da pior maneira aqui na Argentina — quem distribui, geralmente é quem mais lucra.”
Milei encerrou sua fala mencionando a condenação da ex-presidente Cristina Kirchner, como evidência de que “alguns deles já começaram a acabar na prisão”, o que considerou um sinal de mudança política no país.
Reações no meio evangélico
A participação do presidente gerou reações distintas entre lideranças cristãs. O pastor Norberto Saracco, da Iglesia Buenas Nuevas e membro do Conselho de Pastores de Buenos Aires, criticou o uso do púlpito para um discurso de viés político:
“O púlpito foi emprestado ao presidente para uma diatribe repleta de distorções e ataques ideológicos. Isso fere os princípios do evangelho”, declarou. Saracco também observou que “nenhum presidente argentino discursou em eventos religiosos católicos, judeus ou muçulmanos”.
O pastor e político Walter Ghione também manifestou discordância quanto à forma como Milei vinculou o papel do Estado à figura do mal: “O Estado não é o mal em si. Ele é moldado por quem o governa”, afirmou. Para ele, reduzir a justiça social a uma “retórica movida por inveja” é uma “simplificação perigosa”.
Já o pastor Jorge Fernández, membro da FEREDE (Federação de Entidades Religiosas Evangélicas da Espanha) e radicado no país europeu, lembrou com preocupação da proximidade entre líderes religiosos e regimes autoritários na América Latina. “Milei é um presidente democraticamente eleito, mas o púlpito não é lugar para chefes de Estado”, pontuou.

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