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Presidente cobra prisão de extremistas após massacre de cristãos na Nigéria

Nos dias 13 e 14 de junho, um ataque violento à vila de Yelwata, localizada no estado de Benue, resultou na morte de mais de 100 pessoas, em sua maioria cristãos deslocados. O episódio, classificado por líderes locais como uma invasão planejada, reacendeu os debates sobre a natureza da violência na região central do país.
Durante reunião realizada em Makurdi, capital do estado, o presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, pediu ação imediata contra os agressores. “Imagino que esses criminosos devam ser presos”, declarou Tinubu ao inspetor-geral da polícia, Kayode Egbetokun, segundo o portal TruthNigeria. O presidente também apelou por cooperação entre as lideranças militares e de inteligência para identificar os responsáveis.
Apesar do discurso, o governante tradicional da etnia Tiv, James Ortese Iorzua Ayatse, contestou a narrativa frequentemente adotada por autoridades. “Não se trata de confrontos entre pastores e agricultores, nem de confrontos comunitários ou ataques de represália”, afirmou. “É uma invasão genocida e uma campanha de grilagem de terras calculada, bem planejada e em larga escala, por pastores terroristas e bandidos”.
De acordo com a organização Christian Solidarity Worldwide (CSW), os primeiros ataques ocorreram por volta das 22h do dia 13 de junho, tendo como alvo um abrigo improvisado em uma missão cristã que acolhia mais de 400 deslocados internos. Os agressores foram inicialmente repelidos por militares, mas retornaram e atacaram o mercado principal da vila, incendiando construções e assassinando civis com armas de fogo e facões.
Relatos de moradores e grupos humanitários, como a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), indicam que os agressores gritavam “Allahu Akbar” enquanto avançavam pelas casas, muitas das quais estavam repletas de famílias dormindo. Ainda segundo a ACN, os militantes tentaram invadir a Igreja de São José, onde dormiam cerca de 700 pessoas, mas foram detidos pela polícia.
Histórico de violência
A região do estado de Benue, conhecida por sua população majoritariamente cristã, tem sido alvo constante de ataques. Só no período entre 1º de abril e 1º de junho deste ano, mais de 270 pessoas foram mortas, segundo dados da própria CSW. Desde 2011, mais de 5.700 vidas teriam sido perdidas em ataques semelhantes no estado, resultando no deslocamento de mais de 150.000 pessoas.
A CSW estima que 6.500 pessoas foram deslocadas somente em junho de 2025, em uma nova escalada de ataques. Vítimas relataram que os agressores chegaram de diferentes direções, armados com rifles automáticos, e destruíram plantações que abasteceriam a vila por até um ano.
Reações internacionais
Em resposta ao massacre, a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) renovou seu apelo ao Departamento de Estado para que a Nigéria seja novamente designada como País de Preocupação Particular (CPC) por violações sistemáticas da liberdade religiosa.
“A violência abominável no Cinturão Médio da Nigéria e os ataques sistemáticos, contínuos e flagrantes em toda a Nigéria contra cristãos e muçulmanos são indícios de que os esforços de prevenção do governo estão falhando”, disse a presidente da USCIRF, Vicky Hartzler.
O comissário Mohamed Elsanousi defendeu o uso de recursos da assistência externa norte-americana para melhorar o treinamento das forças de segurança locais. “O governo dos EUA deve usar assistência estrangeira para abordar a resolução de conflitos e aprimorar o treinamento do setor de segurança para que comunidades religiosas vulneráveis possam ser melhor protegidas”, afirmou.
Raízes e ideologias dos ataques
Embora nem todos os Fulani — grupo étnico majoritariamente muçulmano presente em toda a região do Sahel — compartilhem visões radicais, investigações apontam que milícias armadas da etnia têm se alinhado a ideologias jihadistas. Um relatório do Grupo Parlamentar Multipartidário do Reino Unido para Liberdade de Religião ou Crença (APPG), publicado em 2020, alerta para a atuação de elementos extremistas Fulani com estratégias semelhantes às do Boko Haram.
“Eles demonstram uma clara intenção de atingir cristãos e símbolos poderosos da identidade cristã”, afirma o documento.
Líderes cristãos nigerianos também sustentam que a motivação central dos ataques é a ocupação forçada de terras pertencentes a comunidades cristãs. A degradação ambiental e a desertificação teriam agravado o conflito, dificultando a subsistência dos rebanhos e alimentando disputas por território.
Escalada da perseguição
A Nigéria ocupa o 7º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada pela Missão Portas Abertas, que reúne os 50 países mais perigosos para os cristãos. O relatório informa que 3.100 cristãos foram mortos na Nigéria durante o último período avaliado, o que representa 69% de todos os assassinatos de cristãos documentados no mundo.
O estudo aponta que as áreas de maior risco estão localizadas no centro-norte do país, como Benue, onde milícias Fulani intensificam os ataques a comunidades agrícolas, além da presença contínua de grupos como Boko Haram e o Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP) no norte do país.
Nos últimos meses, a violência também alcançou os estados do sul e o surgimento do grupo Lakurawa, ligado à Al-Qaeda, despertou alertas internacionais. Segundo o relatório da World Watch List, o grupo possui armamento sofisticado e uma agenda islâmica radical, com atuação concentrada no noroeste da Nigéria.

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