opinião
Nossa resposta e ação contrária à violência contra a mulher
“Pois, assim como a mulher proveio do homem, também o homem nasce da mulher. Mas tudo provém de Deus.” (1 Coríntios 11:12)
Todos somos seres humanos e todos somos, em Cristo, filhos de Deus. Não existe distinção, porque todos nós viemos de um único Deus Pai, nosso eterno criador. Toda violência contra a mulher é uma violência contra a vida, contra a humanidade e contra Deus! Ao contrário da violência, a Bíblia ordena a honra:
“Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito.” (Efésios 5:33)
A violência contra a mulher é uma terrível realidade na sociedade, violência física, moral e sexual. Infelizmente, como se não bastasse a realidade na sociedade em geral; essa realidade também se apresenta na igreja cristã, seja ela evangélica ou católica, e precisa ser encarada, denunciada e tratada; inclusive falando sobre o tema de forma preventiva e exortativa, para que o mal não cresça diante do silêncio e omissão por parte da própria igreja. Você tem refletido sobre este assunto?
Alguns dados são bastante estarrecedores. Nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil. Cerca de 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio no último ano. E é espantoso que entre os casos de violência contra a mulher, 42% ocorreram no ambiente doméstico.
Geralmente, o companheiro é o responsável, ou filhos adultos, sendo que a conexão com consumo de álcool e drogas é grande. Após sofrer uma violência, mais da metade das mulheres (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda. Muitas delas não o fazem por temerem pela própria segurança.
Segundo Agência Brasil, no contexto do isolamento social, pela realidade da pandemia de covid-19, os atendimentos da Polícia Militar às mulheres vítimas de violência aumentaram 44,9% no estado de São Paulo. O Ministério Público de São Paulo, em pesquisa sobre feminicídio em São Paulo, revelou que 66% dos feminicídios consumados ou tentados foram praticados na casa da vítima. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), destaca que os vizinhos das vítimas compartilham em redes sociais o que testemunham.
Os relatos sobre brigas entre vizinhos totalizaram 52 mil postagens no Twitter, entre fevereiro e abril de 2020, um acréscimo impressionante de 431%.
Atualmente, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), destaca que os casos de feminicídio cresceram 22,2%, entre março e abril deste ano, em 12 estados do país, comparativamente ao ano passado. Em março e abril, os casos subiram de 117 para 143.
No mundo a realidade não é diferente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Hoje, cerca de 1 em 3 (35%) das mulheres em todo o mundo sofreram violência física e ou sexual por parceiro íntimo ou violência sexual sem parceiro durante a vida.
No mundo, quase um terço (30%) das mulheres, que estão em um relacionamento, relatam que sofreram alguma forma de violência física e/ou sexual por seu parceiro íntimo durante a vida. E em países muçulmanos, onde a sharia é aplicada, estes números são ainda maiores, mas devido a falta de direitos humanos e liberdade de comunicação e religião, as estatísticas ficam ainda mais comprometidas.
Há evidências de que as intervenções de aconselhamento e defesa de poder, bem como a visita domiciliar, são promissoras na prevenção ou redução da violência por parceiro íntimo contra as mulheres. As crianças que crescem em famílias onde há violência podem sofrer uma série de distúrbios comportamentais e emocionais. Elas também podem estar associadas a perpetrar ou sofrer violência mais tarde na vida. A violência por parceiro íntimo também tem sido associada a taxas mais altas de mortalidade e morbidade infantil (por exemplo, doenças diarréicas ou desnutrição).
A realidade é que hoje, no Brasil e no mundo, a violência contra a mulher está em escalada crescente e muito pouco tem sido feito para mudar esta realidade.
A igreja evangélica brasileira pouco tem feito para pautar este tema e, por meio da sua voz e influência na sociedade, contribuir diretamente para mudar esta realidade; já que a pauta em defesa da mulher não é uma pauta política e ideológica, e sim uma pauta da vida, da fé e, sobretudo, do cristianismo, já que nosso Senhor Jesus também defendeu as mulheres.
O clássico encontro de Jesus com a multidão, que deseja apedrejar a mulher adúltera com base na Lei Mosaica, é um grande ensino de luta e resistência contra a mulher. Está escrito no Evangelho:
“Então Jesus pôs-se de pé e perguntou-lhe: “Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou? “ “Ninguém, Senhor”, disse ela. Declarou Jesus: “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado”. Falando novamente ao povo, Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. (João 8:10-12).
Este é um poderoso ensino da real pauta do Evangelho de Jesus. É pela vida, pelo perdão, pelo amor, pela graça e misericórdia! Mulher deve ser amada e honrada, nunca violentada. Paulo assim escreveu:
“Da mesma forma, os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo.” (Efésios 5:28).
Como você tem lidado com este tema? Você está engrossando as estatísticas da sociedade hedonista, sem misericórdia e se omitindo ou causando violência para as mulheres? Ou você está com Jesus e seu Evangelho e está na defesa das mulheres?
Quando Jesus se encontrou com a mulher Samaritana, fruto daquele diálogo, vemos como ele a honrou. Deste encontro, temos lições para seguir e fazer o mesmo com as novas mulheres samaritanas que encontraremos na vida.
“Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: “Dê-me um pouco de água”. A mulher samaritana lhe perguntou: “Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber? ” (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.) Jesus lhe respondeu: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva”. (João 4:7-10).
A violência contra a mulher é crime, é pecado e jamais pode ser ignorada, romantizada ou minimizada. Todos somos responsáveis e temos que fazer nossa parte. Sem dúvida, o papel dos líderes evangélicos se destaca e são cobrados a se posicionarem por esta causa de justiça.
Jamais se omita, nunca seja indiferente a esta cruel e nefasta realidade que oprime e danifica a imagem da mulher, que é imagem e semelhança de Deus, bem como gera sequelas inumeráveis na sociedade.
Faça sua parte em defesa da causa da mulher; ore, apoie, denuncie e ajude; seja instrumento de justiça do Céu na terra, porque a igreja precisa ser voz e todos nós precisamos ser resposta de ação e transformação na sociedade.
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