Pastor Greg Laurie urge cristãos ao evangelismo: ‘Deus usa pessoas comuns’

 

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Com mais de cinco décadas dedicadas à evangelização, o pastor Greg Laurie, líder da Harvest Christian Fellowship (Califórnia e Havaí), refletiu sobre seu chamado e legado durante o Congresso Europeu sobre Evangelismo, promovido pela Associação Evangelística Billy Graham (BGEA), realizado esta semana no hotel JW Marriott, em Berlim.

Laurie, que afirma ter visto mais de 1 milhão de pessoas se comprometerem com Cristo ao longo de seu ministério, compartilhou aprendizados colhidos em décadas de convivência com Billy Graham. Em entrevista, ele relembrou um conselho recebido durante um almoço com Graham, pouco antes de seu falecimento em 2018:

“Gostaria de me lembrar de pregar mais sobre a cruz de Cristo e o sangue de Cristo porque é aí que está o poder”, disse Graham na ocasião.

O evangelista declarou que nunca se esqueceu daquelas palavras. “A mensagem do evangelista é muito simples e temos que evitar complicá-la”, afirmou Laurie, que atua há 25 anos no conselho administrativo da BGEA e participou de diversas cruzadas ao lado de Graham.

Para ele, a convivência com Graham representou um aprendizado que ia além das palavras. “Você observa o estilo de vida dela, como ela se comporta, como é acessível às pessoas”, comentou. “Senti que estava matriculado na melhor universidade evangélica do mundo.”

Ao falar sobre a influência de Graham, Laurie o descreveu como “um evangelista extraordinariamente talentoso que também foi uma figura pastoral para todos os presidentes americanos, de Harry Truman a Obama”. Ele reconhece, porém, que não há hoje quem ocupe esse mesmo lugar. “Billy Graham foi chamado para ser Billy Graham. Acho que todos somos chamados a levar o Evangelho à nossa geração, à nossa maneira”.

Durante o congresso, Laurie enfatizou aos participantes que a integridade pessoal deve estar no centro da vida de quem evangeliza. “Nosso papel é pregar o Evangelho, semear a semente e deixar o resultado final nas mãos de Deus”, afirmou. Para ele, não se trata de conversões automáticas, mas de profissões de fé — algumas duradouras, outras não.

“Tentamos fazer tudo o que podemos, sem sermos desagradáveis, para ajudar uma pessoa a crescer na fé depois de ter feito uma profissão de fé”, disse.

Laurie também destacou a diferença entre ser evangélico e ser evangelista. Segundo ele, “evangélico” refere-se a quem crê na inspiração das Escrituras e na necessidade de um relacionamento com Cristo, enquanto o evangelista é aquele especificamente chamado para proclamar o Evangelho.

“Todo cristão é chamado a evangelizar, porque a Grande Comissão foi dada a todos nós”, disse Laurie, referindo-se a Mateus 28:19-20.

Segundo o evangelista, esse chamado não requer púlpitos nem grandes plataformas. “São apenas pessoas comuns que receberam o dom de Deus para compartilhar sua fé”. Para ele, a simplicidade discreta é essencial, especialmente diante da imagem estereotipada de evangelistas na cultura popular.

“Quando alguém conhece um cristão piedoso, gentil e amoroso, os estereótipos se desfazem. Uma maneira de expressar isso é: ‘se você quer conquistar alguém, seja cativante’”.

Laurie citou o exemplo bíblico de Filipe, reconhecido em Atos como evangelista, e mencionou também os apóstolos Pedro e Paulo como exemplos desse chamado. No século XX, afirmou que Billy Graham foi o maior exemplo desse dom, seguido por seu filho, Franklin Graham. Ele reconhece, no entanto, que hoje são poucos os que assumem ou reconhecem esse chamado específico.

“Muitas pessoas são chamadas para o ministério ou para pastorear, mas parece que não encontramos muitos que sejam especificamente chamados para ser evangelistas”, observou. “Por isso tenho um coração especial por eles”.

Laurie encorajou os participantes a confirmar seu chamado, citando 2 Pedro 1:10: “Esforçai-vos para confirmar a vossa vocação e eleição.” Ele afirmou que frutos no ministério são um indicativo desse chamado, ainda que os resultados variem. “Paulo pregou em Atenas e poucos foram salvos, mas em outras ocasiões muitos se converteram. O importante é que haja alguma resposta”.

O evangelista apontou que o maior indicador de sucesso no ministério não são os números, mas a fidelidade. Ele citou Mateus 25:21: “Muito bem, servo bom e fiel”, lembrando que Jesus não elogia o “servo bem-sucedido”, mas o servo fiel.

“O sucesso também é terminar bem a corrida, viver uma vida íntegra, não contradizer o que você prega nem sabotar seu ministério com más escolhas”, disse.

Laurie concluiu que Deus usa pessoas comuns para cumprir Seus propósitos, como demonstra a história de Moisés e Gideão. Para ele, a humildade é essencial para o chamado evangelístico. “Se você pensa: ‘Sou a pessoa mais qualificada que já andou na Terra’, provavelmente você se desqualificou”.

No encerramento da entrevista ao The Christian Post, Laurie reafirmou que o Evangelho continua sendo o poder de Deus para a salvação (Romanos 1:16), e que, mesmo em tempos de incerteza, sua proclamação permanece como a tarefa mais urgente da Igreja.

“Acredito que há um poder explosivo na mensagem simples, porém profunda, do Evangelho”.