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Quênia recruta pastores evangélicos para guiar a missão no Haiti

O grupo de pastores desempenha um papel significativo fazendo recomendações, e sendo intermediários entre as comunidades e o presidente.

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Gangues no Haiti
Gangues no Haiti (Foto: Reprodução/CBN News)

Nos meses anteriores ao envio de policiais do Quênia ao Haiti, o presidente William Ruto buscou orientação não apenas de conselheiros políticos e autoridades de segurança, mas também de um grupo de pastores evangélicos próximos a ele e à sua esposa, Rachel Ruto. Esse círculo de pastores desempenhou um papel significativo ao emitir recomendações e atuar como intermediários .

Os pastores quenianos, incluindo Serge Musasilwa, participaram de reuniões com haitianos nos Estados Unidos e com líderes evangélicos, funcionários do governo dos EUA e até mesmo com o notório líder de gangue haitiano Jimmy “Barbecue” Cherizier. Musasilwa, com experiência em resolução de conflitos na República Democrática do Congo e outros países africanos, expressou a crença de que eles poderiam ser ferramentas usadas por Deus para ajudar na situação do Haiti.

A missão de enviar policiais quenianos ao Haiti visa combater a crescente violência de gangues que aflige o país. O Haiti enfrenta uma grave crise humanitária e de segurança, exacerbada por gangues violentas que, nos primeiros três meses de 2023, resultaram na morte de mais de 1.500 pessoas.

Intervenções anteriores no Haiti, como a missão de paz da ONU que durou 13 anos, não conseguiram estabilizar o país e deixaram legados negativos, incluindo um surto de cólera em 2010. Este histórico de fracassos aumenta a necessidade de uma abordagem mais conectada com a população local, algo que os pastores esperam alcançar.

Daniel Jean-Louis, presidente da Missão Baptista Haiti, destacou a importância de estar ligado à população local para evitar os erros das intervenções passadas. A colaboração entre pastores quenianos e haitianos inclui a elaboração de propostas focadas em quatro temas principais: lei e ordem, situação humanitária, liderança política e uma componente espiritual.

Rachel Ruto, que lidera o programa de “diplomacia da fé”, tem envolvido líderes religiosos em iniciativas sociais. Durante reuniões em Nairobi, ela destacou a necessidade de uma “solução espiritual” para o Haiti, sublinhando a importância de orações antes do envio dos policiais.

Apesar das boas intenções, a estratégia dos pastores não está isenta de críticas. Pierre Espérance, da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos no Haiti, argumenta que a sensibilização dos líderes de gangues é um insulto às vítimas. Ele defende que a solução não reside em abordagens evangelísticas, mas no cumprimento do mandato de segurança.

Segundo Reuters, os pastores quenianos, durante visitas aos EUA, estabeleceram conexões com a diáspora haitiana e realizaram reuniões estratégicas. Em Austin e Miami, eles discutiram propostas que foram posteriormente apresentadas ao presidente Ruto. Além disso, tiveram uma ligação via Zoom com líderes de gangues haitianas, incluindo Barbecue, na esperança de encontrar uma solução pacífica para o conflito.

Musasilwa e outros pastores acreditam que os problemas do Haiti são, em grande parte, de natureza espiritual. Eles lançaram uma campanha global de oração pelo Haiti, focando especificamente em práticas espirituais locais como o Vodu, que combinam tradições com outras religiões.

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