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estudos bíblicos

A obra salvífica de Cristo

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 5 do trimestre sobre “A obra da salvação”

em

Jovem em frente a cruz. (Foto: StockSnap / Pixabay)

A redenção eterna

Segundo Antônio Gilberto, “Nos dias bíblicos, redenção é a libertação de um escravo, mediante um resgate – gr. lytron (este termo aparece em Mateus 20.28) –, além de retirar esse escravo do mercado de escravos, para não mais ficar exposto à venda. Redenção sempre requer o preço a ser pago para garantir a liberdade do escravo” (9). Redenção compreende o resultado final de toda obra salvífica de Cristo.

O mais vil pecador, o mais atroz inimigo de Deus dentre os homens, pode com Deus ser reconciliado mediante o sangue redentor de Cristo vertido na cruz do Calvário. Como eu digo, “Ali, ao pé da cruz de Cristo tudo se nivela. Não há predestinados, nem não predestinados; não há eleitos, nem réprobos. Todos somos pecadores e ‘destituídos da glória de Deus’ (Rm 3.23). É apenas assim que a Bíblia reconhece-nos antes de vir a Cristo. Eleição e predestinação são eventos ‘pós-Cristo’ e ‘pós-Cruz’, não ‘pré-Cristo’ e ‘pré-Cruz’” (10). Paulo disse que na cruz, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5.19). Deste modo, todo homem e em todo lugar (At 17.30), é convidado a reatar pela cruz de Cristo sua aliança com Deus, que foi quebrada no Éden. Em Cristo, temos um “novo e vivo caminho” para Deus! (Hb 10.20). Como diz com muito fervor o teólogo e também pregador congregacional Martyn Lloyd-Jones,

“eu tenho autoridade de lhe dizer o seguinte: Mesmo que você possa ser a pessoa mais perversa de todas e, embora possa ter vivido até agora nas sarjetas e bordéis do pecado, de todas as formas e tipos possíveis, digo-lhe isto: que você saiba que por meio deste homem, o Senhor Jesus Cristo, lhe é pregado o perdão do pecado” (11).

Tamanha é a dádiva da salvação que podemos sem receio dirigir-nos ao Pai como “Pai nosso…” (Mt 6.9); ou como “Aba, Pai” (Rm 8.15; Gl 4.6). Segundo Vine, “os escravos eram proibidos de se referir ao chefe da família com esse título” e ainda diz que “‘ABBA’ [termo de origem aramaica] é a palavra pronunciada pelas crianças, e denota confiança cega; ‘pai’ expressa um entendimento inteligente de relacionamento. As duas palavras juntas expressam o amor e a confiança inteligente da criança” (12). O apóstolo João, expressando a grandeza da nossa redenção, assim declara quase em êxtase: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus” (1Jo 3.1). Oh, dádiva bendita! Nós que pelo pecado nos fizemos filhos da ira, pela cruz fomos feitos filhos do Deus vivo!

Concluo o estudo desta Lição, deixando aos leitores como subsídio complementar um trecho do meu livro A Mensagem da Cruz: o amor que nos redimiu da ira, onde corrijo outro equívoco muito frequente: o de pensar que o preço do nosso resgate foi pago por Cristo ao diabo (teoria que é bastante antiga, remontando a Orígenes, um dos Pais da igreja oriental no século III). Você já deve ter ouvido algum pregador dizer: “Jesus perguntou ao diabo: qual o preço que você quer pela vida deste pecador? E o diabo então respondeu: é preço de sangue! E Jesus então replicou: eu pago, satanás! Te darei meu sangue por esta vida e ela será minha”. Infelizmente, por falta de leitura e estudo da Palavra, e por desinteresse pela Escola Dominical, erros grosseiros como esse são reproduzidos com frequência pelos púlpitos do Brasil afora, especialmente naqueles onde a pregação expositiva é desprezada a troco de achismos, alegorizações e emocionalismos barato. Como reclamaria o pastor Osiel Gomes, mais palavra, menos emocionalismo!

Jesus pagou ao diabo o preço de sangue?

“A cruz não é um tratado diplomático entre Deus e o diabo, mas o anúncio da derrota do império das trevas, o julgamento do príncipe deste mundo, a sentença contra toda tirania infernal! No Calvário satanás não obteve nenhum ganho, nenhuma vantagem, nenhum benefício. O brado de Cristo ‘Está consumando’ (Jo 19.30) foi a ferida mortal aberta na cabeça da antiga serpente (Gn 3.15), que agora, já sob julgamento condenatório, apenas sacode a cauda, até que venha o glorioso dia de nosso Senhor Jesus em que cumprirá finalmente a sentença: ‘Em breve o Deus de paz esmagará Satanás debaixo dos pés de vocês’ (Rm 16.20).

Erram nossos amigos pregadores quando dizem que Jesus perguntou ao diabo qual era a nossa dívida, e que Jesus lhe pagaria com preço de sangue, como se o diabo fosse ficar com um balde debaixo da cruz coletando cada gota de sangue do Salvador para guarda-las sabe-se lá onde! Sei que esta ideia de que Jesus pagou a satanás pela nossa redenção é uma ideia antiga na Igreja, mas ela não tem qualquer respaldo nas Escrituras! Jesus nunca fez nenhum acordo com o demônio pelas nossas almas. Tal historieta poderia ficar bem para as produções cinematográficas hollywoodianas, mas não para o púlpito, não para os ministros do santo Evangelho, de quem se espera fidelidade à Palavra de Deus.

O preço da nossa redenção foi pago ao Pai não ao diabo. Foi ao Pai que Jesus disse ‘nas tuas mãos entrego o meu espírito’ (Lc 23.46). E o diabo? Jesus declarou enfaticamente: ‘Ele não tem nenhum direito sobre mim’ (Jo 14.30). Paulo já inquiria os corintos: ‘Que concórdia há entre Cristo e Belial?’ (2Co 6.15, ARC). Um acordo entre Cristo e satanás não é algo para se conjecturar!

O Cordeiro que tira o pecado do mundo foi providenciado para Deus. A obra da redenção é uma obra da Trindade, na qual o diabo não tem parte alguma a não ser a de atrevidamente privar os incrédulos de se beneficiarem dela. O diabo não tem direito de nada, sendo ele um mero e atrevido usurpador! Ele é o ‘deus deste século’ que ‘cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo’ (2Co 4.4). E quando Deus providencia o Cordeiro para si não o faz para se aliançar com o reino das trevas, mas para aniquilar a sua força. ‘Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo’ (1Jo 3.8)” (13)

Deus te abençoe e bom estudo dominical!

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REFERÊNCIAS:

  • William McDonald. Comentário Bíblico Popular – Antigo Testamento, Mundo Cristão, p. 16
  • Claiton Pommerening. A obra da salvação: Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida, CPAD, p.53
  • George C. Morgan. A Bíblia e a cruz, IDE, p. 43
  • Myer Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia, 3 ed., Vida, p. 188
  • Jacó Armínio. As Obras de Armínio, vol. 1, CPAD, p. 226. Grifo meu
  • Myer Pearlman. Op. cit., pp. 204-6
  • Myer Pearlman. Op. cit.,, p. 206
  • Claiton Pommerening. cit., p.57
  • Antônio Gilberto (org.). Teologia Sistemática Pentecostal, CPAD, p. 354
  • Tiago Rosas. A Mensagem da Cruz: o amor que nos redimiu da ira, Leve, p. 52
  • Martyn Lloyd-Jones. A Mensagem da cruz: o caminho de salvação de Deus, Palavra, p. 36
  • Dicionário Vine, 7 ed., CPAD, p. 360
  • Tiago Rosas. Op. cit., p. 85

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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