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Cerca de uma dúzia de líderes cristãos evangélicos dos Estados Unidos enviaram uma carta ao presidente Donald Trump solicitando sua liderança na era da inteligência artificial (IA), expressando simultaneamente entusiasmo pelo avanço da tecnologia e preocupação com seus possíveis riscos éticos, sociais e espirituais. O documento, intitulado "Cristianismo na Era da IA: Um Apelo por uma Liderança Sábia", foi divulgado na quarta-feira, 21 de maio, e apresenta uma proposta para que o presidente convoque um conselho consultivo composto por pessoas de fé, especialistas em ética e outros profissionais, com o objetivo de orientar o desenvolvimento da IA segundo valores humanos e cristãos. Os signatários incluem o Rev. Johnnie Moore, presidente do Congresso de Líderes Cristãos; o Rev. Samuel Rodriguez, presidente da Conferência Nacional de Liderança Cristã Hispânica e pastor da igreja New Season, em Sacramento, Califórnia; Doug Clay, superintendente geral das Assembleias de Deus nos EUA; e Tim Clinton, presidente da Associação Americana de Conselheiros Cristãos, entre outros. Na carta, os líderes reconhecem o potencial da IA para trazer benefícios práticos, como o combate a doenças e a melhoria da qualidade de vida, mas alertam para os riscos de uma tecnologia que possa superar o entendimento e o controle humanos. “Como pessoas de fé, acreditamos que devemos desenvolver rapidamente ferramentas de IA poderosas que ajudem a curar doenças e resolver problemas práticos, mas não máquinas autônomas, mais inteligentes que os humanos, que ninguém sabe controlar”, afirma o texto. Eles também destacam o papel histórico do cristianismo na promoção da ciência, mencionando hospitais e universidades fundados por cristãos como exemplos. Segundo os autores, “as implicações espirituais da criação de inteligência que um dia pode superar as capacidades humanas levantam profundas questões teológicas e éticas que devem ser consideradas com cuidado e sabedoria”. Ao se dirigirem a Trump, os signatários referem-se a ele como o “Presidente da IA”, expressão usada para indicar que, segundo eles, sua liderança surgiu no momento exato em que essa tecnologia atingiu um ponto decisivo. “Como pessoas de fé, acreditamos que você é o líder mundial agora, pela Divina Providência, para também guiar a IA”, diz a carta. Os líderes sugerem que esse conselho consultivo tenha como missão refletir não apenas sobre o que a IA pode fazer, mas sobre o que ela deve fazer, destacando a necessidade de proteger a sociedade de riscos como a militarização da tecnologia, a substituição de empregos intelectuais e a criação de sistemas incontroláveis. “Todos esses esforços devem envolver pessoas de fé, especialistas em ética e outros cuja principal preocupação não seja comercial, mas sim os melhores resultados para os seres humanos”, escreveram. Em entrevista concedida ao Christian Post na terça-feira, 20 de maio, o Rev. Johnnie Moore descreveu-se como “um aceleracionista da IA e também um alarmista da IA”, e ressaltou a urgência de os Estados Unidos liderarem esse campo com responsabilidade. “Precisamos avançar mais rápido do que qualquer país do mundo e alcançar a inovação máxima o mais rápido possível para garantir que nós e nossos aliados dominemos esta nova era”, afirmou. Moore destacou ainda que o desenvolvimento da tecnologia deve ser acompanhado de um esforço consciente para informar o público sobre seus benefícios e riscos, a fim de evitar reações baseadas no medo, como ocorreu com a energia nuclear após o desastre de Chernobyl. “Também não podemos ter uma situação em que, como no caso da energia nuclear, basicamente tenhamos paralisado toda a energia nuclear nos Estados Unidos por 30 anos por causa de uma política ruim e paranoica”, alertou. A carta, segundo Moore, será entregue à Casa Branca nos próximos dias. O documento permanece aberto à adesão de outros líderes religiosos, tanto cristãos quanto de outras confissões. A versão integral da carta e a lista atualizada dos signatários estão disponíveis online. O apelo se soma a outras manifestações recentes do meio religioso sobre o tema. O novo Papa, Leão XIV, mencionou em sua escolha de nome pontifício o “desafio que a IA representa para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”, sinalizando que também o Vaticano acompanha de perto os desdobramentos da tecnologia emergente. A iniciativa dos líderes evangélicos destaca um esforço de participar ativamente dos debates sobre inovação tecnológica, com base em princípios éticos, responsabilidade social e compromisso com a dignidade humana — valores centrais da tradição cristã.

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Inteligência Artificial exige providências éticas, dizem pastores a Trump

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