opinião
A atuação política de Daciolo glorifica a Deus?
Quem sabe um dia, com mais experiência e preparo, ele chegará à…
Muito tem a ser dito sobre o efervescente momento que passamos em que pesem as eleições nacionais e estaduais que acontecerão no próximo dia 7 de outubro (primeiro turno). Entretanto, um assunto ao mesmo tempo, caricatural e emblemático, tem feito parte das rodas de conversa sobre política nos mais variados segmentos da nossa sociedade, qual seja, a performance do candidato à Presidente da República, Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos, mais conhecido como Cabo Daciolo (Patriota).
Daciolo esteve preso no presídio de Bangu por 9 dias em função da greve dos bombeiros no Rio de Janeiro em 2011. Foi eleito Deputado Federal em 2014 e, em 2015, foi expulso do PSOL ao propor a chamada “PEC de Deus”, cujo objetivo seria a mudança do primeiro parágrafo da Constituição Brasileira: todo o poder emana do povo para todo o poder emana de Deus.
Nos últimos meses em que se acirram as disputas eleitorais, cada candidato tem adotado aquilo que acredita ser a melhor forma de campanha e de estratégia para angariar votos. Cabo Daciolo que é também um pastor evangélico, com seu fervor pentecostal, já deu sete voltas no Congresso ao som de shofar, expulsou demônios do Congresso e, ultimamente, tem protagonizado os debates presidenciais com o seu evangeliquês resumido na expressão: “glória a Deus”.
Sua estratégia, contudo, para chegar à cadeira presidencial tem sido a sistemática “subida ao monte”, onde tem dito que Deus revelou que ele será eleito presidente do Brasil no próximo dia 7 de outubro. Também tem utilizado seu tempo nos debates para denunciar a corrupção na exposição direta de candidatos, quase que face-to-face.
Não obstante, a boa intenção de Daciolo é claramente suplantada pela confusão que ele tem feito entre as esferas de influência: religiosa e política. Quer seja em debates, quer seja “no monte”, Daciolo faz repetidos pronunciamentos de que não está pregando religião, mas que está pregando o amor. Contudo, sempre que faz isso, está com a Bíblia na mão e deixa muito claro que fala em nome de Jesus. Ao mencionar que não está pregando religião, logo em seguida diz coisas como: “a arma do cristão é a bíblia” ou “eu falo em nome de Jesus”. Alô Daciolo?!
Apesar de Jesus não ter fundado religião alguma, seus ditos e feitos tiveram base nos escritos da Lei de Moisés [Jesus era judeu]. Jesus ressignificou a Lei trazendo uma nova visão (mais abrangente) que apontava para Ele mesmo como a encarnação do próprio Deus, isto é, o ápice da revelação de Deus ao homem. Na Bíblia sagrada, portanto, temos os escritos do Antigo Testamento que apontam para Jesus e do Novo Testamento que estabelecem e descrevem a Nova Aliança, bem como a redenção e consumação final com o retorno do mesmo Jesus que foi crucificado e ressuscitou ao terceiro dia. Historicamente, convencionou-se chamar de Cristianismo todo este enredo real que explana a salvação da humanidade pelo próprio Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Várias são as lições bíblicas que podemos tirar a respeito das esferas de influência política e religiosa. Quando nos deparamos com o exemplo de Daniel na Bíblia, apesar de ter um alto cargo no império babilônico, Daniel reconhecia o seu papel de manter a fé no Deus de Israel sem, contudo, planejar transformar a Babilônia em uma “nova Israel” ou de transformar sua atuação política junto ao Rei em uma atuação estritamente religiosa. Tanto é que Daniel era chamado Beltessazar em homenagem a Bel, deus da babilônia. Sem imiscuir as esferas de influência, Daniel soube com o seu exemplo e atuação ilibada levar o rei da babilônia a reconhecer o Deus de Israel como o único e poderoso Deus de todas as nações (cf. Daniel 4.34).
Com isso, mesmo na melhor das intenções ao dizer que não fala de religião, Daciolo acaba incorrendo em um erro retórico crasso, confundindo as esferas de influência política e religiosa, qual seja, respectivamente, o reino de César e o reino de Deus. Daciolo tem feito promessas equivocadas que sugerem a transformação da nação brasileira em um Estado Cristão. Infelizmente, este é um erro muito comum em redutos evangélicos e católicos que ainda não compreenderam a diferença entre a influência religiosa, como parte constitutiva do ser, e a imposição religiosa.
Segue-se, portanto, que a liberdade de expressão e a liberdade religiosa são princípios fundamentais defendidos por um cristianismo sádio e bíblico. Por mais que o Cabo Daciolo passe uma imagem de “cristão raiz e piedoso” com sua boa vontade de combater a corrupção, sua confusão decorrente da visível falta de conhecimento dos limites de cada esfera, o torna um candidato inviável para dirigir uma nação de dimensões continentais como a nossa.
Um bom livro para o candidato ajustar as ideias é o: “Política segundo a bíblia: princípios que todo cristão deve conhecer” do escritor e teólogo protestante americano Wayne Grudem. Termino dizendo que Daciolo é um homem novo. Quem sabe um dia, com mais experiência e preparo, ele chegará à cadeira presidencial para, de fato, governar para a glória de Deus.

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