vida cristã
Após anos de queda, cresce a leitura da Bíblia Sagrada, diz especialista

Pela primeira vez em quatro anos, o engajamento com a Bíblia nos Estados Unidos registrou crescimento, segundo o relatório State of the Bible 2025, divulgado pela Sociedade Bíblica Americana (ABS, na sigla em inglês). A pesquisa indica que cerca de 11 milhões de americanos a mais estão lendo a Bíblia em 2025 em relação ao ano anterior. O aumento é mais evidente entre homens e integrantes das gerações Y (millennials) e X — grupos que anteriormente apresentavam menor envolvimento com as Escrituras.
“Ficamos extremamente encorajados”, afirmou John Plake, diretor de inovação da ABS, em entrevista ao Christian Daily International, após apresentar os dados durante a convenção anual da Evangelical Press Association (EPA), em 5 de maio. “Ainda não é uma tendência, mas é um passo significativo na direção certa.”
Criado há 15 anos, o relatório State of the Bible é elaborado a partir de entrevistas com um painel representativo da população adulta dos EUA. A pesquisa busca compreender o envolvimento com a Bíblia, a frequência à igreja e a prática da fé. Os dados de 2025 foram coletados em janeiro.
Recuperação após queda durante a pandemia
Em 2021, 50% dos adultos americanos eram classificados como “usuários da Bíblia” — aqueles que leem as Escrituras fora dos cultos pelo menos de três a quatro vezes por ano. Nos anos seguintes, o índice caiu: 40% em 2022, 39% em 2023 e 38% em 2024. No início de 2025, houve uma recuperação de três pontos percentuais. “Isso equivale a 11 milhões de pessoas que pegaram a Bíblia e não pegaram no ano passado”, disse Plake.
O crescimento não ocorreu de forma uniforme. Entre mulheres e adultos mais velhos, a leitura da Bíblia permaneceu estável. Já entre os homens, houve um aumento de 21%; entre millennials, 30%; e entre a geração X, 14%.
“Isso nos diz que algo está acontecendo, principalmente entre os homens jovens adultos”, observou Plake. “E não era isso que esperávamos ver.”
Crescimento em regiões tradicionalmente seculares
Geograficamente, os maiores aumentos foram observados em áreas historicamente mais seculares. No Nordeste, o uso da Bíblia passou de 28% para 33%, um aumento de 18%. O mesmo percentual foi registrado no Oeste do país, enquanto o Centro-Oeste teve um crescimento de 15%. Em contraste, o índice se manteve estável nos estados do Sul, conhecidos como “Cinturão da Bíblia”.
Na região da Baía de São Francisco, tradicionalmente caracterizada por baixa afiliação religiosa, os dados também surpreenderam. Entre os moradores com 61 anos ou mais, apenas 19% se identificaram como usuários da Bíblia — abaixo dos 46% da média nacional para essa faixa etária. No entanto, entre millennials, o índice foi de 40%, ligeiramente acima da média nacional (39%). Para a geração Z, o percentual foi de 37% na Baía, contra 36% no país.
“Essas descobertas desafiam a suposição de que lugares como a Área da Baía de São Francisco são desertos espirituais”, afirmou Plake. “Não é que as gerações mais jovens estejam fechadas às Escrituras — muitas vezes, são os mais velhos que estão mais desinteressados.”
Influência de fatores culturais e aumento da curiosidade espiritual
O relatório também aponta possíveis influências externas. Em outubro de 2024, o The Wall Street Journal registrou um aumento de 22% nas vendas de Bíblias, com destaque para compradores de primeira viagem, especialmente jovens. “Há 71 milhões de americanos no que chamamos de ‘meio móvel’”, explicou Plake. “Eles têm curiosidade sobre a Bíblia, mas também incertezas. Precisam de alguém que os acompanhe, responda às suas perguntas e os ajude a descobrir a história maior das Escrituras.”
Quase metade dos “cristãos não praticantes” — pessoas que se identificam como cristãs, mas não participam ativamente da fé — se mostraram abertas a se reconectar com a Bíblia e aprender mais sobre Jesus. “Eles podem estar desencantados com a igreja ou com a forma como a Bíblia lhes foi apresentada”, disse Plake. “Muitas vezes, lhes ensinaram histórias bíblicas como contos morais — Sansão, Jonas, Noé —, mas perderam a grande narrativa que aponta para Jesus. É aí que precisamos melhorar.”
O relatório também aponta que 52 milhões de americanos são considerados “engajados com a Bíblia” — ou seja, interagem regularmente com as Escrituras de forma que afeta suas decisões e relacionamentos. Apesar disso, muitos não se sentem preparados para compartilhar sua fé. “Essas pessoas amam a Palavra de Deus e foram profundamente transformadas por ela”, afirmou Plake. “Mas nem sempre sabem como defendê-la. Esse é o próximo desafio para igrejas e ministérios.”
Panorama global e colaboração entre sociedades bíblicas
O capítulo dois do relatório inclui dados do World Bible Engagement Study da PATMOS, pesquisa conduzida pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira em parceria com a Gallup, publicada em 30 de abril. O levantamento abrangeu 85 países e fornece comparações entre o engajamento bíblico nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.
“Estamos vendo como os EUA se encaixam nesse ecossistema espiritual mais amplo”, disse Plake. “É fascinante ver onde os americanos se alinham ou divergem de outras partes do mundo no que diz respeito ao engajamento nas Escrituras, ao florescimento humano e à identidade de fé.”
Outros capítulos do relatório abordarão temas como recuperação de traumas, saúde mental e o papel da fé na vida pública. A expectativa é que essas análises sirvam de apoio para líderes cristãos e igrejas.
Dados como ferramenta para a missão
Plake, que integra a ABS desde 2017, combina experiência pastoral, pesquisa acadêmica e uma visão missiológica em sua atuação. “Meu objetivo sempre foi ajudar a conectar o texto das Escrituras ao contexto da vida das pessoas”, afirmou. “Números não mudam vidas, mas nos ajudam a entender o mundo que estamos tentando alcançar.”
Ao final da entrevista, ele ressaltou que os dados devem servir como ferramenta e não como fim. “Se você se importa com a Bíblia, agora é a hora de se manifestar”, disse. “Seus amigos, vizinhos, colegas de trabalho — eles estão fazendo perguntas espirituais. Muitos deles estão abertos, mesmo que não estejam sentados num banco da igreja no domingo. E você pode ser aquele que trilhará esse caminho com eles.”
Plake também dirigiu uma mensagem à igreja global: “A fome espiritual que estamos observando entre os jovens americanos pode refletir tendências em outros lugares. A igreja global pode aprender com o que está acontecendo aqui — e certamente podemos aprender com o que está acontecendo no exterior.”
A ABS afirmou que continuará investindo em acesso às Escrituras, projetos de tradução e inovação digital. “Seja por meio de aplicativos, impressos, programas de cura de traumas ou histórias contadas oralmente, queremos que as pessoas em todos os lugares encontrem Deus por meio de Sua Palavra”, concluiu.

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