Dawkins abandona grupo ateu após divergência sobre gênero

O biólogo britânico Richard Dawkins renunciou ao conselho da Freedom From Religion Foundation (FFRF), organização conhecida por sua oposição à religião, após um artigo polêmico sobre gênero ser removido do site da entidade. O episódio desencadeou críticas e a saída de outros membros influentes.

A controvérsia

O artigo, intitulado “Biology is not Bigotry” (Biologia não é intolerância, em tradução livre), foi escrito pelo biólogo Jerry Coyne como resposta ao texto “O que é uma mulher?” de Kat Grant, membro não binário da FFRF. Grant argumentava que definições biológicas são insuficientes para determinar gênero. Em contraposição, Coyne defendeu que “a definição biológica de ‘mulher’ baseia-se no tipo de gameta”.

Após reações negativas de ativistas trans, os copresidentes da FFRF, Dan Barker e Annie Laurie Gaylor, removeram o artigo, alegando em declaração oficial que a publicação não refletia os valores da fundação. A decisão gerou discordância interna.

Reações e renúncias

Dawkins classificou a remoção do texto como “um ato de pânico indecoroso” e lamentou não ter sido informado previamente. Em sua carta de renúncia, publicada no blog de Coyne, descreveu o episódio como “lamentável” e reafirmou suas críticas à ideologia de gênero.

Coyne também deixou a fundação, acusando-a de censura e comparando a ideologia de gênero a dogmas religiosos. Steven Pinker, psicólogo e membro destacado da FFRF, seguiu o mesmo caminho, afirmando que a entidade adota “práticas religiosas, com dogmas e heresias”.

Dawkins contra ideologia

Dawkins tem se posicionado de forma crítica à ideologia transgênero. Em 2023, afirmou em um podcast que “o sexo é binário, definido pelo tamanho dos gametas ou cromossomos”.

Por outro lado, Annie Laurie Gaylor declarou ao jornal The Telegraph que a decisão de retirar o artigo não será revisada, enfatizando que o apoio aos direitos LGBTQ faz parte do trabalho contra a influência religiosa nos Estados Unidos.

O episódio expôs divisões internas e levantou questionamentos sobre o papel da entidade em debates sociais contemporâneos. A saída de Dawkins, Coyne e Pinker marca uma reconfiguração na FFRF, reforçando tensões entre ciência, ideologia e ativismo social.