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opinião

O trágico fim da família de ateus Murray-O’Hair (parte 1)

“Não há Deus. Não há ceus. Não há inferno. Não há anjos. Quando você morre, é enterrado e os vermes o comem.” (Madalyn Murray O’Hair, militante ateia e marxista norte-americana)

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Esse artigo tem sua relevância por trazer ao leitor brasileiro um fato histórico que reflete ainda hoje seus desdobramentos na relação da Igreja com o Estado. Trata de uma família que a despeito de todas as possibilidades contrárias, revelou um homem que dedica-se a divulgar o Evangelho mundo afora. William J. Murray, filho de Madalyn Murray O’Hair, a mulher que sozinha, levantou-se com ousadia contra cristãos norte-americanos e conseguiu aplicar-lhes um duro golpe que culminou em abolir a prática de um princípio que fazia parte do legado e da história daquele povo.

Devido a extensão da história, o artigo está dividido em duas partes e muitos detalhes são omitidos, procurando focar no essencial dos fatos. A primeira vai contar a história da conversão de William J. Murray e de como ele tornou-se num instrumento de Deus para trabalhar em prol da Igreja, mundo afora. A segunda vai tratar especificamento do fim trágico da família Murray O’Hair.

Madalyn Murray O’Hair, matriarca da conturbada família, é daqueles personagens controversos que constam da história norte-americana recente, recheados de detalhes pitorescos que mais lembram literatura de terror. A revista Vanity Fair numa cobertura que fez sobre ela em determinada época, acabou cunhando o termo de “mulher mais odiada da América”. Fato que Madalyn, nunca se preocupou em refutar; mas que ao contrário, confortavelmente orgulhava-se de ostentar.

A vitória nos tribunais e a fama

Muito desse ódio que os norte-americanos nutriam era por conta do processo que Madalyn moveu em 1963, alegando o constrangimento que seu filho era exposto ao ter que  participar das orações e leitura da Bíblia feitas nas escolas já que sua família era de orientação ateia. Esse processo foi parar na Suprema Corte dos EUA que acabou por banir a prática e ao mesmo tempo projetou-a no cenário político da época. Madalyn soube tirar proveito da sua exposição, além de mostrar-se muito habilidosa em jogar o jogo midiático e faturar alto em cima da polêmica criada com a sentença final a seu favor. Ela nunca teve temor algum em incorporar o vilão da vez.

Por incrível que pareça, esse mesmo princípio poderá livrar as crianças de lá de serem doutrinadas por professores esquerdistas nas escolas, como vem ocorrendo paulatinamente, conforme pode ser acompanhado em noticiários.

(…) onde o pecado abundou, superabundou a graça; (Rm 5:20)

Uma ótima fonte para se conhecer mais sobre Madalyn é através dos depoimentos narrados no livro que seu filho William J. Murray publicou nos EUA: “Minha vida sem Deus” (My Life Without God, USA, 2000). Nesse livro William narra a sua tempestuosa trajetória de vida, desde sua infância e adolescência sob o domínio de sua mãe, de como tornou-se um dependente do álcool e das drogas e finalmente sua conversão ao cristianismo.

Madalyn teve William J. Murray de um relacionamento extra-conjugal com o oficial William Murray quando servia no Corpo Auxiliar Feminino durante a Segunda Guerra Mundial. Embora ela tenha tentado de todas as formas que ele se divorciasse da esposa e casasse com ela, isso nunca aconteceu. Mesmo sem o casamento, ela acabou dando o nome do pai biológico ao seu filho e posteriormente até acrescentou ao seu próprio nome o sobrenome Murray. O terceiro nome O’Hair veio depois quando ela se casou pela terceira vez com Richard O’Hair. Madalyn ainda teria outro filho fora do casamento, Jon Garth Murray.

A rotina da família Murray era de constantes brigas e gritarias entre os avós, um tio, mãe e filhos (moravam todos juntos). A televisão estava constantemente ligada em volume altíssimo que aguçava ainda mais o estresse. Fato curioso que William aponta é que ele não soube que Madalyn era sua mãe até os 8 anos; tratando-a apenas pelo nome. Só vindo a saber disso quando ela mesma contou para ele.

Ele cresceu presenciando pratos serem arremessados constantemente e até facas, durante as brigas da mãe com o pai dela. Madalyn chegou a propor que William assassinasse seu avô após uma de suas brigas. Quando seu avô morreu de um ataque cardíaco, ele lembra-se apenas dela ter recomendado que se comprasse o caixão mais barato possível.

O grande momento na história da família se deu quando Madalyn foi buscar William na escola e presenciou a classe recitando a promessa de lealdade aos EUA numa cerimônia de saudação à bandeira. Questionando William, descobriu que além dessa cerimônia, ainda oravam e recitavam a Bíblia. A mãe pediu para que o garoto anotasse todas as vezes que fosse mencionado o nome de Deus ou qualquer outro fato religioso durante as aulas.

De posse desses registros que William fez, ela chamou jornais, canais de TV que se encarregaram de divulgar para toda a nação sua pauta contra as orações e a leitura da Bíblia nas escolas. Rapidamente ela recebeu apoio nacional de pessoas que escreviam de todo canto do país enviando cheques com quantias vultosas de dinheiro e até pessoas que transferiam a posse de bens para o nome dela. Dali em diante o processo tomou proporções que levou-a a Suprema Corte, e que culminou com a proibição das orações e da leitura da bíblia nas salas de aula.

William – à época, adolescente – foi prejudicado igualmente com esta superexposição negativa, a ponto de ter que mudar de escola pelas constantes provocações que sofria. Por fim, acabou saindo de casa também. Entre altos e baixo pelo abuso de álcool e drogas, por um período chegou a dormir na rua.

Após presenciar corrupção na empresa que trabalhava e ter um amigo morto num avião que caiu por conta de negligência explícita da empresa que trabalhava, isso começou a atiçar seu senso ético e despertar algo que ele não sabia explicar. Começou a comparar a empresa e as pessoas que trabalhavam com o comportamento de sua mãe. William acabou alcançado pela Verdade que liberta enquanto dirigia e começou a ponderar sobre sua vida: “Tem que existir Deus, porque certamente o diabo existe. Eu me encontrei com ele, conversei com ele e toquei-o. Ele é a personificação do mal. Eu tenho visto o diabo na vida de muitas pessoas que conheci”.

Estabeleceu-se numa Igreja Batista após seu encontro com Cristo, através da Verdade que liberta, cessou o ódio e a sede de vingança que nutria pela sua mãe e brotou no lugar a vontade de amá-la. Agora ele a via como uma pecadora tal como ele mesmo. Crescia igualmente dentro dele a consciência do quanto custou muitas das coisas que aconteceram em sua vida para outras pessoas e para a nação. Ele mesmo narra em seu livro que o seu maior desejo era desculpar-se com Susan (sua primeira esposa) e Robin, filha desse relacionamento; desculpar-se com Valerie e Jade (segunda esposa e filha). Queria desculpar-se também com o país por roubar dele parte da riqueza que possuíam, por poderem participar das orações e leitura da Bíblia nas escolas.

Atualmente ele trabalha em favor da defesa da liberdade religiosa dos cristãos, concentrando esforços junto aos países da extinta União Soviética, levando Bíblias para esses povos. Por irônico que pareça, ele tem permissão para falar do Evangelho de Jesus Cristo em escolas e espaços públicos da Russia e outros países vizinhos, algo que sua mãe por força da lei conseguiu barrar no seu próprio país.

A fundação da organização Americanos Ateus

Em 1963, após vencer a causa que culminou na proibição de orações e leitura da Bíblia nas escolas pelo país, Madalyn fundou a organização Americanos Ateus, a qual dominou até o fim de sua vida.

Dada a sua tendência em flertar com o mal, a total ausência de parâmetros superiores de comportamento, Madalyn não sentia nenhum constrangimento em contratar para trabalhar no escritório da Americanos Ateus, criminosos contumazes recém-saídos da prisão. Num depoimento de William Murray, ele afirma que sua mãe apreciava particularmente contratar assassinos convictos que tinham cumprido pena, mas faziam questão de demonstrar nenhum arrependimento pelo crime que cometeram. Ela adorava saber que exercia poder sobre aquele tipo de homem.

“Minha mãe era uma pessoa má… Não por ter conseguido abolir as orações e a leitura da Bíblia das escolas da América… Não… apenas era má. Roubou grande quantidade de dinheiro. Abusou da confiança das pessoas. Enganou as crianças a respeito do legado dos seu pais. Falsificou pagamento de impostos e chegou a roubar da sua própria organização. Todo dinheiro que minha mãe conseguiu à sua maneira, ficou ai. Não levou nada para o túmulo”, acusou William Murray.

No escritório da Americanos Ateus trabalhavam também seu filho Jon Garth e a sua neta Robin, filha de William Murray. Madalyn proibia a aproximação de William com sua filha e com seu irmão devido a forte influência que exercia sobre eles. Ele afirma no seu livro que chegou a ficar mais de uma década sem ver sua filha, que se recusava a conversar com ele.

Os três viviam às custas da enorme renda gerada a partir das doações feitas em prol da causa ateísta. Moravam juntos, trabalhavam juntos, faziam refeições juntos e tiravam férias juntos. William acusa sua filha e seu irmão de viverem como meros marionetes, em função da manutenção e do culto à personalidade da sua mãe.

Na próxima parte será relatado como foi o final da família que lutou unida pela causa ateísta na América. Atualmente há um documentário disponível no ID (canal Discovery) sobre a saga da família Murray O’Hair e também um filme no Netflix (The Most Hated Woman in America), para quem estiver interessado em saber mais sobre esse marcante fato da história atacando os cristãos na América, no final do século passado.

Bibliografia
http://archive.is/LTKy2
MURRAY, William J. My Life Without God. WND Books; 1ª edição, 2012.
LE BEAU, Bryan F. The atheist: Madalyn Murray O’Hair. Nova Yorke, 2003.

Formado em Letras (Literatura Inglesa e Portuguesa), pastor assembleiano, professor da EBD e de teologia, residindo em São José, SC.

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