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Quem é Abdullah Hashem, que se diz o novo papa e messias islâmico?

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Quem é Abdullah Hashem, que diz ser o novo papa e messias islâmico?

Desde o domingo de Páscoa, em 20 de abril de 2025, vídeos com declarações do norte-americano Abdullah Hashem Aba Al-Sadiq, conhecido como Abdullah Hashem, passaram a circular amplamente nas redes sociais. Nas gravações, ele afirma ser o Mahdi — figura escatológica esperada pelos muçulmanos — e também o legítimo sucessor do apóstolo Pedro, autodeclarando-se o “verdadeiro papa”.

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O conteúdo ganhou notoriedade especialmente após o anúncio da morte do Papa Francisco, feito pelo Vaticano no dia 21 de abril de 2025, conforme noticiado pelo portal Israel 365 News. A coincidência temporal alimentou especulações sobre a figura de Hashem, cujas mensagens propõem a unificação de muçulmanos, cristãos e judeus sob uma única fé.

Em seu canal no YouTube, que soma aproximadamente 70 mil inscritos, Abdullah Hashem afirma:

“Sou o sucessor de Maomé e de Ahmed, bem como de Pedro e de Jesus Cristo. Sou o verdadeiro e legítimo papa”.

Em outra publicação, seu grupo declara:

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“A vacância do trono papal não é um acaso, mas um sinal divino: chegou a hora de o herdeiro legítimo assumir sua posição”.

Identidade e origens

Hashem nasceu em 1983, no estado de Indiana, EUA, filho de pai egípcio muçulmano e mãe americana com origens judaicas e cristãs. Ele se apresenta como “filho do Oriente e do Ocidente”, justificando com isso sua missão universal. Em seus vídeos, gravados muitas vezes em templos, ele se identifica como fundador da AROPL, sigla em inglês para Ahmadi Religion of Peace and Light (Religião Ahmadi da Paz e da Luz).

A organização, criada no Iraque no fim da década de 1990, afirma atuar atualmente em 40 países. Desde 2021, sua sede está no Reino Unido. A missão declarada da AROPL é o estabelecimento de um “Estado Justo Divino”, liderado por um rei nomeado por Deus — modelo que rejeita a democracia e propõe um sistema teocrático.

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O grupo declara ainda que Hashem é mencionado em testamentos proféticos e que teria cumprido dez profecias islâmicas, incluindo a morte do rei Abdullah da Arábia Saudita em 2015. Um dos sinais mencionados é a expressão “sol nascendo no Ocidente”, interpretada pelo movimento como prenúncio do domínio espiritual de Hashem sobre o mundo cristão.

Reações cristãs

As declarações provocaram reações no meio cristão. Teólogos e pastores classificaram Hashem como uma figura potencialmente ligada à escatologia bíblica. Em Mateus 24:4-5, Jesus adverte:

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“Acautelai-vos, que ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos”.

Outros líderes minimizaram sua influência, apontando o número reduzido de seguidores frente a grandes influenciadores religiosos. Ainda assim, Hashem insiste que sua missão foi dada por Jesus e acusa seus críticos de promoverem uma “campanha de desinformação”.

Em suas falas, ele também critica doutrinas centrais do cristianismo tradicional, afirmando que a Trindade seria uma invenção do imperador Constantino e do Concílio de Niceia, e não parte do ensino original de Jesus. Ele cita o Shemá, oração judaica registrada em Deuteronômio 6:4 — “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” — para defender o monoteísmo absoluto.

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Escatologia islâmica

No islamismo, a figura do Mahdi é central em interpretações escatológicas, embora não apareça diretamente no Alcorão. É descrito como um líder justo que surgirá nos últimos tempos, ao lado de Issa (Jesus), que retornará à Terra para confirmar sua missão e derrotar o Masih ad-Dajjal, o falso messias.

Na tradição muçulmana, Jesus não morreu na cruz, mas foi elevado aos céus e aguarda o momento de retornar. Após cumprir sua missão ao lado do Mahdi, morrerá naturalmente e será enterrado ao lado de Maomé, em Medina.

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Entre os xiitas, a vinda do Mahdi será precedida por grandes guerras e pela destruição de países como Síria e Iraque. Acreditam que ele já nasceu e está em ocultação, aguardando o tempo determinado por Deus. Já os sunitas entendem que ele ainda surgirá. Em ambos os casos, sua chegada traria justiça e conversão em escala global.

Difusão global do movimento

Desde abril, seguidores da AROPL divulgaram vídeos em frente a igrejas de diversos países — entre eles Colômbia, México, Argentina, EUA, Canadá, França, Alemanha, Vaticano, Filipinas, Austrália e Bangladesh — com a declaração de que Hashem é o “novo papa escolhido por Deus”.

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Em seu site oficial, o grupo afirma que Deus teria feito seis alianças ao longo da história, todas rompidas. A sexta, segundo eles, foi com o profeta Maomé, e a sétima e final está sendo restaurada agora por Abdullah Hashem. De forma distinta ao islamismo tradicional, essa nova aliança incluiria, segundo o movimento, a comunidade LGBTQ+.

Considerações finais

O surgimento de líderes que reivindicam missões escatológicas não é um fenômeno novo na história das religiões. Ao longo dos séculos, tanto no cristianismo quanto no islamismo, diversas figuras afirmaram ser o Cristo, o Mahdi ou outros enviados divinos. Em todos os casos, o desafio pastoral e teológico permanece o mesmo: discernir os sinais à luz das Escrituras e manter vigilância, como adverte Jesus em Mateus 24:23-25:

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“Se, pois, vos disserem: Eis que ele está no deserto! não saiais. Eis que está no interior da casa! não acrediteis. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos”.

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