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‘Queremos a intervenção de Deus’, diz pastor que acolhe crianças no Haiti

No Haiti, aproximadamente metade dos membros de gangues são crianças, conforme uma estimativa recente do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que alerta para os abusos físicos e psicológicos enfrentados por esses menores. A estatística evidencia um aumento de 70% no recrutamento de jovens por grupos armados no país, em comparação ao ano anterior.
De acordo com a agência Associated Press, crianças que se recusam a se juntar às gangues frequentemente enfrentam ameaças, tanto contra elas mesmas quanto suas famílias, ou são sequestradas. Especialistas afirmam que, com o apoio adequado, é possível que essas crianças se desvinculem das gangues e superem as adversidades impostas a elas.
Entre as facções que mais recrutam menores estão as gangues 5 Segond, Brooklyn, Kraze Barye, Grand Ravine e Terre Noire, conforme um relatório do Conselho de Segurança da ONU. O recrutamento envolve, inicialmente, a orientação para adquirir alimentos e fazer amizades, enquanto as gangues observam e avaliam o novo recruta.
Posteriormente, os novos membros participam de confrontos e podem ser promovidos se cometerem homicídios, por exemplo. Após dois a três anos, caso o recruta não seja identificado como espião, ele se torna efetivamente parte do grupo.
Em um contexto de ajuda e esperança, Obed (pseudônimo por questões de segurança), membro do ministério Every Man a Warrior, ligado à Rádio Transmundial, relatou o caso de um jovem que havia atuado como informante de uma gangue em Porto Príncipe. Através de sua rede de contatos, Obed entrou em contato com um pastor local, que encaminhou o rapaz para uma região mais segura no norte do país, longe da violência e abusos.
Obed relatou que o jovem, desesperado, disse que, sem ajuda, não sobreviveria ao cenário de extrema violência no país. “Ele disse que, se não fôssemos ajudá-lo, ele não conseguiria sobreviver. Porque a situação é muito ruim, porque [as crianças] são mortas, às vezes são estupradas, e todo tipo de coisa ruim acontece com elas”, afirmou Obed.
Hoje, o jovem frequenta uma escola no norte do Haiti, onde inicia um novo capítulo de sua vida. No entanto, outro garoto, também vinculado a gangues, expressou um profundo sentimento de desesperança durante uma conversa com a equipe de Obed. Ao ser questionado sobre sua situação, respondeu: “Você sabe onde eu moro? Eu moro no Haiti. Não há outra chance para mim, só a gangue”.
Em um apelo pela libertação desses jovens, a organização Mission Network News pediu orações pela libertação, especialmente de um jovem de 13 anos, conforme acredita Obed. O ministério pediu que os cristãos orassem para que o garoto fosse libertado da violência e da morte que o cercam, encontrando esperança através da fé em Jesus.
Obed destacou que as crises no Haiti têm levado muitos cristãos a aprofundarem sua fé, buscando mais de Deus diante das dificuldades extremas. “O que está acontecendo é tão ruim, mas ainda vemos Deus agindo em muitos aspectos. Quando consideramos o poder das gangues, sabemos que elas têm suas limitações. Isso poderia ser pior”, afirmou.
Ele também exortou cristãos de todo o mundo a se unirem em oração pela paz no Haiti e pela oportunidade de resgatar as crianças envolvidas nas gangues: “Queremos paz, e queremos ver a intervenção de Deus nesta situação que estamos vivendo. Também, se eu puder acrescentar, [ore para que] Deus envie trabalhadores para a colheita, porque ela é grande para nós no Haiti. Está além da nossa força”, concluiu Obed, fazendo um apelo para que mais pessoas se juntem ao movimento de ajuda a essas crianças, libertando-as do ciclo de violência e sofrimento.

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