Siga-nos!

estudos bíblicos

Sardes: A igreja que se encheu de orgulho

A igreja de Sardes estava praticamente morta espiritualmente, mesmo mantendo sua aparência de riqueza, fama, poder para a cidade.

em

Fachada de igreja antiga
Fachada de igreja antiga (Foto: Reprodução/Unsplash)

A história da cidade de Sardes sempre foi de muita glória, fama e prosperidade. Ela era uma das cidades mais magníficas do mundo e viveu por muitos anos em uma posição de destaque e sucesso perante as outras nações da época.

Sardes vem do grego “sárdeis”, do antigo Persa “sparda”; há quem diga que signifique “aquele que fica”.

Existe uma forte ligação entre a história da igreja de Sardes e a história da própria cidade, já que a glória de Sardes estava no seu passado. A cidade foi capital da Lídia, no século VII a.C., quando viveu um tempo áureo nos dias do rei Creso.

Pesquisadores afirmam que aquela era uma das cidades mais magníficas do mundo nesse tempo, sendo situada no alto de uma colina, amuralhada e fortificada, sentia-se imbatível e inexpugnável.

Os moradores daquela cidade tinham a plena convicção de que jamais cairiam nas mãos dos inimigos, visto que a cidade era bem protegida, o que fez de seus habitantes pessoas orgulhosas, arrogantes e autoconfiantes.

No entanto, a cidade orgulhosa caiu nas mãos do rei Ciro da Pérsia em 529 a.C., quando este cercou a cidade por 14 dias, esperando os soldados caírem no sono para penetrar com um buraco na muralha, o único lugar vulnerável e desprotegido.

Em 218 a.C., Antíoco Epifânico dominou novamente a cidade da mesma forma, se aproveitando da autoconfiança e falta de vigilância dos seus habitantes. Por isso, os membros dessa igreja entenderam claramente o que Jesus dizia ao afirmar: “Sede vigilantes” […] senão virei como ladrão de noite”.

Construída no período de Alexandre Magno e dedicada à deusa cibele, a cidade acreditava na proteção da padroeira, que teria poderes especiais de restaurar vida aos mortos.

Somente no ano 17 d.C. que Sardes foi parcialmente destruída, isso devido a um terremoto, sendo reconstruída pelo imperador Tibério. Essa cidade acabaria ganhando fama por seu alto grau de imoralidade e decadência.

Quando João escreveu esta carta, a cidade era rica, mas totalmente degenerada, tendo sua glória no passado.

Situada na Ásia Menor, nos tempos bíblicos do Novo Testamento a cidade passou a pertencer ao Império Romano, sendo situada aproximadamente oitenta quilômetros da cidade de Esmirna, no atual território da Turquia.

A Igreja de Sardes provavelmente também tenha sido plantada pelo apóstolo Paulo em sua terceira viagem missionária, ou plantada pelo próprio apóstolo João. De qualquer forma, era João que estava como responsável pela igreja e um de seus discípulos, chamado Melitão, mais conhecido como Melitão de Sardes era o pastor de tal comunidade.

Pouco sabemos da história desse pastor, mas foi descoberto alguns escritos espetaculares e muito coerentes em relação a como ele via as Escrituras do Antigo Testamento e como ele pôde ver facilmente todos os ensinos de Moisés e dos profetas se cumprindo na pessoa e missão de Jesus Cristo.

Em um de seus famosos escritos, Melitão de Sardes explanou:

“As figuras do Antigo Testamento, suplantadas pela realidade do Novo.
A salvação do Senhor e a realidade
foram prefiguradas no povo ( judeu),
as prescrições do Evangelho prenunciadas pela Lei. O povo era como o esboço de um plano, a Lei como a letra de uma parábola;
mas o Evangelho é a explicação da Lei e seu cumprimento, e a Igreja o lugar onde isso se realiza. O que existia como figura era valioso
antes que ocorresse a realidade,
maravilhosa a parábola antes que viesse a explicação. O povo tinha seu valor antes que se estabelecesse a Igreja! A Lei era admirável antes que refulgisse o Evangelho.
Mas quando surgiu a Igreja e se apresentou o Evangelho, esvaziou-se a figura, sua força passou para a realidade, a Lei se cumpriu, transfundiu-se no Evangelho…
O povo perdeu razão de ser quando veio a Igreja, a imagem se fez abolida quando apareceu o Senhor. O que antes era valioso perdeu seu valor, frente à manifestação do que era realmente valioso por natureza.”

Percebe-se claramente que Melitão possuía uma sabedoria e uma devoção enorme pela Palavra e por Jesus Cristo, porém, a maioria dos cristãos em Sardes acabaram por se assemelhar a história da cidade, que teve glória por muitos anos, mas foi arruinada por terem se orgulhado e não terem vigiado suas fortalezas.

A igreja de Sardes, liderada por esse forte pastor Melitão, se tornou uma igreja forte espiritualmente, próspera, famosa e muito respeitada por todos da cidade e região. Conhecida por ser uma igreja com forte poder de influência e forte conhecimento bíblico, arrastava muitas pessoas para a conversão em Cristo, porém, o tempo foi passando e a maioria dos cristãos dessa comunidade se orgulharam de sua posição e destaque alcançados e começaram a deixar de buscar a Deus como faziam no início.

Suas reuniões não eram mais voltadas para edificar e amar uns aos outros, mas sim mostrar quem conhecia mais das histórias bíblicas e quem tinha mais conhecimento teológico. A postura da Igreja começou a ser de pessoas que estavam mais interessadas na prosperidade financeira, destaque social e profissional e foram aos poucos abandonando a importância da oração, do devocional, do jejum, da espera pela volta de Jesus e começaram a aceitar práticas pecaminosas que antes não toleravam.

A igreja de Sardes estava praticamente morta espiritualmente, mesmo mantendo sua aparência de riqueza, fama, poder para a cidade. Tal aparência não poderia mais agregar em diferença na vida dos habitantes, pois o que transforma vidas não são templos, nem riquezas, mas a presença de Jesus que se manifesta através de cristãos avivados e apaixonados por Ele.

Tal igreja vivia de glórias e experiências do passado, mas já não tinham mais nenhuma glória no presente e não almejavam ter no futuro! Se tornaram uma igreja museu, pois só sabiam viver e se alegrar com seu passado. Era uma igreja semelhante ao sal que perdeu seu sabor e como a luz que deixou de brilhar e estava praticamente chegando ao ponto de se tornar totalmente inútil, tanto para Jesus, como para a sociedade. O maior problema dessa igreja, era que, mesmo eles estando vivendo em decadência espiritual, não se enxergavam assim, pois ainda acreditavam ser eles uma igreja viva e relevante.

Jesus diz a eles para caírem na real e pararem de ser ver como cristãos vivos, mas mortos, pois sua postura diante dEle, deles mesmos e da sociedade era de uma igreja sonolenta e fraca, que já estava praticamente morta, faltando muito pouco para sua morte total. Jesus estava dando uma última oportunidade para que fizessem o que a própria cidade não fez e por isso foi destruída: não tapou as brechas impedindo inimigos de entrar.

Assim como esse soldado de forças inimigas, ficou vigiando e esperando o momento de atacar Sardes através do buraco na muralha, assim Jesus permitiria o diabo atacar essa igreja caso não se arrependessem.

Os cristãos dessa comunidade estavam sendo chamados por Jesus para reconhecerem seus pecados e se arrependerem, semelhante ao orgulhoso Naamã, que mesmo sendo um forte líder, precisou se banhar sete vezes no rio Jordão diante de todos para finalmente ser curado.

Porém, nessa igreja, ainda tinha os fiéis, que semelhante ao apóstolo João e ao pastor Melitão, seguiam vivendo em pureza e santidade e esses seriam os salvos depois da morte física, vestindo no céu uma roupa de imortalidade e perfeição total, onde eternamente viverão ao lado de Deus no céu e serão elogiados por Ele aos anjos que lá habitam.

Pastor da Igreja Aviva Panambi, Bacharel em Teologia, Pós Graduado em Liderança Exemplar, especialista em Aconselhamento Pastoral e Libertação e Cura, Escritor com dois livros lançados, Músico e Compositor. É casado com Cíntia Stürmer e pai do Benjamin e Natanael.

Trending