‘Supernanny’ alerta: pais devem ensinar limites aos filhos

A relação entre pais e filhos continua sendo uma das mais influentes na formação humana. Para muitas famílias cristãs, no entanto, o desafio de equilibrar autoridade e afeto permanece uma questão recorrente. Dúvidas sobre como estabelecer limites, manter o diálogo e aplicar a disciplina de maneira bíblica têm levado muitos pais a se perguntarem: “qual é o limite saudável entre exercer autoridade e não escorregar para o autoritarismo?”

De acordo com a educadora Cris Poli, conhecida nacionalmente pelo trabalho como Supernanny e atual coordenadora pedagógica da Escola do Futuro Brasil, essa distinção está no modo como a autoridade é vivida no dia a dia. “Os pais são autoridade na vida dos filhos, sem dúvida. Mas essa autoridade não deve ser imposta pela força, ela deve ser conquistada com amor e limites”, afirmou em entrevista à revista Comunhão.

‘Exemplo arrasta’

Segundo Cris Poli, o comportamento dos pais tem um impacto maior do que seus discursos: “Os filhos são atentos observadores e imitadores das atitudes dos pais”, declarou. Para ela, o exemplo vivido dentro de casa é o que molda o caráter das crianças e adolescentes, servindo como base para sua vida moral, emocional e espiritual.

Estudos da Sociedade Brasileira de Pediatria corroboram essa visão. Pesquisas indicam que crianças que crescem em ambientes com modelos coerentes de conduta tendem a desenvolver comportamentos semelhantes na vida adulta.

Amor é disciplina

Cris Poli destaca que a autoridade cristã não se confunde com permissividade. Para ela, o equilíbrio entre amor e limites é essencial na formação de filhos conscientes. “O amor que, em equilíbrio com os limites, educa os filhos. Não é um amor permissivo, mas é um amor equilibrado com autoridade e responsabilidade”, explicou.

Essa combinação, segundo a educadora, gera frutos como a honra aos pais e a obediência voluntária: “A honra aos pais é consequência desse equilíbrio. Não é tarefa fácil, mas é necessária”, afirmou.

Escrituras

A autoridade exercida com responsabilidade, segundo a educadora, precisa estar alicerçada na Palavra de Deus. “Não são atitudes ou regras ou decisões arbitrárias que podem mudar dependendo das circunstâncias ou do humor dos pais”, apontou. Ela acrescenta que a autoridade paternal deve se basear em valores imutáveis que “apontam para honrar a Deus, em primeiro lugar, e aos pais, separados por Deus com o propósito eterno de educar os filhos no amor e temor do Senhor”.

A orientação bíblica sobre o papel dos pais aparece em passagens como Deuteronômio 6:6-7, que instrui: “Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos e delas falarás sentado em tua casa, andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te”.

O lar e o ensino

Cris Poli enfatiza que o ensino de virtudes cristãs ocorre nas pequenas interações diárias. “(Pais ensinam) vivendo, praticando, interagindo, conversando, usando situações e até momentos de correção para trazer esses princípios exemplificando com a Palavra de Deus”, orientou. Segundo ela, os cultos domésticos também são recursos preciosos para essa formação contínua.

Em vídeo publicado no YouTube, intitulado Autoridade X Autoritarismo, a educadora resume a essência da liderança no lar: “Autoridade é uma coisa que está com você, que você precisa conquistar, que precisa ser exercida. E as crianças reconhecem as pessoas que têm autoridade”.

Vigilância constante dos pais

O equilíbrio entre firmeza e afeto, segundo especialistas e pastores, exige vigilância constante. Exercer autoridade não significa suprimir o diálogo, nem abrir mão de regras claras. A diferença está no coração com que se conduz a família. Conforme destacou Cris Poli, é necessário liderar “com humildade, coerência e respeito mútuo”.

A Escritura reforça essa perspectiva em Provérbios 22:6: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”.