Na noite de 14 de abril de 2025, três crianças morreram e outras cinco foram hospitalizadas após consumirem doces envenenados com material destinado ao abate de cães de rua, em Qila Sahib Singh, uma comunidade predominantemente cristã nos arredores de Hafizabad, na província do Punjab, Paquistão.
O incidente ocorreu poucos dias antes da celebração da Páscoa e atingiu uma vizinhança formada principalmente por trabalhadores sanitários.
De acordo com o First Information Report (FIR), registrado pela polícia com base na denúncia de Shahbaz Masih, morador local, os doces envenenados teriam sido distribuídos por indivíduos ainda não identificados. “Todas as oito crianças adoeceram gravemente após consumirem os doces envenenados e foram imediatamente levadas ao Hospital Distrital de Hafizabad”, afirma o boletim.
“Três crianças — Danish, de 10 anos, David Shehzad, de 7 anos, e Samson, de 8 anos — morreram, enquanto as cinco crianças restantes foram transferidas para o Hospital Infantil de Lahore devido ao estado crítico”.
Os nomes das crianças sobreviventes, também incluídos no FIR, são: Aatishna (10), Harry (8), Kailash (10), Shehroz (7) e Shalom (10). O caso foi registrado com base nos artigos 302 (homicídio) e 337-J (administração de substância venenosa) do Código Penal do Paquistão. Um comunicado do Hospital Distrital de Hafizabad confirmou as mortes e o encaminhamento dos sobreviventes: “Duas crianças foram recebidas mortas, uma morreu durante o tratamento, e as outras cinco foram posteriormente levadas ao Hospital Infantil em Lahore”.
Possível negligência
Apesar das suspeitas iniciais de ação criminosa deliberada, informações apuradas pelo Christian Daily International indicam que o incidente pode ter sido resultado de uma falha grave de um agente sanitário. Segundo o parlamentar cristão Ejaz Alam Augustine, membro da Assembleia do Punjab, o doce envenenado estava pendurado em um riquixá estacionado, de onde foi retirado pelas crianças.
“Entrevistei individualmente as três crianças que recuperaram a consciência, e todas me disseram que comeram o doce de um saco transparente pendurado em um riquixá”, relatou Augustine em entrevista. “Um dos meninos falecidos abriu o saco e convidou os outros a se juntarem. Assim que comeram, começaram a desmaiar, um após o outro”.
O legislador afirmou que os doces continham veneno utilizado para matar cães vadios, distribuído pela Corporação Municipal de Hafizabad. “Este doce foi entregue a um agente sanitário para ser espalhado nas ruas, mas foi deixado no riquixá de forma negligente”, declarou.
Augustine também confirmou que duas das crianças sobreviventes permanecem em estado crítico, com danos graves nos pulmões causados pelo veneno: “Os médicos estão fazendo o possível para salvar as vidas inocentes. Todos nós precisamos orar por essas crianças. Que Deus as abençoe com vida e uma recuperação completa dos efeitos do veneno”.
Apelos por justiça
A campanha de envenenamento de cães de rua, segundo Augustine, é uma prática oficial no Paquistão e utiliza substâncias químicas de acesso restrito: “Há uma unidade de extermínio de cães em cada município do Paquistão, composta por agentes sanitários”, explicou. Organizações de defesa dos animais, no entanto, há anos criticam a prática e recomendam alternativas como a castração e esterilização dos animais.
Augustine acusou a Corporação Municipal de Hafizabad de tentar encobrir a identidade do supervisor responsável por distribuir o doce contaminado. “Este trágico incidente foi causado por pura negligência, pela qual os responsáveis devem ser punidos conforme a lei”, declarou. “Este incidente deve ser investigado minuciosamente para evitar que uma tragédia como essa aconteça novamente”.
Comoção
Imagens divulgadas em redes sociais mostram dezenas de cristãos reunidos em frente ao hospital em Lahore, clamando por justiça e socorro. A comoção tomou conta da comunidade de Qila Sahib Singh, especialmente por ocorrer às vésperas da Páscoa, um período de especial significado para os cristãos locais.
Até o momento, as autoridades não divulgaram os nomes dos responsáveis diretos pela distribuição do veneno, e o inquérito policial segue em andamento. A comunidade aguarda respostas das autoridades e reforça os pedidos por orações e apoio às famílias enlutadas, conforme relatado pelo The Christian Post.