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O que falta e o que sobra na Páscoa? Nicodemus e Hernandes explicam

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O que falta e o que sobra na Páscoa? Nicodemus e Hernandes explicam

A Páscoa, data central do calendário cristão que celebra a ressurreição de Jesus Cristo, tem seu significado progressivamente ofuscado por símbolos comerciais como ovos de chocolate e coelhos, segundo alertam líderes evangélicos. Em entrevistas, os pastores Hernandes Dias Lopes e Augustus Nicodemus discutiram a tensão entre a tradição religiosa e o avanço do consumismo.

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Raízes bíblicas

A celebração cristã da Páscoa tem origem na Páscoa judaica, o Pessach, que remonta à libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, conforme descrito no livro do Êxodo. Na ocasião, cada família sacrificava um cordeiro sem defeito, cujo sangue, aplicado nos umbrais das portas, protegeu os hebreus da décima praga — a morte dos primogênitos.

De acordo com a tradição cristã, esse evento é entendido como uma prefiguração do sacrifício de Jesus Cristo, referido por João Batista como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29). A crucificação de Jesus ocorreu durante a Páscoa judaica e, segundo os evangelhos, Ele ressuscitou ao terceiro dia.

“O sangue de Cristo traz perdão e vida eterna”, afirmou Hernandes Dias Lopes. “Foi durante a Páscoa que Jesus foi crucificado e, ao terceiro dia, ressuscitou, derrotando a morte”.

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Simbolismo moderno

Pastores e teólogos alertam que elementos como coelhos e ovos de chocolate, vinculados historicamente a cultos de fertilidade pagãos, foram incorporados à celebração por influência cultural e interesses comerciais.

“Substituíram o Cordeiro pelo chocolate e a redenção pelo consumo”, declarou Lopes. De acordo com dados do Procon-SP, as vendas de ovos de Páscoa no Brasil movimentaram R$ 3,2 bilhões em 2023, evidenciando a dimensão econômica da data.

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Augustus Nicodemus observou que esses símbolos “nada têm a ver com a Páscoa judaica ou cristã”. Em sua avaliação, os cristãos podem adotar uma de três posturas:

  • Rejeitar os elementos comerciais, considerando-os seculares;

  • Aceitá-los como parte da cultura nacional, sem atribuição religiosa;

  • Ressignificá-los, usando-os como oportunidade para enfatizar o sentido original da data.

A ressurreição

No contexto evangélico, a Páscoa não é considerada um dia santo no calendário litúrgico, mas o domingo da ressurreição ocupa lugar central na fé: “Sem a ressurreição, a morte de Cristo seria em vão”, explicou Nicodemus. “Ela comprova que Ele é o Filho de Deus e que Seu sacrifício redime os que creem”.

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Ele destacou que a semana santa deve relembrar os eventos centrais da paixão de Cristo, como a última ceia, instituída durante o Pessach, a crucificação e a vitória sobre a morte: “A ressurreição é a garantia da esperança cristã”, afirmou.

Conflito cultural

Enquanto igrejas promovem cultos e encenações da Via Sacra, o comércio amplia promoções de produtos sazonais. Em 2024, uma pesquisa do Datafolha revelou que 68% dos brasileiros associam a Páscoa principalmente a chocolates, enquanto apenas 29% a vinculam a motivos religiosos.

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Para Hernandes Dias Lopes, é necessário “relembrar o essencial: Cristo não está no túmulo. Ele vive, e essa é nossa maior celebração”.

Práticas propostas por líderes evangélicos

Em resposta ao avanço da secularização, pastores incentivam ações que resgatem o significado teológico da data, como:

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  • Participar de cultos voltados à ressurreição de Cristo;

  • Estudar passagens bíblicas relacionadas, como Êxodo 12 e 1 Coríntios 15;

  • Dialogar com familiares e crianças sobre o verdadeiro sentido da Páscoa.

Tendência global

O contraste entre fé e consumo não é exclusivo do Brasil. Segundo pesquisa do Pew Research Center, realizada em 2023, 54% dos adultos nos Estados Unidos consideram a Páscoa uma data cultural, não religiosa, de acordo com informações da revista Comunhão.

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